Brasília, 12 de setembro de 2025. O julgamento dos primeiros réus pelos atos de 8 de janeiro ganhou tom de sarcasmo no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Em meio à análise das penas, o recém-empossado ministro Flávio Dino questionou se “um cartão de crédito ou o Mickey” alterariam o resultado do processo. Alexandre de Moraes, relator das ações penais, completou a provocação citando o personagem “Pateta”. As tiradas expuseram o clima de tensão e evidenciaram o distanciamento da Corte em relação às críticas que recebe fora dos muros do Judiciário.
Ironias em plenário
O STF dedica a semana à conclusão dos primeiros casos ligados à invasão das sedes dos Três Poderes. Durante um intervalo da sessão, Flávio Dino lançou a dúvida: “Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vão mudar o julgamento no Supremo?”. Alexandre de Moraes respondeu no ato: “Ou o Pateta…”. Dino reforçou: “É, o Pateta aparece com mais frequência nesses eventos”. O diálogo, registrado em vídeo institucional, ganhou repercussão imediata.
As declarações ocorreram pouco antes da leitura de votos que mantêm a linha dura inaugurada pelo próprio Moraes: penas altas, manutenção de prisões e responsabilização coletiva. Até a publicação deste texto, nenhum ministro havia pedido retificação ou desculpas pelas falas. O tom jocoso, porém, foi suficiente para reacender críticas de parlamentares e entidades civis que acusam o Supremo de afastar-se da sobriedade exigida em julgamentos com forte impacto político.
Votos, divergências e recados
Apesar do consenso majoritário pela condenação, a sessão de quarta-feira foi marcada por divergências pontuais. Luiz Fux apresentou voto pela nulidade total do processo, alegando “incompetência absoluta” da Corte em julgar os casos. O ministro evitou citar colegas, mas afirmou que considera “deselegante” personalizar críticas. Dois dias antes, um colega não identificado — conforme relato de bastidor — classificou a posição de Fux como “uma das mais malucas” já vistas no tribunal.
Em posição oposta, Gilmar Mendes defendeu o rigor das punições. Para o decano, crimes contra o Estado Democrático de Direito “são insuscetíveis de perdão” e o Supremo tem a obrigação de impor sanções exemplares. O ministro rechaçou a existência de “ditadura da toga” e negou que membros da Corte ajam como tiranos. Nos corredores, parlamentares de direita reagiram: o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) acusou Moraes de “violador de direitos humanos”, enquanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) afirmou que “ninguém aguenta mais a tirania” do magistrado.
Falas que marcaram a semana
A série de frases que dominaram o noticiário não ficou restrita aos ministros. No Congresso, Chico Alencar (PSOL-RJ) relacionou a investigação sobre óvnis à “soberania nacional”. Já o humorista Léo Lins ironizou sua própria condenação, enquanto jornalistas e artistas avaliaram, em tom crítico, o comportamento do Supremo.
No exterior, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump classificou como “decepcionante” a resposta do governo brasileiro a um tarifaço imposto por Washington. Seu conselheiro Jason Miller foi ainda mais duro: acusou Moraes de usar “lawfare político” para impedir Jair Bolsonaro de disputar eleições futuras. A Casa Branca, por meio da porta-voz Caroline Leavitt, declarou que Trump “não hesitaria em recorrer a meios militares” para garantir a liberdade de expressão, recado entendido como sinal de desagrado à conduta do STF.
Reação de militantes e parlamentares
A troca de ironias no plenário repercutiu nas redes sociais. Simpatizantes de direita interpretaram o episódio como prova de desdém da Corte com o devido processo legal. Na visão de parlamentares governistas, porém, o tom descontraído não comprometeu a gravidade das decisões. Para o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), por exemplo, Fux “não tinha competência, mas votou” contra a maioria, enquanto a ministra Carmén Lúcia lembrou que as mulheres ficaram “2.000 anos caladas” e agora “querem ter o direito de falar”.


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Imagem: Mtag sobre de Fellipe Sampaio
Mesmo fora do território nacional, o tema voltou à cena. A República Islâmica do Irã divulgou nota parabenizando o Brasil pelo 7 de Setembro, defendendo “cooperação com base no respeito mútuo”. O gesto diplomático contrastou com o protesto de Tabata Amaral (PSB-SP) contra o uso de bandeiras norte-americanas em atos cívicos: “Nossa bandeira jamais será vermelha”, registrou a deputada.
Próximos passos
O STF prevê concluir, ainda neste mês, a análise de mais quatro processos relacionados ao 8 de janeiro. Caso o ritmo se mantenha, a Corte pode estabelecer jurisprudência definitiva antes do recesso de fim de ano. Parlamentares de oposição prometem apresentar projetos que limitem os chamados “poderes excepcionais” adotados pelo tribunal, enquanto a base governista trabalha para blindar o Supremo de tentativas de CPI.
Embora o julgamento siga em curso, o episódio do “cartão de crédito e Mickey” reforça a percepção de que o embate entre STF e Congresso continuará no centro da agenda política. Resta saber se novas ironias tomarão conta das próximas sessões ou se a Corte adotará postura mais contida diante da pressão popular.
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Em síntese, a semana evidenciou a manutenção de penas severas pelo STF, a divergência isolada de Luiz Fux e a troca de provocações entre Dino e Moraes. Continue acompanhando nossos conteúdos e fique por dentro dos desdobramentos que definirão o cenário institucional brasileiro.
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