Um cruzamento de dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) movimentou cerca de R$ 2 bilhões entre 2024 e 2025, grande parte proveniente de descontos diretos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.
Descontos compulsórios garantem receita bilionária
Fundada na década de 1960 e historicamente alinhada a PT, MST e demais organizações de esquerda, a Contag consolidou um sistema de arrecadação praticamente sem risco. Por meio de convênios oficiais, o sindicato retém mensalidades automaticamente nos contracheques de beneficiários rurais, mesmo quando o filiado não concede autorização formal. O modelo oferece três vantagens decisivas: fluxo de caixa previsível, ausência de concorrência e respaldo legal para a cobrança.
Em números absolutos, os repasses ultrapassam a arrecadação de muitas empresas do agronegócio. A entidade, no período analisado, registrou aporte médio anual de R$ 2 bilhões sem necessidade de investir em inovação, pesquisa ou expansão de mercado. A operação confirma o que especialistas classificam como “capitalismo de compadrio”, em que o Estado atua como garantidor de receita para estruturas politicamente bem conectadas.
Relatos de beneficiários mostram que grande parte sequer sabe que financia o sindicato. Ao perceber o desconto, o aposentado precisa enfrentar trâmites burocráticos para cancelar a cobrança. Até lá, a contribuição compulsória continua a irrigar os cofres da confederação.
Coaf aponta indícios de lavagem de dinheiro
O relatório obtido pela fiscalização federal detalha movimentações atípicas em abril de 2025. Em um único mês, R$ 46 milhões foram transferidos a terceiros sem vínculo comercial identificado. Parte do montante circulou por meio de cheques-viagem, instrumento pouco usual em transações corporativas contemporâneas, mas ainda prático para saque em regiões de fronteira.
Auditores consideram o padrão semelhante a manual de ocultação de patrimônio: fracionamento de valores, recursos em espécie e destinatários com baixa rastreabilidade. A Contag nega qualquer irregularidade e atribui as operações a “obrigações estatutárias”. Ainda assim, não apresentou documentação que comprove a natureza dos repasses ou a prestação de serviços correspondente.
A ausência de transparência levanta suspeitas adicionais. O Estatuto Social da confederação prevê publicação de balancetes e demonstrativos, mas os arquivos exibem falhas de detalhamento. Os indicadores não permitem identificar a origem exata das receitas nem a destinação dos gastos, dificultando a ação de órgãos de controle.
Sindicalismo como negócio protegido
Ao contrário de startups que dependem de capital de risco, o modelo sindical possui vantagens competitivas inatingíveis no mercado privado. O sistema de custeio compulsório foi fortalecido por legislações favoráveis desde os anos 2000. Assim, mesmo em cenário de retração econômica, a receita permanece estável, tornando-se fonte segura de poder político e financeiro.
Analistas observam que o setor sindical é o raro segmento que cresce sem produzir bens ou serviços. O poder de lobby garante convênios, isenções e repasses federais. Quando investigações avançam, dirigentes alegam perseguição ideológica, recurso que, historicamente, consegue retardar processos administrativos e judiciais.
O caso Contag se soma a outras siglas — Sindnapi, AAPEN, AAPB, Ambec e Unaspub, entre outras — que adotam mecanismo semelhante. Todas exploram a mesma brecha: cobrança automática respaldada por convênios com órgãos públicos. A fragilidade regulatória favorece a proliferação de entidades e a dificuldade em medir o real número de associados ativos.


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Imagem: Gazeta do Povo
Próximos passos da fiscalização
O Coaf encaminhou as informações ao Ministério Público Federal, que estuda a abertura de inquérito para apurar possível lavagem de dinheiro e apropriação indébita. A Procuradoria deverá requisitar documentos bancários, contratos de consultoria e listas de beneficiários para comparar o valor descontado com a base real de filiados.
No Congresso, parlamentares da oposição articulam proposta para submeter convênios sindicais a licitação e exigir autorização expressa em cartório para qualquer desconto. O objetivo é romper o monopólio financeiro mantido por organizações que, segundo os autores do projeto, vivem de parasitar renda de aposentados.
Enquanto o debate avança, aposentados seguem arcando com mensalidades que chegam a comprometer parcela sensível de benefícios já apertados pela inflação. Caso o Ministério Público confirme irregularidades, dirigentes poderão responder por peculato e organização criminosa, com bloqueio de bens e devolução de valores.
Para quem acompanha o tema, o episódio reforça a necessidade de reformas que limitem o poder de sindicatos de descontar valores automaticamente. Transparência e concorrência surgem como antídotos para práticas que se perpetuam graças ao amparo estatal e à falta de fiscalização efetiva.
Caso queira aprofundar o acompanhamento sobre movimentações semelhantes no cenário político, acesse nossas últimas análises políticas.
Em resumo, o relatório do Coaf expõe um círculo de arrecadação compulsória, operações financeiras suspeitas e dependência de respaldo governamental. Acompanhe nossos próximos artigos e compartilhe este conteúdo para ampliar o debate sobre transparência nos sindicatos.
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