O governo brasileiro excluiu oficialmente os Estados Unidos da segunda edição da reunião em defesa da democracia, marcada para a próxima quarta-feira, 24 de setembro, em Nova York. O evento ocorrerá paralelamente à 80.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi idealizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em parceria com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
Encontro amplia frente liderada por Brasil e Espanha
De acordo com informações do Itamaraty, ao menos 30 nações devem participar das discussões sobre desigualdade social e desinformação. Além de Brasil e Espanha, integram a coordenação do encontro Uruguai, Colômbia e Chile. O formato repete a iniciativa lançada em 2024, quando a Casa Branca enviou, de última hora, o então vice-secretário de Estado Kurt Campbell em substituição ao presidente Joe Biden.
Neste ano, porém, nenhuma representação norte-americana foi incluída na lista de participantes. A decisão, revelada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo, foi justificada internamente por um funcionário do governo brasileiro com a alegação de que “apenas países democráticos” receberam convite. A exclusão ocorre no momento em que Washington e Brasília atravessam novo ciclo de tensões políticas e comerciais.
Tensão cresce após sanções e condenação de Bolsonaro
Desde janeiro, a administração de Donald Trump elevou tarifas sobre produtos brasileiros para 50% e revogou vistos diplomáticos de autoridades federais. Em carta encaminhada ao Planalto, o republicano apontou como motivo a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o sentenciou a 27 anos e 3 meses de prisão por suposta tentativa de golpe de Estado.
O documento também questionou decisões do ministro Alexandre de Moraes — alvo de sanções da Lei Magnitsky por suposta violação de direitos humanos — sobre o bloqueio de perfis de oposição nas redes sociais. O pedido norte-americano para arquivar o processo contra Bolsonaro não foi atendido, e o secretário de Estado, Marco Rubio, antecipou que novas medidas punitivas contra o Brasil devem ser anunciadas “nos próximos dias”.
Ao longo de 2025, Lula reforçou críticas a movimentos rotulados como “extremismo de direita”. Em discurso no Chile, em julho, declarou que esses grupos “controlam algoritmos, semeiam ódio e espalham medo”. A fala reforçou o tom adotado pela diplomacia brasileira ao planejar a agenda paralela da ONU.
Baixas na comitiva presidencial e foco em pauta interna
Lula embarca para Nova York neste domingo, 21 de setembro, a fim de abrir oficialmente a Assembleia-Geral na terça-feira, 23. A delegação, entretanto, sofreu duas baixas de última hora. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu da viagem após as restrições impostas pelo governo Trump à sua circulação na cidade. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, permaneceu em Brasília para acompanhar a possível votação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil.
A ausência de Haddad sinaliza prioridade à pauta econômica doméstica, enquanto a retirada de Padilha expõe o impacto prático das recentes medidas de Washington contra autoridades brasileiras.


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Imagem: Lula e pelo líder espanhol
Perspectivas para a reunião e repercussão diplomática
Com a exclusão dos Estados Unidos, a sessão de quarta-feira concentrará representantes de governos latino-americanos e europeus alinhados ao bloco progressista. O Itamaraty não divulgou a lista completa, mas indicou presença de chefes de Estado da Colômbia, do Chile e do Uruguai.
Analistas de mercado observam que o afastamento entre Brasília e Washington pode repercutir em setores como agricultura e defesa, embora não haja previsão de retaliações imediatas além das tarifas já aplicadas. No campo político, a ausência dos EUA esvazia a pluralidade de vozes na discussão sobre democracia, enquanto amplia o protagonismo de Lula e Sánchez no debate sobre combate à desinformação.
Até esta sexta-feira, a embaixada norte-americana em Brasília não comentou oficialmente a decisão brasileira. O Ministério das Relações Exteriores também não detalhou os critérios utilizados para definir o conceito de “país democrático” adotado na triagem de convidados.
Para quem acompanha o cenário político e quer entender os desdobramentos dessa tensão com os Estados Unidos, vale conferir outras matérias na seção de Política do nosso site.
Em síntese, a exclusão dos Estados Unidos do encontro liderado por Brasília e Madri reforça o distanciamento diplomático entre os dois países e centraliza os holofotes na participação de Lula na ONU. Acompanhe nossas atualizações e compartilhe o conteúdo para permanecer informado sobre os próximos passos dessa disputa geopolítica.
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