Brasília, 21 de setembro de 2025 – Um relatório do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social contabiliza 94 milhões de brasileiros dependentes de algum benefício financeiro distribuído pela União. O número corresponde a mais da metade da população estimada do país e reforça o debate sobre os rumos da política social, suas consequências econômicas e o possível reflexo nas eleições gerais de 2026.
Assistência social em números
O levantamento oficial aponta 41,6 milhões de famílias inscritas no Cadastro Único, porta de entrada para o Bolsa Família e demais programas sociais. Considerando a média de integrantes por domicílio, chega-se ao total de 94 milhões de pessoas alcançadas por algum tipo de repasse mensal.
Os recursos destinados aos programas saem do Tesouro Nacional, abastecido pelos tributos arrecadados em todo o país. Somente em 2024, o orçamento da assistência superou R$ 200 bilhões, quantia superior ao previsto para áreas como infraestrutura e segurança pública. Técnicos do ministério justificam a cifra como necessária para garantir o mínimo de subsistência às famílias classificadas em situação de extrema pobreza.
Desde a criação do Bolsa Família, em 2003, o número de beneficiários tem oscilado, mas nunca recuou de forma significativa. O quadro atual indica crescimento mesmo após reformulações no critério de renda e na periodicidade de atualização do cadastro.
Preocupação com a dependência
Especialistas em políticas públicas alertam que o método de transferência direta, embora fundamental em emergências sociais, tende a criar um ciclo de dependência quando não acompanhado por estratégias robustas de emprego e educação. A ausência de programas que estimulem capacitação profissional e a entrada definitiva no mercado de trabalho mantém grande parcela dos assistidos sem perspectivas de autossuficiência financeira.
Analistas ainda observam que a manutenção dos repasses em patamar elevado pressiona as contas públicas e amplia a carga tributária sobre trabalhadores e empreendedores. Para 2025, a previsão do governo é de um déficit superior a R$ 130 bilhões, montante que inclui gastos obrigatórios como os benefícios sociais.
Influência no pleito de 2026
O Tribunal Superior Eleitoral projeta um eleitorado em torno de 158,6 milhões de pessoas para o ciclo eleitoral que escolherá presidente, governadores, senadores e deputados no próximo ano. Se o número atual de dependentes for mantido, cerca de 60% dos votantes receberão algum auxílio mensal até a data da votação.
O dado levanta questionamentos sobre o peso político dos programas sociais. Governistas defendem a política como ferramenta de inclusão, enquanto opositores alertam que a elevada dependência pode favorecer candidatos comprometidos em preservar ou ampliar os pagamentos, limitando o debate sobre alternativas de geração de renda sustentável.
Duas décadas de expansão
Implementada durante o primeiro mandato do Partido dos Trabalhadores em 2003, a principal política de transferência federal passou por renomeações, alterações de valores e ajustes nos critérios de elegibilidade. Ainda assim, quase vinte anos depois, o contingente de beneficiários seguiu em expansão.


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Imagem: Cristina Gral
Dados do próprio governo mostram que, em 2004, o programa atendia cerca de 6,5 milhões de famílias. Em 2010, esse total já ultrapassava 12 milhões. O registro atual de 41,6 milhões de famílias evidencia crescimento próximo de 300% em pouco mais de uma década e meia.
Economistas classificam a tendência como insustentável no longo prazo, especialmente diante da estagnação econômica observada nos últimos anos e do aumento da dívida pública. Para eles, sem crescimento consistente do PIB e reforma administrativa que contenha despesas obrigatórias, o caixa da União ficará ainda mais pressionado.
Desafios futuros
Ao mesmo tempo em que a redução de benefícios sociais sem um plano de transição poderia agravar a pobreza, a manutenção do modelo atual exige fontes permanentes de receita. Governos estaduais e municipais, que também realizam programas de auxílio, enfrentam dificuldades semelhantes, sobretudo em regiões Norte e Nordeste.
Diante desse cenário, parlamentares discutem projetos que vinculam a concessão do benefício a metas de qualificação profissional e frequência escolar. Outra proposta em análise prevê limitar o tempo máximo de permanência no programa, salvo casos específicos de incapacidade comprovada.
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O número recorde de cidadãos dependentes dos cofres públicos coloca o país diante de uma encruzilhada: aprimorar políticas de geração de emprego ou aceitar a continuidade de um modelo baseado em repasses diretos. Entenda os desdobramentos, mantenha-se informado e cadastre-se em nossa newsletter para receber análises e dados oficiais diretamente no seu e-mail.
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