A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) rejeitou, nesta quinta-feira (25), dois requerimentos de convocação considerados centrais pela oposição: o do ex-assessor parlamentar Gustavo Marques Gaspar e o do empresário Silas Bezerra de Alencar. O placar foi de 19 votos contrários e 11 favoráveis, evidenciando a força da articulação governista dentro do colegiado.
Quem são os nomes vetados pela maioria
Gustavo Marques Gaspar atuou no gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA) entre 2019 e 2023. Documentos anexados à CPMI indicam que ele outorgou procuração ao consultor Rubens Oliveira Costa — apontado como “homem da mala” do esquema — para movimentar livremente as contas da GM Gestão Ltda., empresa da qual é sócio. A autorização incluía abertura, encerramento, saques, transferências e aplicações, fator que levantou suspeitas sobre possível uso da companhia para ocultação ou lavagem de recursos desviados do INSS.
Em nota à imprensa, Weverton classificou a contratação de Gaspar como “estritamente política” e afirmou não manter vínculo profissional com o ex-assessor. Mesmo assim, a oposição insistia na oitiva para esclarecer o grau de proximidade entre ambos e esclarecer o destino de recursos sob investigação.
Silas Bezerra de Alencar é sócio-administrador da Orleans Viagens e Turismo, empresa que recebeu R$ 5,4 milhões da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares (Contag). A entidade é apontada como uma das principais beneficiárias do esquema de descontos irregulares em benefícios previdenciários. Além disso, a Orleans firmou contrato de R$ 4,4 milhões com o Supremo Tribunal Federal (STF) para emissão de passagens aéreas e serviços correlatos entre 2022 e 2023.
O STF confirmou o vínculo, destacando que o Pregão Eletrônico 47/2022 seguiu a legislação vigente e foi vencido pela proposta de maior desconto (25,01%). Mesmo assim, parlamentares queriam interrogar Alencar sobre eventuais repasses de propina ou uso da empresa para intermediar valores desviados do INSS.
Articulação governista e próximos passos
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), reconheceu que a rejeição dos requerimentos foi resultado de mobilização da base governista. Segundo ele, a maioria alegou que a comissão já possui os principais sigilos bancários, fiscais e telefônicos de envolvidos, o que reduziria a necessidade de novas convocações neste momento.
Viana minimizou impactos negativos sobre a investigação. “Os sigilos mais relevantes já foram aprovados e estão chegando à comissão”, declarou. O senador, no entanto, admitiu que a derrota atrasa o cronograma da oposição, que mira especialmente a relação de Gaspar com Weverton Rocha.
Apesar do revés, Viana revelou que o ex-assessor manifestou disposição para entregar seus dados bancários de forma voluntária. A informação foi repassada pelo deputado Kim Kataguiri (União-SP), coautor do pedido de convocação. Caso a documentação seja efetivamente encaminhada, o colegiado poderá retomar a discussão sobre o depoimento em nova sessão.
Motivações políticas em foco
Nos bastidores, parlamentares apontam que a base governista teme desgaste ao expor possíveis conexões entre estruturas sindicais e o esquema de fraudes previdenciárias. A Contag, citada diversas vezes em depoimentos e relatórios preliminares, mantém histórico de alinhamento com pautas de esquerda e integra o núcleo de apoio ao Palácio do Planalto.


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Imagem: Saulo Cruz
Ao barrar o depoimento do sócio da Orleans, governistas evitam prolongar questionamentos sobre a destinação dos R$ 5,4 milhões pagos pela Confederação. Enquanto isso, a oposição insiste que somente o interrogatório de Silas Bezerra poderia revelar quem se beneficiou dos valores transferidos e como eles circularam no sistema financeiro.
No caso de Gaspar, a defesa de Weverton afirma que não há indícios de envolvimento do senador em qualquer ato ilícito. Ainda assim, a procuração entregue ao consultor Rubens Costa reforça suspeitas de que a GM Gestão Ltda. serviu como conta transitória para recursos distribuídos ao núcleo operacional do esquema.
Com a sessão encerrada sem novas convocações, os próximos dias serão dedicados à análise de quebras de sigilo e à preparação do relatório parcial. A oposição pretende reapresentar os requerimentos caso surjam elementos adicionais que justifiquem a oitiva dos dois investigados.
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Em síntese, a rejeição dos requerimentos demonstra o peso da base governista na CPMI do INSS e adia esclarecimentos sobre a participação de aliados políticos e empresariais no esquema de fraudes previdenciárias. Siga acompanhando nossos próximos artigos e mantenha-se informado.
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