O deputado Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, voltou a chamar atenção para a participação da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em iniciativas relacionadas ao processo eleitoral brasileiro de 2022. Segundo o parlamentar, recursos da agência americana irrigaram projetos de combate à desinformação que, na prática, teriam influenciado o ambiente político em favor de uma narrativa única.
Relatório americano já detalhava a rede de influência
A denúncia de Barros se baseia em informações tornadas públicas em outubro de 2024 pelo relatório da Civilization Works (CW), plataforma do jornalista investigativo norte-americano Michael Shellenberger. O documento descreve uma cadeia de financiamentos que, a partir de órgãos ligados ao governo Joe Biden, chegou a tribunais superiores brasileiros, veículos de imprensa alinhados à esquerda e organizações não governamentais especializadas em checagem de fatos.
Entre os projetos apontados pelo relatório estão Fair Game, Comprova e o DFRLab. De acordo com a CW, esses grupos receberam aportes da USAID e de outros fundos administrados por Washington. A justificativa oficial era “fortalecer a democracia” e “combater a desinformação”. Contudo, os autores do estudo sustentam que a verba foi usada para padronizar a cobertura jornalística, orientar decisões judiciais e restringir vozes dissonantes sob o rótulo de “discurso de ódio”.
O conteúdo do relatório indica que organizações locais e internacionais teriam conduzido treinamentos para magistrados, produzido material didático para redes sociais e realizado campanhas de mídia direcionadas a públicos específicos. Essas ações, afirma o texto, foram decisivas para moldar a percepção do eleitorado sobre temas sensíveis à disputa eleitoral de 2022.
Repercussão no Congresso Nacional
Ao retomar o tema, Filipe Barros afirmou que sua intenção é “dar transparência a uma ingerência que fere a soberania do País”. O parlamentar defende a convocação de representantes das entidades citadas, bem como de autoridades norte-americanas, para prestarem esclarecimentos oficiais na Câmara. Ele também promete encaminhar pedidos formais de documentos à chancelaria brasileira e ao Ministério da Justiça.
Líderes partidários da oposição ao governo Lula sinalizam apoio à iniciativa e cobram investigação sobre os contratos de cooperação firmados na gestão anterior do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para esses congressistas, o caso traz indícios de que houve “benefício político específico”, o que poderia configurar violação da legislação eleitoral.
Já membros da base governista minimizam as acusações e alegam que parcerias internacionais com foco em integridade eleitoral são práticas “rotineiras e legais”. Eles enxergam na mobilização de Barros uma tentativa de “desviar a atenção” das discussões econômicas em curso no Parlamento.
Barroso, sanções e o debate sobre soberania
A discussão ganhou contornos adicionais após a divulgação das sanções impostas pelo Departamento de Estado dos EUA a autoridades brasileiras, entre elas o ministro Luís Roberto Barroso. Embora o teor dessas punições não tenha sido detalhado publicamente, parlamentares veem conexão direta entre as medidas norte-americanas e as denúncias de ingerência eleitoral.
Barroso, que presidiu o TSE durante parte do período sob análise, declarou no passado ter buscado “cooperação internacional” para enfrentar campanhas de desinformação. O episódio reforça a narrativa de que, ao menos até 2022, setores do Judiciário brasileiro estavam dispostos a receber apoio externo em temas sensíveis ao processo democrático.


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Imagem: Divulgação
Próximos passos e possíveis desdobramentos
Especialistas em direito eleitoral apontam que a investigação sobre o fluxo de recursos estrangeiros pode resultar em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Para avançar, opositores precisam recolher o número mínimo de assinaturas e garantir apoio da Mesa Diretora da Câmara. Caso se confirme a origem externa do financiamento, entidades civis e partidos políticos podem peticionar a Justiça Eleitoral para reavaliar certidões de regularidade concedidas a ONGs envolvidas.
Do ponto de vista diplomático, o Itamaraty deve ser provocado a explicar em que condições a USAID atuou no País e se houve notificação formal ao governo brasileiro. A Lei nº 6.815/80 determina que missões estrangeiras devem comunicar previamente suas atividades às autoridades competentes, sobretudo quando destinadas a influenciar processos políticos internos.
Até o momento, a USAID não se pronunciou publicamente sobre as acusações específicas. O governo dos Estados Unidos, por sua vez, limitou-se a reiterar seu “compromisso histórico com a democracia brasileira”.
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Em síntese, a denúncia de Filipe Barros reacende a discussão sobre a influência de organismos estrangeiros em pleitos nacionais e pressiona o Legislativo a investigar o destino de recursos internacionais. Fique atento aos próximos desdobramentos e compartilhe este conteúdo para ampliar o debate sobre transparência eleitoral.
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