A Polícia Federal encontrou o secretário de Agricultura do Maranhão, Fábio Gentil, escondendo o próprio celular dentro da pia do banheiro enquanto agentes cumpriam mandado de busca em seu apartamento, em São Luís. A ocorrência, registrada no fim de agosto, integra a Operação Lei do Retorno, que apura o desvio de verbas da Educação em diversos municípios maranhenses.
Mandado de busca revela tentativa de ocultação
Os agentes da PF chegaram ao imóvel localizado em um bairro de alto padrão na capital maranhense no início da manhã. Gentil dividia o apartamento com a namorada, a deputada estadual Daniella Jadão Meneses (PSB). Ambos são investigados por suspeita de facilitar contratos fraudulentos enquanto ele administrava a Prefeitura de Caxias, cargo exercido até janeiro de 2025.
No momento da abordagem, o secretário afirmou que o aparelho celular estaria “no carro do motorista”, estacionado fora do prédio. O argumento não convenceu os policiais, que prosseguiram com a revista interna. Ao entrar na suíte principal, os agentes localizaram o telefone escondido no compartimento inferior da pia. Segundo o relatório da PF, a manobra configurou clara tentativa de dificultar o acesso a possíveis provas armazenadas no dispositivo.
Além do celular, a equipe apreendeu aproximadamente R$ 30 mil em espécie, guardados em cômodos distintos do imóvel. Gentil afirmou que o montante seria fruto de economias pessoais.
Esquema pode ter movimentado R$ 50 milhões
A Operação Lei do Retorno investiga desvios de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). De acordo com a Polícia Federal, o esquema teria atingido cerca de R$ 50 milhões por meio de contratos direcionados a empresas previamente escolhidas. A trajetória dos pagamentos é considerada “invertida”: primeiro, representantes de firmas interessadas apresentavam propostas diretamente a servidores municipais; depois, a própria administração redigia os Termos de Referência para justificar inexigência de licitação.
Documentos apreendidos indicam que a prática se repetiu em diversas contratações durante a gestão de Fábio Gentil em Caxias. Reuniões entre o então prefeito e empresários ocorriam antes de qualquer procedimento formal.
A investigação ganhou fôlego após a Polícia Rodoviária Federal interceptar R$ 575 mil em espécie transportados em um Toyota Corolla. O veículo pertencia à mãe da deputada Daniella Meneses. Entre os ocupantes estava o tio da parlamentar, apontado como intermediário. O dinheiro, segundo a PF, seria entregue a um servidor de Caxias, responsável por repassar a propina ao casal em troca do favorecimento nos contratos.
Defesa alega sigilo e nega irregularidades
Os advogados de Gentil e Meneses divulgaram nota conjunta ressaltando que o processo corre em segredo de Justiça. A defesa diz confiar nas instituições e afirma que todos os fatos serão esclarecidos “no momento oportuno”. O casal nega qualquer participação em atos ilícitos.
Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS
Imagem: Reprodução
Até o momento, a Justiça Federal não decretou prisão preventiva nem afastamento de função pública. A PF, no entanto, sustenta que as evidências obtidas — entre elas o celular escondido, valores apreendidos e registros de comunicação — reforçam a suspeita de participação direta dos investigados.
Próximos passos da investigação
Com o material em mãos, peritos da Polícia Federal iniciaram a extração de dados do aparelho apreendido. O objetivo é identificar conversas, planilhas e eventuais registros de transações financeiras que corroborem a tese de desvio de verbas do Fundeb. Paralelamente, a Controladoria-Geral da União (CGU) revisa contratos celebrados nos últimos anos pela Prefeitura de Caxias.
Caso se confirmem as irregularidades, os investigados podem responder pelos crimes de peculato, corrupção passiva, fraude à licitação e organização criminosa. As penas somadas ultrapassam 30 anos de prisão.
Para acompanhar desdobramentos deste caso e outras movimentações no cenário político, acesse a seção de Política do nosso portal.
Em síntese, a Operação Lei do Retorno expõe indícios de um esquema estruturado para desviar recursos da educação, com contratos direcionados e pagamentos em espécie. A PF aprofunda a análise do material recolhido, enquanto a sociedade aguarda o esclarecimento completo dos fatos. Continue acompanhando nossas atualizações e mantenha-se informado.
Para informações oficiais e atualizadas sobre política brasileira, consulte também:
IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada
