Lead – À medida que o calendário eleitoral avança, partidos de direita e centro-direita intensificam conversas para construir uma candidatura capaz de enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, enquanto medem até onde dependerão do capital político de Jair Bolsonaro, hoje inelegível.
A necessidade de um nome competitivo
Dirigentes de siglas oposicionistas concordam que o primeiro desafio é encontrar um candidato com densidade eleitoral suficiente para alcançar o segundo turno. Governadores como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ratinho Júnior (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás) surgem como opções naturais. Todos carregam agendas econômicas liberais, perfil gerencial e apoio expressivo em seus estados.
Nos bastidores, porém, o fator Bolsonaro permanece central. Pesquisas internas atribuem ao ex-presidente entre 20% e 30% do eleitorado, índice considerado decisivo para qualquer candidatura que deseje superar Lula. Por isso, mesmo lideranças que criticaram o antigo governo reconhecem que o aval bolsonarista pode selar a viabilidade de um palanque conservador.
Apesar da inelegibilidade, Jair Bolsonaro mantém interlocução direta com Tarcísio e Zema. Ratinho Júnior, filiado ao PSD, também observa o movimento, mas seu partido cogita lançar Eduardo Leite, alinhado ao centro. Essa possibilidade conta com simpatia de setores que rejeitaram Bolsonaro em 2022, os chamados “direita limpinha” e “isentões”, interessados em uma terceira via sem associação direta ao ex-chefe do Executivo.
Resistências e disputas internas
A formação de um bloco anti-Lula enfrenta obstáculos. Correntes que antagonizam o bolsonarismo admitem compor com a direita apenas se o candidato escolhido se afastar publicamente do ex-presidente. Essa exigência esbarra na realidade eleitoral: isolamento de Bolsonaro tende a fragmentar o campo conservador ainda mais, reduzindo as chances de vitória no segundo turno.
Do outro lado, a ala mais ideológica do bolsonarismo defende candidatura própria caso o favorito não incorpore as pautas do movimento. O deputado Eduardo Bolsonaro, radicado nos Estados Unidos, estimula essa possibilidade. Caso se torne inelegível, ele cogita apoiar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou o senador Flávio Bolsonaro. Essa estratégia procura preservar a identidade do grupo, mas pode dividir votos e favorecer a continuidade do lulopetismo.
Líderes experientes avaliam que múltiplas candidaturas no primeiro turno podem ter efeito positivo: ampliam o espaço de crítica ao governo federal e reduzem a concentração de ataques petistas em um único adversário. A condição, contudo, é um pacto para que os derrotados apoiem o nome oposicionista mais bem colocado na etapa decisiva.
Cenários para o segundo turno
Na hipótese mais provável, Lula buscará a reeleição com a máquina pública a seu favor. Para superá-lo, a coalizão de direita precisará de convergência programática mínima: responsabilidade fiscal, segurança jurídica e defesa de valores conservadores. Analistas ressaltam que a ausência de unidade em 2018 e 2022 fortaleceu o campo progressista no Congresso; repetir o erro em 2026 inviabilizaria qualquer agenda reformista.
Representantes do PSD, União Brasil e Novo insistem que o melhor caminho envolve candidatura capaz de dialogar com eleitores de centro. Já integrantes do PL, partido de Bolsonaro, consideram esse discurso insuficiente, lembrando que o lulismo mantém base fiel que dificilmente migrará sem forte mobilização do campo à direita.
A tensão deverá crescer até o início oficial das convenções. Enquanto isso, governadores testam popularidade em eventos regionais, medem impacto de políticas estaduais e observam a reação do eleitorado ao governo federal. A performance econômica, o controle da inflação e a segurança pública servirão como termômetro para moldar a narrativa oposicionista.


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Imagem: Ricardo Stuckert
Próximos passos
Com três anos pela frente, o cronograma de definições passa por marcos específicos: janelas partidárias, prazos de filiação e, sobretudo, o julgamento definitivo dos processos que envolvem Bolsonaro e seus aliados. Caso o Tribunal Superior Eleitoral reverta a situação do ex-presidente, a configuração muda por completo. Caso contrário, a bênção do ex-mandatário – ainda que indireta – deve continuar sendo moeda política poderosa.
Até lá, grupos contrários ao PT seguirão pressionados a superar divergências pessoais e calcular a melhor composição. Em visita recente ao Congresso, parlamentares do PL defenderam “fala única” em temas econômicos, enquanto colegas do PSD chamaram atenção para a necessidade de “respeitar diferenças” e mirar na rejeição a Lula.
Entre aliados, permanece a lembrança de 2022, quando parte da centro-direita optou por neutralidade no primeiro turno e terminou apoiando Lula na fase final – movimento que até hoje gera críticas entre eleitores conservadores. A memória recente funciona como alerta: se a oposição não firmar pacto antecipado, pode repetir o roteiro e facilitar nova vitória petista.
No cenário atual, portanto, a equação passa inexoravelmente pelo cálculo de quanto o carisma de Bolsonaro ainda mobiliza votos e de como unificar correntes que, embora discordem em estilo, convergem no objetivo de encerrar o ciclo lulopetista em 2026.
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Em resumo, a oposição testa alianças, mede o peso de Bolsonaro e busca um programa mínimo para disputar o Palácio do Planalto. Siga nossa cobertura e receba atualizações diárias sobre os bastidores da corrida presidencial.
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