Brasília, 1º set. 2025 – O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer entre 0,2% e 0,5% no segundo trimestre, sinalizando perda de fôlego após um início de ano aquecido. A desaceleração reflete principalmente a taxa Selic em 15% e o tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre importações do Brasil desde julho, fatores que contaminam a inflação global e limitam cortes de juros.
Juro alto trava consumo e investimento
Apesar de o mercado de trabalho exibir desemprego historicamente baixo de 5,8%, o consumo das famílias já não avança no mesmo ritmo. Bens dependentes de crédito, como veículos e eletrodomésticos, sentem o peso de empréstimos encarecidos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), os investimentos, que tinham saltado 9,1% no primeiro trimestre, devem recuar, levando a taxa de investimento de 19,3% para 18,7% do PIB.
Na indústria, o quadro é desigual. A transformação projeta o segundo trimestre consecutivo de queda, com retração interanual de 0,6%, segundo estimativas do Itaú. Já a extrativa, sustentada pelo petróleo, pode ter alta de 4,3%, conforme a XP Investimentos. O setor de serviços, responsável por mais de 70% da economia, ainda expande, mas mostra fadiga. A agropecuária, que puxou o crescimento no início de 2025, mantém avanço de 9,8% na comparação anual, porém sem o impulso excepcional visto anteriormente.
Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB do FGV Ibre, afirma que a perda de ritmo decorre da “ausência da forte contribuição do agro e do efeito retardado dos juros elevados”.
Tarifas dos EUA ampliam pressão inflacionária
No exterior, o Federal Reserve enfrenta inflação persistente e mercado de trabalho em desaceleração. A inflação ao produtor norte-americana saltou 0,9% em julho, impactada pelo aumento de tarifas sobre produtos brasileiros. Com isso, o Fed deve promover cortes de juros mais lentos, iniciando possivelmente com 0,25 ponto em setembro.
Para o Brasil, juros elevados nos Estados Unidos dificultam a redução da Selic. A ofensiva tarifária, além de encarecer exportações, alimenta pressões inflacionárias internas, elevando o custo de insumos importados e reduzindo margens das empresas nacionais.
Risco fiscal mantém Copom cauteloso
O Comitê de Política Monetária tende a preservar a Selic em 15% nas próximas reuniões. Mesmo com inflação interna em desaceleração, a autoridade monetária aguarda sinal mais claro do cenário externo e da trajetória fiscal.
Nesse ponto, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 projeta déficit primário de R$ 30,9 bilhões, frustrando a meta de equilíbrio. O Banco Inter calcula que, com aumento de carga tributária e ano eleitoral, o déficit pode alcançar 0,7% do PIB. Para a economista-chefe Rafaela Vitória, “a expectativa de inflação de 3,6% em 2027 exige manutenção de política monetária restritiva por período prolongado”.
Com crescimento modesto, juros ainda altos e déficit persistente, a dívida pública avança. Sem espaço para ampliar gastos, o governo fica restrito à disciplina orçamentária. Quem acompanha a cobertura política nota que o ambiente de incerteza fiscal reforça a cautela dos investidores.


IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada




Imagem: Gabriel Rosa
Setores sentem reflexo imediato
No comércio, a combinação de renda pressionada e crédito caro provoca redução nas vendas de bens duráveis. Concessionárias relatam queda na procura por automóveis zero quilômetro, enquanto redes varejistas adiam planos de expansão. Na construção civil, a taxa de financiamento imobiliário se mantém elevada, inibindo lançamentos e a absorção de unidades.
Empresas exportadoras revisam estratégias para contornar as novas tarifas. Parte migra etapas da produção para países sem sobretaxa, e outra busca novos mercados. Ainda assim, a transferência dos aumentos de custo ao consumidor final é limitada, comprimindo margens e impactando resultados trimestrais.
Perspectivas até o fim do ano
Analistas veem 2025 encerrar com crescimento pouco acima de 2%, já descontada a perda de velocidade nos trimestres finais. A normalização da agropecuária reduz o impulso observado no início do ano, enquanto a indústria depende de redução dos juros para reagir de forma consistente.
No curto prazo, o foco dos agentes econômicos está no comportamento da inflação global e na capacidade do governo de apresentar medidas concretas de ajuste fiscal. Qualquer sinal de flexibilização prematura da política monetária pode ser revertido caso o cenário externo se deteriore.
Em síntese, o Brasil entra no segundo semestre em ritmo mais lento, sujeito a juros elevados e incerteza fiscal, enquanto as barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos adicionam um desafio extra à retomada. A economia terá de equilibrar prudência monetária e responsabilidade nas contas públicas para preservar a confiança de investidores e consumidores.
Continue acompanhando os desdobramentos econômicos e políticos para entender como essas variáveis influenciarão decisões de investimento e planejamento financeiro.
Para informações oficiais e atualizadas sobre política brasileira, consulte também:

Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS


Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no Geral de Notícias, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!