Maria Piedade, 91 anos, coloca no mercado seu primeiro álbum sete décadas após abandonar os palcos por imposição familiar.
Vitória em concurso e desistência precoce
Nascida em 1933, na cidade paulista de Itapetininga, Maria Margarida Piedade chegou a despontar como voz promissora da era do rádio. Em janeiro de 1954, aos 20 anos, venceu o concurso “A Voz do Centenário”, promovido pela Rádio Nacional para celebrar os 400 anos da capital paulista. O feito garantiu contrato com a emissora, onde cantou durante alguns meses.
A trajetória foi interrompida ainda naquele ano. Luiz Trindade, pai da artista e de perfil conservador, visitou os estúdios e se mostrou contrariado com o ambiente considerado liberal. Ele exigiu que a filha deixasse a carreira. Paralelamente, Maria decidiu reatar o noivado com o médico Paulo Dias Novaes, rompido pouco antes. A reconciliação ocorreu depois que Paulo a ouviu interpretar o samba “Arrependimento” no rádio. Ao escolher o casamento, oficializado em 1957, a cantora trocou a capital por Avaré (SP) e passou a assinar Margarida Novaes, dedicando-se ao magistério e à família.
Retorno ao estúdio impulsionado pela família
Ao longo dos anos, Maria teve oito filhos, 21 netos e dez bisnetos. Muitos deles seguiram caminhos ligados à música e incentivaram a retomada da gravação. O neto Paulo Novaes assumiu a produção musical, enquanto os arranjos ficaram a cargo do violonista João Camarero, ex-aluno de Lucila Novaes, uma das filhas da cantora.
As sessões ocorreram entre 2018 e 2019, com retomada em 2021. Em 14 de julho de 2025, o álbum “Maria Piedade” chegou às plataformas digitais. O repertório de nove faixas apresenta sambas-canção populares na década de 1950, além da inédita “Oração para um Menino Grande”, composta por Juca Novaes, também filho da artista.
Repertório inspirado na era do rádio
A obra inclui canções como “Mensagem” (1946), “Amar” (1949) e “Bar da Noite” (1953), além de “Estava Escrito”, lançada originalmente por Angela Maria em 1954. A faixa “Menino Grande” (1952) dialoga diretamente com a inédita composta para o disco. Os músicos Breno Ruiz (piano), Igor Pimenta (baixo) e Carlito Mazzoni (bateria) completam a formação. A mixagem e masterização ficaram sob a responsabilidade de Tó Brandileone.
Com voz preservada e técnica moldada no Conservatório de Canto Orfeônico, Maria Piedade recria o clima das grandes intérpretes do rádio brasileiro. O projeto reconecta a artista ao período em que a carreira foi interrompida, transformando em registro fonográfico um sonho adiado por 71 anos.
Do palco imaginado ao disco real
Segundo familiares, a música nunca deixou o cotidiano da professora Margarida Novaes; ela seguia cantando em casa, aulas e eventos locais. A gravação profissional, porém, só se concretizou quando filhos e netos assumiram a produção. O lançamento marca também um encontro de gerações: músicos jovens acompanham a voz que conquistou concurso histórico em 1954.
O álbum já está disponível em plataformas de streaming e em edição física limitada. O trabalho celebra a trajetória pessoal e homenageia o relacionamento de 50 anos com Paulo Dias Novaes, falecido em 2007. A faixa “Arrependimento”, responsável pela retomada do romance no passado, integra o repertório como ponto central da narrativa amorosa.


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