Brasília, 3 de setembro de 2025 – A defesa do general Walter Braga Netto acusou o tenente-coronel Mauro Cid de “mentir descaradamente” em sua delação premiada e pediu a anulação do acordo durante a sessão do Supremo Tribunal Federal que julga a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O advogado José Luís Lima argumentou que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi coagido pela Polícia Federal, sustentando que áudios vazados reforçam essa tese. Ele também questionou a legalidade de o relator Alexandre de Moraes ter proibido a gravação da acareação entre Braga Netto e o delator.
Acusações de mentira e coação
Segundo Lima, Mauro Cid apresentou versões contraditórias ao longo do processo e teria “inventado narrativas” para obter benefícios judiciais. O defensor citou conversas divulgadas pela imprensa em que o tenente-coronel admite ter sofrido pressão durante os interrogatórios. Para a defesa, essas supostas contradições inviabilizam o uso da delação como prova.
O advogado também atacou a credibilidade de Cid ao afirmar que o militar “mente nesta Corte e nos autos”, classificando-o como “irresponsável”. Ao mesmo tempo, criticou o Ministério Público por basear a acusação em relatos que, segundo ele, carecem de respaldo documental robusto. “Não se pode condenar alguém com base em narrativas frágeis e prints adulterados”, afirmou, referindo-se a oito capturas de tela que teriam sido descontextualizadas.
Lima questionou ainda a ausência de registro audiovisual da acareação realizada em junho. Para ele, a decisão inédita de Moraes fere o princípio da publicidade processual e impede a verificação de eventuais contradições do delator. “Não posso reproduzir as expressões do colaborador porque não há gravação. Isso fragiliza nosso direito de defesa”, declarou.
Provas volumosas e cerceamento de defesa
Outro ponto levantado pela defesa foi a dificuldade de acesso aos 70 terabytes de dados reunidos pela Polícia Federal, equivalentes a cerca de 225 milhões de mensagens e áudios, além de mais de 1,2 mil aparelhos celulares apreendidos em inquéritos correlatos. De acordo com Lima, a quase totalidade desse material só foi disponibilizada dois dias antes do início da instrução, em 17 de maio. “Trata-se de uma quantidade industrial de documentos que não pôde ser analisada de forma adequada”, pontuou.
O advogado sustentou que, sem tempo hábil para periciar todo o conteúdo, fica inviável comprovar a origem e a autenticidade de mensagens atribuídas a Braga Netto. Ele enfatizou que o general é inocente e que “as supostas provas são frágeis e não se sustentam diante de uma análise técnica completa”.
Argumentos da defesa de Paulo Sérgio Nogueira
Também ouvido na sessão, o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, apresentou argumentos na mesma linha. Seu advogado, Andrew Fernandes Farias, afirmou que depoimentos do próprio Mauro Cid e do ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, afastam qualquer ligação de Nogueira com o alegado plano de golpe. “O general atuou para demover o presidente de qualquer medida de exceção”, declarou.
Farias indicou que, após a eleição, Nogueira chegou a sofrer ataques virtuais de grupos que defendiam intervenções, o que provaria sua oposição a iniciativas extremas. Ele destacou ainda que o relatório das Forças Armadas sobre o sistema de votação não apontou vulnerabilidades nas urnas eletrônicas e que não houve pressão sobre os comandantes militares para aderir a ações ilícitas em dezembro de 2022.


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Imagem: Marcelo Camargo
Questionado pela ministra Cármen Lúcia sobre o que Nogueira teria dissuadido Bolsonaro de fazer, o advogado respondeu: “Impedir o presidente de adotar medidas de exceção que violariam a Constituição”. Para a defesa, o Ministério Público baseia-se em “premissas equivocadas” e, por consequência, chega a conclusões igualmente equivocadas.
Os advogados pediram que o STF rejeite a delação de Mauro Cid, declare a nulidade das provas derivadas e absolva seus clientes. O julgamento prossegue com sustentações de outras defesas e o voto dos ministros, sem previsão de término.
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Este resumo apresenta os principais argumentos das defesas de Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, evidenciando as críticas à delação de Mauro Cid. Continue acompanhando para saber como o STF avaliará a validade dessas teses e o desfecho do processo.
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