Uma delegação brasileira deixou o plenário das Nações Unidas nesta sexta-feira (26) para aderir a um boicote contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O protesto foi articulado por dezenas de países em repúdio à ofensiva israelense na Faixa de Gaza e incluiu o uso de trajes típicos palestinos por parte dos diplomatas do Brasil.
Protesto coordenado pela Autoridade Palestina
De acordo com veículos de imprensa norte-americanos, a Autoridade Nacional Palestina enviou uma carta às delegações aliadas incentivando a retirada sincronizada do plenário no exato momento em que Netanyahu iniciaria sua fala na 79.ª Assembleia Geral, em Nova York. A manobra buscou dar visibilidade internacional à causa palestina e pressionar Tel Aviv em meio ao conflito que já se estende por quase um ano.
O embaixador de Israel na ONU classificou a ação como “encenação barata”, acusando os manifestantes de preferirem gestos políticos a discussões substantivas. Enquanto isso, os representantes dos Estados Unidos permaneceram sentados e aplaudiram em vários trechos, sinalizando a continuidade do forte alinhamento entre Washington e Jerusalém sob a administração do presidente Donald Trump.
Durante o discurso, Netanyahu renovou ameaças diretas contra o Irã e contra grupos considerados terroristas — Hamas, Hezbollah e os Houthis. Ele afirmou que Israel “esmagou a máquina terrorista do Hamas” e que continuará perseguindo os responsáveis até que todos os reféns sejam libertados. O premiê também lembrou o massacre de 7 de outubro, quando 1.200 civis, incluindo 40 norte-americanos, foram assassinados em território israelense.
Brasil contraria Washington em momento sensível
A adesão brasileira ao boicote ocorre no mesmo período em que Brasília tenta negociar a revogação de tarifas de importação impostas por Washington a diversos produtos nacionais. Ao se posicionar publicamente contra o aliado histórico dos norte-americanos, o governo brasileiro arrisca complicar tratativas comerciais que poderiam beneficiar setores estratégicos da economia interna.
Além de deixar o plenário, parte da delegação vestiu keffiyehs — lenços tradicionais associados à resistência palestina — para reforçar a mensagem contrária a Israel. A opção por símbolos visuais foi vista por analistas internacionais como sinal de alinhamento automático a uma pauta ideológica, sem a cautela diplomática habitual em eventos multilaterais.
Em contraste, Washington manteve a linha de apoio irrestrito a Israel. Diplomatas norte-americanos elogiaram o discurso de Netanyahu e sublinharam o “direito de autodefesa” do Estado judeu, sobretudo após o 7 de outubro. Esse quadro ressalta o distanciamento entre as duas maiores economias do continente em temas de segurança no Oriente Médio.
Netanyahu rejeita Estado palestino
Em tom firme, o premiê israelense voltou a descartar qualquer reconhecimento de um Estado palestino independente. “É uma loucura, e não o faremos”, afirmou. A declaração reforça a posição histórica de Israel de negociar apenas termos de segurança, não soberania, com autoridades palestinas.
Netanyahu também informou que seu pronunciamento estava sendo transmitido em tempo real para habitantes da Faixa de Gaza, numa tentativa de pressionar o Hamas a libertar reféns. “Depuseram as armas, deixem meu povo em liberdade. Se não, iremos caçá-los”, advertiu.


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Imagem: Angel Colmenares
Repercussão e possíveis desdobramentos
Nenhum representante brasileiro se pronunciou após a saída do plenário. Contudo, diplomatas de outras nações latino-americanas presentes à sessão indicaram surpresa com a intensidade do gesto. Alguns avaliam que o Brasil tenta assumir protagonismo regional no tema, ainda que isso implique choque com a diplomacia norte-americana.
Com a economia doméstica pressionada por juros elevados e crescimento modesto, qualquer barreira adicional ao acesso ao mercado dos Estados Unidos pode agravar desafios internos. Especialistas em comércio exterior alertam que decisões simbólicas na arena internacional, embora populares em certos círculos ideológicos, têm custo real quando convertem alinhamentos políticos em tarifas ou quotas restritivas.
Por ora, Israel segue firme em sua agenda de segurança, respaldado pelo apoio explícito de Washington. Já o governo brasileiro aposta em coalizões com países que mantêm críticas abertas à condução israelense da guerra, colocando-se, pelo menos neste episódio, em rota de colisão com a Casa Branca.
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Em resumo, a saída da delegação brasileira da Assembleia Geral sinaliza uma guinada clara para o alinhamento pró-Palestina, mesmo sob risco de repercussões econômicas. A atitude contrasta com a postura firme dos Estados Unidos em defesa de Israel e aprofunda a divisão de blocos na ONU. Acompanhe as próximas sessões para entender como essa tensão pode impactar acordos comerciais e o equilíbrio geopolítico no Oriente Médio.
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