Brasília, 19 set. 2025 – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cancelou a viagem que faria aos Estados Unidos para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembleia-Geral da ONU. A decisão foi tomada após o governo norte-americano restringir a circulação do ministro a um perímetro de cinco quarteirões entre o hotel da delegação brasileira e a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Segundo Padilha, a medida inviabilizaria compromissos paralelos e foi classificada por ele como “inaceitável”.
Limitação de mobilidade imposta pelos EUA
O visto de entrada do ministro foi concedido na quinta-feira (18), mas acompanhado de uma notificação que restringia qualquer deslocamento fora do trajeto definido pelas autoridades americanas. A limitação também se estenderia aos familiares que o acompanhassem. Com isso, Padilha ficaria impedido de participar de reuniões bilaterais agendadas em embaixadas de outros países e da Conferência da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), marcada para 29 de setembro em Washington.
“Sou ministro da Saúde do Brasil e preciso de liberdade total para cumprir cada compromisso para o qual fui convidado”, declarou Padilha em entrevista à GloboNews. O titular da pasta ressaltou que o Brasil é o segundo maior contribuinte da Opas e planejava anunciar aporte financeiro ao fundo estratégico da organização, voltado a reduzir custos de vacinas e medicamentos no continente.
A restrição imposta nesta semana soma-se à revogação dos vistos da esposa e da filha de Padilha, ocorrida no mês passado. Na ocasião, autoridades americanas justificaram a medida citando o vencimento do visto do ministro desde 2024 e sua atuação no programa Mais Médicos, iniciativa que trouxe profissionais cubanos ao Brasil e enfrentou críticas durante a gestão de Donald Trump.
Reações em Brasília e na Opas
Logo após comunicar a desistência, Padilha enviou nota à Opas relatando o episódio e pediu providências. Em Brasília, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou ter acionado o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidência da Assembleia-Geral. O chanceler classificou a exigência dos Estados Unidos como “sem cabimento, injusta e absurda”.
Vieira solicitou que a cúpula das Nações Unidas intervenha junto ao país-sede para garantir liberdade de circulação aos integrantes da comitiva brasileira. A sede da ONU fica em território norte-americano, mas as delegações costumam receber visto diplomático com poucas restrições de locomoção durante o encontro anual.
Padilha, por sua vez, afirmou que o Brasil “não se intimidará” e que a reação será “atrair investimentos” para a produção local de vacinas e medicamentos. Segundo o ministro, empresas norte-americanas do setor de saúde demonstraram interesse em expandir parcerias no país, mesmo diante da política antivacina defendida pelo ex-presidente Trump.
Impacto na agenda do governo
A ausência de Padilha altera a composição da comitiva brasileira na ONU e adia anúncios relacionados à saúde pública que seriam realizados nos Estados Unidos. O governo pretendia destacar o programa nacional de imunização e apresentar propostas de cooperação regional. Sem o ministro, as negociações deverão ser conduzidas por diplomatas e assessores técnicos.
Nos bastidores, o episódio expôs mais um atrito entre Brasília e Washington em meio à gestão Trump. A Casa Branca não comentou publicamente os motivos específicos da restrição, mas fontes do Departamento de Estado indicam preocupação com a permanência de autoridades estrangeiras cujos vistos venceram enquanto ocupavam cargos governamentais.


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Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom
Especialistas em protocolo diplomático destacam que o país-sede tem prerrogativa de autorizar ou limitar a mobilidade de visitantes, embora o costume internacional preveja tratamento amplo aos representantes de Estados soberanos durante eventos multilaterais.
Próximos passos
O Palácio do Planalto aguarda resposta formal de António Guterres antes de decidir se manterá outras agendas de saúde nos Estados Unidos. Já o Ministério da Saúde analisa a possibilidade de transferir parte dos compromissos para encontros virtuais ou para a embaixada do Brasil em Washington, caso o impasse persista.
Enquanto isso, parlamentares da oposição questionam se houve falha do governo ao não regularizar com antecedência o visto do ministro. Aliados, entretanto, reiteram que a restrição reflete um posicionamento político da administração Trump contra iniciativas vinculadas ao Mais Médicos.
Para acompanhar desdobramentos de temas semelhantes no cenário político, consulte a seção dedicada do nosso site em Política.
Em síntese, a limitação imposta pelos Estados Unidos levou à retirada do ministro Alexandre Padilha da comitiva brasileira na ONU, gerando reação imediata do Itamaraty e da Opas. Continue conosco para atualizações e análises sobre os impactos dessa decisão nas relações bilaterais e na saúde pública do continente.
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