Brasília — O depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, transformou a reunião desta quarta-feira (25) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS em um embate ríspido entre parlamentares, advogados e convidados. Acusado pela Polícia Federal de liderar um esquema que teria desviado valores milionários de aposentados e pensionistas, Antunes manteve-se em silêncio diante das perguntas do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), e provocou sucessivos momentos de tumulto no plenário do Senado.
Testemunha recusa respostas e cita “pré-julgamento”
Logo na abertura, Antunes declarou que não responderia ao relator porque, segundo ele, Gaspar já emitira juízo de valor em sessões anteriores. “O relator me chamou de ladrão antes de me ouvir”, afirmou, amparado em habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal que lhe garantia o direito de ficar calado. Apesar da autorização do STF para não comparecer, a defesa aceitou participar da oitiva na tentativa de rebater acusações.
A reação de Gaspar foi imediata. Em discurso, o deputado classificou Antunes como “autor do maior roubo a aposentados e pensionistas da história do Brasil” e exibiu num telão a imagem de uma reunião realizada treze dias após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual o investigado aparece ao lado de servidores de alto escalão do INSS. “Quem autorizou um quadrilheiro a sentar na mesa da Previdência Social?”, questionou o relator, enfatizando que o investigado circulava livremente nos corredores do poder.
Bate-boca generalizado e intervenção da Mesa
As declarações acirraram ânimos. Cleber Lopes, advogado do depoente, protestou contra o termo “quadrilheiro” e exigiu respeito às garantias processuais. Deputados de oposição e de base governista passaram a trocar acusações em voz alta. Zé Trovão (PL-SC) deixou o assento e dirigiu-se à mesa diretora para discutir com o defensor de Antunes, elevando o tom. Agentes da Polícia Legislativa foram acionados, mas não precisaram intervir fisicamente.
Diante da confusão, o vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), que substituía o senador Carlos Viana (Podemos-MG), suspendeu a sessão por alguns minutos. Durante a pausa, parlamentares tentaram acordo para retomar os trabalhos, mas Antunes manteve a decisão de não responder a Gaspar. O silêncio provocou novas interrupções, já que integrantes do colegiado defendiam que o depoente fosse dispensado caso se recusasse a colaborar.
Acusações sobre propina e patrimônio
Quando a sessão foi retomada, o relator exibiu documentos que apontam movimentações incompatíveis com a renda declarada de Antunes, citando imóveis, veículos e cifras supostamente obtidas por meio de propina. Gaspar sustenta que o grupo investigado teria faturado milhões com fraudes na concessão de benefícios e contratos do Instituto. Parte do material veio de apreensões feitas pela Polícia Federal durante a fase ostensiva da operação que levou Antunes à prisão preventiva.
A defesa contestou a autenticidade dos valores, alegando falta de perícia definitiva. Mesmo instado por senadores a responder sobre origem do patrimônio, o investigado permaneceu calado, reforçando o direito constitucional ao silêncio. Nos bastidores, aliados do governo acusaram o relator de adotar tom eleitoral contra a atual gestão, enquanto oposicionistas lembraram que a foto apresentada comprovaria acesso de Antunes ao ministério logo no início do terceiro mandato petista.
Próximos passos da investigação
Sem avanço nas perguntas, a CPMI deliberou que o depoimento seria encerrado caso Antunes continuasse a não colaborar. Há requerimentos para convocar novamente o investigado, desta vez na condição de testemunha, o que lhe limitaria o direito ao silêncio. O relator também solicitou novos quebras de sigilo bancário e telemático para mapear eventuais repasses a servidores.


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Imagem: Vinícius Sales
A comissão pretende concluir o relatório ainda neste semestre, com previsão de responsabilizar agentes públicos e privados. Parlamentares de oposição apostam que o material fortalecerá denúncias de aparelhamento da Previdência, enquanto governistas afirmam que as suspeitas recaem sobre gestões anteriores.
O embate da manhã expôs a tensão política em torno da CPMI e reforçou o clima de desconfiança entre deputados e senadores. A resistência do principal investigado, aliada às imagens que o mostram em reunião interna do INSS no início do governo Lula, tende a alimentar novos questionamentos sobre critérios de acesso a estruturas federais.
Para acompanhar outras atualizações sobre os trabalhos da comissão, visite a seção dedicada em Política e fique por dentro das próximas convocações.
Em síntese, a oitiva de Antunes terminou sem respostas concretas, mas escancarou a disputa narrativa na CPMI. Continue acompanhando nossos conteúdos e receba em primeira mão os desdobramentos dessa investigação que pode impactar a Previdência e o governo federal.
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