Roma, 29 ago. O advogado Fábio Pagnozzi, que representa a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), contestou a atuação de autoridades brasileiras ao afirmar que elas já conheciam o paradeiro da parlamentar antes de sua apresentação voluntária à polícia italiana.
Questionamento sobre a cronologia da busca
Em entrevista televisiva, Pagnozzi citou declarações anteriores do embaixador Renato Mosca, segundo as quais a Polícia Federal sabia onde Zambelli se encontrava. O defensor questionou o intervalo entre essa suposta descoberta e a entrega formal da cliente em Roma. “Se já sabiam, por que não a buscaram antes?”, indagou.
Zambelli havia deixado o Brasil após ser alvo de investigações e, nos últimos dias, permaneceu em isolamento. Segundo o advogado, ela enfrentou bloqueio de contas bancárias, suspensão de perfis em redes sociais e dificuldades para contatar familiares. A situação, relatou ele, motivou a decisão de procurar espontaneamente as autoridades italianas.
Apresentação em Roma e tramitação do pedido de extradição
A deputada compareceu à Instituição de Cultura de Roma, onde foi submetida a perguntas de praxe e ficou à disposição da polícia. Agora, o processo passa à análise do Ministério da Justiça da Itália, responsável por decidir se a extradição solicitada pelo Brasil será admitida.
Pagnozzi explicou que, nas próximas 72 horas, um juiz de garantias decidirá sobre a manutenção ou não da custódia imediata. O magistrado pode conceder liberdade provisória mediante medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica ou entrega de passaporte, até a conclusão do processo.
Argumentos da defesa
A estratégia jurídica sustenta que Zambelli não teve julgamento justo em território brasileiro. O advogado aponta a ausência de duplo grau de jurisdição e contesta a validade de depoimento prestado por um hacker, que, segundo ele, alterou a versão dos fatos em cinco ocasiões. Esses elementos serão apresentados às autoridades italianas para demonstrar, na visão da defesa, supostas violações de garantias fundamentais.

Imagem: cnnbrasil.com.br
Pagnozzi também pretende argumentar que a deputada respeitou normas locais ao se entregar e colaborou com os questionamentos preliminares, fatores que, avalia, podem favorecer um eventual pedido de liberdade até o desfecho da extradição.
Próximos passos
O processo de extradição envolve duas etapas principais. Primeiro, o Ministério da Justiça italiano verifica os requisitos formais e materiais do pedido enviado pelo Brasil. Em seguida, caso a pasta considere o pedido admissível, o caso segue para a Corte de Apelação, que decide em última instância sobre a devolução ou não da investigada.
Durante esse período, a defesa deverá apresentar documentos, traduções juramentadas e pareceres que sustentem a tese de violação de direitos. Se o tribunal aprovar a extradição, o governo italiano ainda pode ponderar fatores humanitários antes de autorizar o envio da parlamentar de volta ao Brasil.