Brasília, 24 de setembro de 2024 — A expectativa de um contato direto entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump suspendeu, por tempo indeterminado, a decisão do governo brasileiro sobre possíveis medidas de retaliação comercial contra os Estados Unidos. O Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), da Câmara de Comércio Exterior (Camex), retirou o tema da pauta poucas horas antes de deliberar sobre a abertura do processo previsto na Lei da Reciprocidade.
Reunião cancelada momentos antes do discurso na ONU
O Gecex tinha reunião marcada para 10h30 da terça-feira, 23 de setembro. Na agenda: avaliar o relatório preparado pelo Ministério das Relações Exteriores que detalha o impacto econômico das tarifas impostas por Washington às exportações brasileiras e determinar se tais medidas violam regras internacionais de comércio. Caso o parecer fosse favorável, seria criado um grupo de trabalho encarregado de propor contramedidas equivalentes.
No entanto, poucas horas antes, integrantes do Palácio do Planalto solicitaram o adiamento. A justificativa foi simples e direta: evitar qualquer escalada no momento em que Lula tentava se aproximar de Trump nos bastidores da 78ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. O presidente norte-americano, ao ser abordado, sinalizou positivamente para manter diálogo com o chefe do Executivo brasileiro. A equipe diplomática considerou prudente aguardar esse possível contato antes de avançar com eventuais retaliações.
Segundo interlocutores ouvidos, o governo petista avalia que um aceno de Trump pode facilitar a solução negociada para as tarifas. Em consequência, o Itamaraty optou por “ganhar tempo” e impedir que qualquer decisão adotada às pressas crie constrangimento político nas próximas semanas.
Prazos indefinidos e cautela estratégica
A suspensão oficial foi registrada em ata interna do Gecex. O documento relata que o colegiado tomou ciência do relatório técnico já concluído e das contribuições apresentadas por vários ministérios, mas nenhuma deliberação prática ocorreu. O texto determina que o assunto retornará à mesa “em até sete dias”, prazo que poderá ser prorrogado caso Lula e Trump confirmem a conversa, prevista para ocorrer por telefone ou videoconferência.
Na prática, não há data fixada para retomar o debate. Integrantes do Executivo afirmam que o governo deseja preservar a possibilidade de diálogo direto, considerado imprescindível para evitar nova rodada de tensões na relação comercial bilateral. Além disso, o Planalto enxerga no ex-presidente republicano um potencial parceiro em temas de interesse brasileiro, desde que a comunicação seja mantida em tom cordial.
Caso a Lei da Reciprocidade venha a ser acionada, a Camex deverá abrir consulta pública e submeter as propostas de contramedidas ao Conselho Estratégico da própria câmara. O processo costuma levar meses e depende de avaliações detalhadas sobre setores afetados, impacto no emprego e observância às normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Itamaraty defende posicionamento firme, mas negociado
A solicitação original do Ministério das Relações Exteriores, enviada à Camex no fim de agosto, apontava a necessidade de “ações de resposta proporcionais” diante das barreiras norte-americanas. Técnicos do órgão alegam que as tarifas comprometem a competitividade de exportadores brasileiros e violam o princípio da não discriminação previsto na OMC.


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Imagem: Reprodução
Ainda assim, a chancelaria admite nos bastidores que qualquer decisão deve ser calibrada politicamente. Um movimento precipitado poderia resultar em represálias adicionais de Washington, reverberando em setores sensíveis da economia nacional. Por essa razão, a equipe econômica prefere aguardar o desfecho da aproximação entre os dois presidentes.
Dentro do governo, há quem enxergue no telefonema uma oportunidade de apresentar a Trump argumentos objetivos sobre como as tarifas afetam cadeias produtivas bilaterais, sem recorrer a medidas punitivas imediatas. A expectativa é que um posicionamento firme, mas acompanhado de diálogo, produza resultados mais favoráveis ao Brasil.
Próximos passos dependem de sinal político
A semana seguinte será decisiva para definir se o Planalto retomará o processo de retaliação ou se buscará uma alternativa negociada. Tudo dependerá do tom, da duração e do conteúdo da conversa entre Lula e Trump. Se ambos confirmarem o contato e demonstrarem disposição para ajustes, a Lei da Reciprocidade pode ficar em segundo plano. Se não houver progresso, o Gecex deverá reabrir o dossiê e avançar com o cronograma original.
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Em síntese, o governo optou por cautela: prefere aguardar um diálogo direto com Washington antes de acionar mecanismos de retaliação previstos em lei. Resta saber se o telefone vai tocar nos próximos dias. Continue acompanhado nossa cobertura e receba atualizações sobre os próximos passos dessa disputa comercial.
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