Lead. A rápida expansão da geração solar distribuída mudou o equilíbrio do setor elétrico brasileiro, gerou cortes de energia de fontes convencionais e elevou o risco de apagões, segundo dados oficiais do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Injeção de energia sem controle sobrecarrega a rede
No último Dia dos Pais, 10 de agosto de 2025, às 11 h, o consumo total no país era de 58 GW. Nesse mesmo instante, a Micro e Minigeração Distribuída (MMGD) — formada, em grande parte, por painéis fotovoltaicos instalados em residências e comércios — injetava 23 GW na rede. O excesso obrigou o ONS a cortar 90 % da produção das demais fontes para evitar instabilidade semelhante à que provocou o apagão de 15 de agosto de 2023, quando o Nordeste registrou sobra simultânea de energia solar e eólica.
A prática, chamada curtailment, tende a tornar-se rotina. O ONS projeta que, em 2029, somente 45 % da capacidade instalada estará sob sua coordenação direta. Com 90 % dos novos projetos previstos até 2030 concentrados em usinas eólicas e solares — fontes intermitentes por natureza — o operador alerta para prejuízos crescentes aos geradores despachados e novas ameaças de interrupções no fornecimento.
Modelo fragmentado, agenda verde e falta de planejamento
O setor elétrico brasileiro deixou de ser conduzido por um planejamento estatal integrado desde a abertura promovida nos anos 1990. A partir daí, prevaleceu a lógica de mercado, estimulando investimentos pontuais e pulverizados. Essa estrutura foi reforçada por incentivos regulatórios à MMGD, como a compensação de créditos de energia, que desobriga quem gera na própria unidade de pagar integralmente pelo uso da rede.
Além do sinal de preço distorcido, o quadro recebeu o impulso de políticas climáticas que privilegiam fontes rotuladas como “limpas”, sem considerar a necessidade de geração firme. O resultado é um parque elétrico cada vez mais dependente do sol e do vento, variáveis fora do controle humano, mas ainda carente de reservatórios robustos, termelétricas flexíveis ou nucleares adicionais para dar estabilidade.
No encontro de 1.º de outubro de 2025, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabeleceu grupo de trabalho para discutir a regulação de eólicas offshore. Estima-se potencial de 1.200 GW na costa brasileira — seis vezes toda a potência hoje instalada no país. Contudo, os atuais 34 GW de eólicas em terra já exigem cortes frequentes. A expansão marítima, sem reforço de fontes despacháveis e sem ampliação da rede de transmissão, pode agravar o desequilíbrio.
Projetos estratégicos ficam em segundo plano
Enquanto se acelera a implantação de usinas intermitentes, propostas de energia firme avançam lentamente. A terceira unidade da usina nuclear de Angra, por exemplo, segue sem definição concreta de conclusão, embora a tecnologia seja reconhecida mundialmente por fornecer potência constante com baixa emissão de carbono.
Outra iniciativa debatida no CNPE foi o aproveitamento geotérmico. Especialistas apontam que a localização do Brasil, no centro da placa tectônica Sul-Americana, limita o potencial dessa fonte para geração elétrica. As condições favoráveis a altas temperaturas, comuns em países cortados pelo Círculo de Fogo do Pacífico, não se repetem aqui. Em solo nacional, o uso geotérmico tende a restringir-se a aquecimento local ou dessalinização, sem escala relevante para o sistema interligado.
Impacto financeiro recai sobre consumidores
As restrições de despacho geradas pelo excedente solar e eólico abrem disputas judiciais sobre quem arca com o prejuízo. Geradores que tiveram produção desligada alegam perda de receita e buscam ressarcimento. Caso os pleitos avancem, a conta pode alcançar a tarifa residencial, pressionando ainda mais o orçamento das famílias.


Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS


Imagem: Sikwe Scarter
O próprio ONS ressalta que somente a coordenação centralizada poderia mitigar instabilidades. Entretanto, a expansão descentralizada no telhado de consumidores continua a ocorrer sem supervisão em tempo real. O resultado é um volume crescente de eletricidade injetada durante o pico solar do meio-dia, nem sempre coincidente com o horário de maior consumo.
Equilíbrio exige revisões regulatórias urgentes
Analistas defendem revisões nos subsídios à MMGD, exigência de sistemas de armazenamento ou participação financeira de microgeradores na manutenção da rede que utilizam. Também ganham força propostas de retomada de planejamento integrado, com cronograma claro para novas hidrelétricas de reservatório, térmicas flexíveis e conclusão de Angra 3.
Em paralelo, a modernização das linhas de transmissão é indispensável para absorver a oferta variável sem ameaçar a segurança energética. Sem mudanças, o cenário descrito pelo ONS tende a repetir episódios de curtailment cada vez mais caros e a manter o fantasma do apagão.
Se você acompanha de perto os desdobramentos do setor elétrico e as ações do governo, vale conferir mais conteúdos na seção de política do Geral de Notícias. Acesse aqui e mantenha-se atualizado.
Resumo: a predominância de incentivos verdes e a falta de planejamento central criaram um excesso de geração solar e eólica que pressiona o sistema, impõe cortes de produção estável e amplia o risco de falhas no fornecimento. Acompanhe nossas atualizações e compartilhe este artigo para disseminar informações essenciais sobre a segurança energética do Brasil.
Para informações oficiais e atualizadas sobre política brasileira, consulte também:

IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada



