O Partido Liberal Social (PLS) apresentou, nesta quinta-feira, a primeira grande iniciativa da sua campanha à Câmara do Porto: um programa municipal voltado à prevenção da adição ao jogo. O cabeça de lista, Luís Tinoco Azevedo, defende que a cidade use os recursos de comunicação já disponíveis para divulgar informações claras sobre os perigos do vício e, em seguida, oferecer apoio psicológico a quem desejar abandonar o hábito.
Estratégia municipal contra a dependência
O ponto de partida da proposta é um estudo elaborado para o Conselho Económico e Social, conduzido pelos acadêmicos Luís Aguiar-Conraria e Pedro Morgado. A pesquisa aponta que as camadas com menor renda e escolaridade representam a parcela mais vulnerável ao problema. Segundo Azevedo, o objetivo não é restringir o direito de cada um apostar, mas garantir que “cidadãos informados tomem melhores decisões”.
Para isso, o PLS sugere aproveitar os painéis digitais utilizados pela prefeitura em campanhas culturais. A ideia é reservar espaço nesses dispositivos para exibir recomendações, dados estatísticos sobre a probabilidade real de ganho em raspadinhas e avisos sobre transtornos mentais associados ao jogo compulsivo. O material incluirá também orientações sobre onde buscar ajuda.
Na sequência, o candidato planeja estruturar uma rede municipal de suporte. O projeto prevê sessões de aconselhamento psicológico financiadas pela autarquia, com prioridade para residentes em situação de vulnerabilidade financeira. “O vício atinge não apenas o bolso, mas a saúde mental do apostador e de sua família”, observou o cabeça de lista.
Além da vertente preventiva, a proposta se encaixa no pilar “qualidade de vida” do programa liberal, que se soma a outras quatro linhas estratégicas ainda não detalhadas publicamente. Todas serão apresentadas até a primeira semana de setembro, conforme comunicado da coordenação da campanha.
Saúde mental digital em foco
Outro tópico destacado pelo PLS trata da exposição de crianças e adolescentes a redes sociais e smartphones. Para Azevedo, a “mega experiência coletiva” de manter dispositivos conectados 24 horas por dia já produz efeitos negativos mensuráveis na concentração, no sono e na autoestima de jovens. A candidatura apoia integralmente as recomendações da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, que orienta controle rígido de tempo de tela e filtros de conteúdo.
Dentre as medidas propostas, estão:
- Divulgar, em todas as escolas municipais, protocolos de uso consciente de tecnologia.
- Integrar as orientações aos mesmos painéis digitais que alertarão sobre o jogo.
- Promover workshops com pais e educadores para uniformizar regras dentro e fora das salas de aula.
A campanha argumenta que o município pode agir com firmeza sem afrontar liberdades individuais, pois a decisão final permanece nas mãos das famílias. A função da gestão pública, segundo o PLS, restringe-se a informar e a criar condições para escolhas saudáveis.
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Imagem: Internet
Cenário eleitoral
O pleito municipal acontece em 12 de outubro. Além do PLS, concorrem Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU), Nuno Cardoso (Porto Primeiro), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), Filipe Araújo (independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN) e Maria Amélia Costa (PTP).
Atualmente, o Executivo é formado por uma maioria ligada ao movimento de Rui Moreira, que conta com seis vereadores, além de uma vereadora independente. O PS dispõe de dois assentos, o PSD de dois, a CDU de um e o BE de um.
Com a agenda centrada em responsabilidade individual, informação transparente e apoio psicológico pontual, o PLS busca se diferenciar dos adversários, apostando na combinação de ações educativas de baixo custo com ferramentas tecnológicas já existentes.
Para aprofundar as principais movimentações na esfera pública, leia também nossa seção de Política.
Em síntese, a candidatura liberal aposta numa intervenção municipal focada em esclarecimento e suporte, sem recorrer a restrições severas. A campanha acredita que elevar o nível de informação do cidadão é o caminho mais eficaz para mitigar problemas associados ao jogo e ao uso excessivo de telas. Acompanhe nossos próximos artigos e fique por dentro dos desdobramentos até o dia da eleição.
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