Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, foi nomeado presidente dos Correios nesta terça-feira (16), após aprovação da Casa Civil e do Comitê de Pessoas da estatal.
Trajetória e critérios de escolha
Rondon é formado em administração e possui longa experiência no setor financeiro. No Banco do Brasil, atuou como gerente executivo da Diretoria de Governo e integrou o Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (CRIFF) como membro suplente. Com base nesse histórico técnico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por transferir a responsabilidade de conduzir os Correios, empresa vinculada ao Ministério das Comunicações, para um profissional com perfil de gestão e controle de custos.
O novo presidente substitui Fabiano Silva dos Santos, que solicitou desligamento em 4 de julho, mas permaneceu no cargo por mais de dois meses a pedido do Palácio do Planalto. A mudança de comando ocorre no momento em que a estatal registra o maior déficit desde 2022.
Resultados financeiros pressionam a estatal
Segundo o balanço corporativo mais recente, os Correios acumularam prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre de 2025. O valor representa aumento de 222% em comparação ao mesmo período de 2024, quando o déficit estava em R$ 1,35 bilhão. Apenas no segundo trimestre deste ano, o resultado negativo alcançou R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes superior aos R$ 553 milhões apurados no segundo trimestre de 2024.
A receita bruta somou R$ 8,52 bilhões entre janeiro e junho, queda nominal de 11,3% sobre o exercício anterior. O recuo foi puxado principalmente pela área internacional, impactada por mudanças regulatórias que reduziram o volume de encomendas importadas. A chamada “taxa das blusinhas”, aplicada a produtos de menor valor, foi um dos fatores que desestimularam remessas vindas do exterior.
Nesse segmento, a receita caiu 61,3%, para R$ 815,2 milhões no semestre. Ao mesmo tempo, a concorrência no mercado doméstico de entregas se intensificou, comprimindo margens e ampliando custos operacionais relacionados a logística e pessoal. A combinação de menor giro de mercadorias, despesas fixas elevadas e necessidade de investimentos em modernização sustenta o quadro deficitário desde 2022.
Metas para o novo comando
O Ministério das Comunicações definiu como prioridade reverter o prejuízo e recuperar a capacidade de investimento dos Correios. Internamente, há expectativa de ajustes nos contratos, revisão de rotas logísticas e negociação com fornecedores para reduzir despesas. Rondon também deverá apresentar, ainda neste ano, um plano de reestruturação alinhado às práticas de governança exigidas pela Lei das Estatais.
Entre as ações avalizadas pelo comitê de elegibilidade estão o fortalecimento dos serviços bancários postais, parceria com marketplaces privados para ampliar receitas e a possível alienação de ativos não essenciais. Outra frente é a digitalização de processos, medida vista como indispensável para aumentar a eficiência da cadeia de distribuição.
Contexto político e fiscal
A nomeação de um profissional do Banco do Brasil reflete a busca por maior rigor na administração de empresas públicas. O Tesouro Nacional segue pressionado por gastos obrigatórios, e a redução do déficit primário depende, em parte, do desempenho das estatais federais. Caso os Correios não revertam o resultado negativo, o governo poderá ter de aportar recursos para cobrir rombos futuros, ampliando a disputa orçamentária com áreas essenciais.


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Imagem: Marcelo Andrade
No Congresso, parlamentares já articulam audiências para acompanhar o plano de recuperação. A Comissão de Infraestrutura do Senado aprovou requerimento que estabelece monitoramento trimestral das finanças da empresa. Deputados e senadores indicaram que irão cobrar metas claras de corte de despesas, transparência e cumprimento do cronograma de modernização.
Próximos passos
Emmanoel Rondon assume imediatamente e terá até o fim do ano para apresentar resultados preliminares. A primeira demonstração financeira sob sua gestão será do terceiro trimestre, período considerado crucial para medir o impacto de vendas da Black Friday e do Natal.
O cenário, porém, permanece desafiador: disputas trabalhistas, obrigações previdenciárias e contratos de alto custo pressionam o fluxo de caixa. Sem avanços rápidos, analistas estimam que a estatal pode encerrar 2025 com déficit acima de R$ 7 bilhões.
Acompanhe outras atualizações sobre mudanças na administração federal em nossa seção dedicada a Política, onde reunimos coberturas contínuas sobre estatais e contas públicas.
Resumo: a escolha de Emmanoel Rondon sinaliza tentativa do governo de promover controle técnico nos Correios, enquanto a estatal encara prejuízo recorde e queda de receita. Continue acompanhando nossos conteúdos para saber se as metas de contenção de gastos serão cumpridas nos próximos trimestres.
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