Brasília, 19 de setembro de 2025 – O prejuízo de R$ 4,4 bilhões acumulado pelos Correios no primeiro semestre de 2025 já superou todo o saldo negativo de 2024 e acendeu o alerta no governo federal. Se o ritmo for mantido, o déficit pode atingir R$ 8 bilhões até dezembro, elevando a necessidade de socorro do Tesouro a cerca de R$ 20 bilhões para cobrir despesas básicas, inclusive folha de pagamento.
Resultado semestral agrava risco de insolvência
Os números divulgados pela estatal mostram queda de 9,5 % na receita, que fechou o semestre em R$ 8,9 bilhões, enquanto as despesas administrativas e financeiras alcançaram R$ 13,4 bilhões. É o quarto ano consecutivo de resultados negativos, após um período de cinco anos de lucro.
A deterioração financeira ficou evidente em atrasos a fornecedores, ameaça de despejo de imóveis alugados e inadimplência no plano de saúde dos empregados. A empresa atribui parte do rombo à redução das importações provocada pela chamada “taxa das blusinhas”, a novos aportes no Postalis e ao aumento de precatórios, que saltaram de R$ 133 milhões, no primeiro trimestre de 2024, para R$ 389 milhões em igual período de 2025.
Em meio à escalada das perdas, o então presidente Fabiano Silva dos Santos pediu demissão em julho. Só em setembro o governo nomeou o substituto: Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, que assume com a missão de executar o Programa de Recuperação e Modernização da companhia.
Governo evita confirmar aporte e TCU abre investigação
Questionado sobre a possibilidade de repasse de recursos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “os Correios inspiram cuidados” e que a situação está sendo acompanhada pelo Ministério da Gestão e Casa Civil. Não há, porém, espaço no Orçamento para cobrir integralmente o rombo sem comprometer a meta fiscal.
No Congresso, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria completa nas contas da estatal e do Postalis. O pedido, aprovado pela Comissão de Transparência, designou o ministro Bruno Dantas como relator. Em nota, os Correios comunicaram que têm disponibilizado “de forma aberta e clara” todas as informações financeiras.
Concorrência avança e reduz participação da estatal
Enquanto a estatal enfrenta dificuldades, o mercado de encomendas se transforma rapidamente. Estudo da Mordor Intelligence indica que a participação dos Correios na receita do setor caiu de 54 % em 2019 para 38,5 % em 2022. No mesmo período, as seis maiores transportadoras privadas passaram a responder por 71 % dos embarques em volume.
Empresas de comércio eletrônico, como Mercado Livre, Shopee, Shein e Magalu, estruturaram operações próprias ou recorreram a transportadoras regionais, garantindo entregas no mesmo dia ou no dia seguinte a custos menores. Hoje, os Correios respondem por apenas 5 % das entregas do Mercado Livre.
Analistas apontam que a estatal perdeu competitividade por falta de automação, rastreabilidade em tempo real e integração de canais (omnicanalidade). A cada ano sem investimentos robustos, rivais privados ampliam a distância com armazéns robotizados, monitoramento completo da cadeia e frota aérea dedicada.


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Imagem: Fernando Frazão
Capilaridade segue como trunfo, mas exige recursos
A empresa mantém mais de 11 mil agências e cobre 100 % dos municípios brasileiros, vantagem considerada estratégica para a integração nacional. Especialistas ressaltam, entretanto, que a ampla malha exige aportes contínuos em frota, sistemas de TI e renovação de equipamentos de triagem para se manter sustentável.
O atual governo descarta privatizar a estatal e defende investimentos públicos e parcerias. Consultores, porém, alertam que sem capital privado ou modelos de concessão, a recuperação poderá demorar mais de dois anos para apresentar resultados consistentes, pressionando ainda mais o caixa da União.
Para quem acompanha a crise fiscal, o quadro dos Correios é mais um fator de preocupação: um resgate bilionário pode comprometer metas de resultado primário e exigir novos cortes em outras áreas ou aumento de tributos.
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Em resumo, a estatal acumula prejuízos recordes, perde espaço para concorrentes ágeis e depende de um socorro expressivo do Tesouro para evitar a insolvência. Acompanhe nossa cobertura completa e compartilhe este conteúdo para ampliar o debate sobre o uso dos recursos públicos.
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