Brasília, 12 de setembro de 2025 — A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro impôs à direita nacional uma reconfiguração imediata. Um estudo comparativo coordenado pelo cientista político Márcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia, mapeou experiências internacionais e listou dez movimentos considerados essenciais para que o campo conservador retome competitividade eleitoral e governativa no Brasil.
Exemplos históricos orientam a estratégia
Os autores do levantamento analisaram a trajetória de líderes e partidos que, mesmo após derrotas ou processos judiciais, voltaram ao poder com legitimidade reforçada. Entre os casos citados aparecem Ronald Reagan nos Estados Unidos, Margaret Thatcher e David Cameron no Reino Unido, Charles de Gaulle na França, Shinzo Abe no Japão, Viktor Orbán na Hungria, além de Silvio Berlusconi na Itália e Sebastián Piñera no Chile. Todos converteram crises em oportunidades de reposicionamento político, combinando comunicação direta, coalizões amplas e programas claros.
Segundo Coimbra, as experiências externas evidenciam que “resiliência e adaptação” são fatores decisivos. Enquanto Reagan uniu liberalismo econômico, valores cristãos e nacionalismo, De Gaulle reposicionou-se diante de uma crise institucional profunda, e Thatcher transformou a vitória na Guerra das Malvinas em símbolo de soberania. Esses precedentes, afirma o pesquisador, mostram que o conservadorismo consegue voltar ao poder quando renova lideranças e apresenta agenda objetiva ao eleitor moderado.
Dez passos para a reconstrução
Com base na comparação histórica, o relatório detalha dez ações prioritárias:
1. Formação de novas lideranças. A sugestão é reduzir o personalismo, atrair nomes jovens e dialogar com eleitores urbanos que se afastaram mais pelo estilo do que pelas ideias.
2. Reformulação cultural e apelo ao centro. Modernizar símbolos e linguagem, sem abandonar princípios liberais e conservadores, é considerado vital para reconquistar o eleitor moderado.
3. Construção de coalizões amplas. Unir liberais, democrata-cristãos, nacionalistas e bolsonaristas moderados em torno de uma proposta comum é visto como caminho para maioria eleitoral e governabilidade.
4. Aproveitamento estratégico de crises. Crises econômicas, de segurança ou institucionais podem servir de catalisador, desde que acompanhadas de agenda propositiva, não apenas de oposição.
5. Comunicação eficiente. Uso integrado de meios digitais e tradicionais, com mensagens objetivas e otimistas, amplia o alcance para além da base fiel.
6. Infraestrutura de longo prazo. Criação de think tanks, escolas de formação e partidos com presença local garante continuidade ideológica e fortalece quadros técnicos.
7. Agenda programática clara. Propostas concretas em reformas econômicas, eficiência administrativa e serviços são apontadas como diferenciais para vencer disputas.
8. Valorização da legitimidade democrática. Ruptura explícita com radicalismos e compromisso com instituições buscam recuperar confiança de centro político, elites e imprensa.


Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS


Imagem: Mary Anne Fackelman
9. Resiliência jurídica. A transformação de processos judiciais em narrativa de perseguição pode mobilizar a base, mas exige cautela para não afastar moderados.
10. Ênfase em valores cristãos e nacionalismo. A fusão desses eixos fortalece identidade e coesão, amparando o discurso econômico em elementos culturais compartilhados.
Desafios específicos do cenário brasileiro
Coimbra avalia que a direita nacional enfrenta, simultaneamente, a necessidade de se desvincular de excessos recentes e de manter a coesão interna. A tarefa inclui uma autocrítica sobre postura institucional, atualização de linguagem e definição de propostas que transcendam a mera oposição ao governo atual ou a defesa irrestrita do bolsonarismo. O cientista político destaca que a adesão a pautas de transparência, responsabilidade fiscal e segurança pública pode atrair novamente eleitores de centro, principalmente nas capitais.
No plano organizativo, o relatório enfatiza a urgência de partidos estruturados, capazes de formar quadros e resistir a mudanças de liderança. Experiências como a construção de fundações políticas na Hungria e a articulação de redes de apoio comunitário no Japão são citadas como modelos de institucionalização que não dependem exclusivamente de figuras carismáticas.
Quanto à comunicação, a recomendação é explorar plataformas digitais para driblar barreiras tradicionais, tal como fez a Alternativa para a Alemanha ao capitalizar crises migratórias. Porém, o documento adverte que mensagens devem combinar firmeza com responsabilidade, evitando discursos que possam ser classificados como antidemocráticos.
Por fim, o estudo indica que a defesa de valores cristãos e do patriotismo segue como diferencial competitivo, sobretudo em regiões onde igrejas e movimentos comunitários exercem forte influência social. A reconstrução do campo conservador, observa o levantamento, dependerá da capacidade de articular essas referências culturais com políticas públicas de impacto direto na vida da população.
Para acompanhar outras pautas sobre o cenário político nacional, acesse a seção Política e mantenha-se informado sobre os desdobramentos da reorganização da direita no Brasil.
Em resumo, o diagnóstico comparativo indica que o sucesso conservador passa por renovação de lideranças, adaptação discursiva e programas concretos. Se executar as dez ações mapeadas, a direita brasileira poderá transformar a condenação de Bolsonaro em ponto de partida para uma nova fase. Continue acompanhando e participe do debate sobre o futuro político do país.
Para informações oficiais e atualizadas sobre política brasileira, consulte também:

IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada



