O Ministério das Relações Exteriores confirmou nesta segunda-feira (15) que parte da delegação brasileira ainda aguarda a emissão de vistos dos Estados Unidos para participar da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, marcada para a próxima semana em Nova York. A pendência atinge integrantes que viajarão pela primeira vez, entre eles dois ministros de Estado.
Situação dos documentos e expectativa do Itamaraty
De acordo com o diretor do Departamento de Organismos Internacionais, Marcelo Marotta Viegas, os diplomatas que compareceram à última edição da Assembleia continuam amparados por vistos com validade de três anos. Já os estreantes dependem da liberação atual, que permanece em processamento na embaixada norte-americana. “Para a ONU existe uma obrigação de conceder vistos. Nossa expectativa é de que os Estados Unidos cumpram essa obrigação”, afirmou.
Viegas não detalhou o número exato de passaportes ainda retidos, mas assegurou que o Itamaraty mantém diálogo frequente com Washington. O timing é considerado apertado: a comitiva brasileira costuma desembarcar em solo norte-americano poucos dias antes da abertura dos debates, agendada para 19 de setembro.
Agenda de Lula: Palestina, clima e “defesa da democracia”
Fiel à tradição diplomática, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará o primeiro discurso da sessão plenária, previsto para a manhã de 23 de setembro. O Itamaraty informa que o pronunciamento deverá focar na defesa do reconhecimento de um Estado palestino, tema historicamente presente nos discursos do mandatário petista.
Além do discurso inaugural, a agenda oficial inclui:
- Participação em reunião sobre soluções pacíficas para a questão palestina, convocada pela França;
- Copresidência, ao lado de Chile e Espanha, de encontro intitulado “Em defesa da democracia”;
- Copresidência, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, de evento sobre cooperação climática visando à COP30, que ocorrerá em 2025 em Belém (PA);
- Apoio ao Tropical Forest Forever Facility (TFFF), fundo voltado à preservação de florestas tropicais.
Os compromissos reforçam a prioridade que o governo confere a pautas ambientais e geopolíticas no Oriente Médio, em detrimento de temas internos como segurança pública ou reformas econômicas.
Presença de Trump e outros líderes
Questionado sobre a possível participação de Donald Trump, Marcelo Viegas declarou acreditar que o ex-presidente norte-americano comparecerá às discussões. A confirmação de líderes estrangeiros costuma ser divulgada pela própria ONU até a véspera da abertura. Caso Trump esteja presente, sua passagem deve atrair holofotes em meio ao cenário eleitoral dos Estados Unidos.
Clima: balanço preliminar do Acordo de Paris
Em paralelo à Assembleia, diplomatas brasileiros pretendem avançar em temas que serão retomados na COP30. Para o chefe da Divisão de Ação Climática do Itamaraty, Mário Mottin, o encontro em Nova York servirá para avaliar o progresso do Acordo de Paris, assinado há quase uma década. “Com o acordo, projetamos aquecimento de 2,7 °C; sem ele, seria acima de 4 °C. Precisamos focar no que funciona e refletir sobre o que não funciona”, declarou.
O Itamaraty avalia que a reunião pode fortalecer a imagem de Belém como sede da conferência climática de 2025, embora reconheça “ceticismos” sobre o multilateralismo.


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Imagem: Internet
Desafios logísticos e prazos apertados
A liberação dos vistos tornou-se a variável crítica para o deslocamento da comitiva. Em anos anteriores, trâmites semelhantes foram concluídos em até 48 horas antes do embarque, mas o cronograma atual depende do volume de solicitações pendentes na representação norte-americana.
Diplomatas ouvidos reservadamente apontam que a coincidência de agendas — Assembleia da ONU, debates eleitorais nos EUA e eventos paralelos sobre clima — pressiona a capacidade de atendimento do consulado. Mesmo assim, o Itamaraty mantém discurso de confiança, evitando qualquer menção a planos alternativos.
Próximos passos
Com a expectativa de pronunciamento contundente sobre Palestina e meio ambiente, o governo brasileiro aguarda sinal verde do consulado para garantir a presença integral de sua equipe. Caso o processo se arraste além desta semana, a logística de voos e hospedagem poderá sofrer ajustes de última hora.
Internamente, parlamentares da oposição monitoram a situação, à espera de eventual impacto na imagem do governo. Até o fechamento deste texto, os Estados Unidos não haviam se manifestado publicamente sobre o status dos pedidos brasileiros.
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Em resumo, o Itamaraty trabalha contra o relógio para garantir que todos os integrantes da comitiva estejam aptos a embarcar rumo a Nova York. A liberação de vistos, somada a uma agenda carregada por pautas climáticas e do Oriente Médio, definirá o alcance diplomático do Brasil na principal tribuna multilateral do planeta. Acompanhe nossos conteúdos e fique informado sobre os próximos capítulos.
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