Brasília – A queda de braço entre indicadores econômicos fracos e o discurso de soberania nacional tende a definir o cenário eleitoral de 2026. Levantamentos recentes mostram que, mesmo após o enfrentamento tarifário com os Estados Unidos, a aprovação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua estagnada em 51%. Pesquisadores apontam que a sensação de renda e emprego será decisiva, sobretudo entre eleitores de baixa renda, público que tem respondido às novas transferências federais, mas que ainda sente o peso da inflação.
Discurso de soberania perde força
A narrativa de defesa do Brasil ganhou impulso com o chamado “tarifaço” anunciado por Washington no primeiro semestre. Na ocasião, Lula adotou tom combativo, posicionando-se como defensor da autonomia nacional. O gesto foi reforçado pelo encontro com Donald Trump na Assembleia Geral da ONU, onde ambos sinalizaram disposição para negociar exceções setoriais. Apesar do simbolismo, analistas observam que o impacto eleitoral foi pontual. Desde agosto, os números de popularidade deixaram de subir, indicando que a pauta externa não sustenta apoio prolongado.
Sérgio Sakurai, economista da USP de Ribeirão Preto, relembra a máxima de que “é a economia, estúpido”. Para ele, crises de confiança, choques políticos ou discursos identitários influenciam a agenda, mas o voto costuma acompanhar a percepção do bolso. Graziella Testa, da Fundação Getulio Vargas, concorda: o eleitor atribui ao presidente a responsabilidade direta pelo preço do alimento, da conta de luz e pela taxa de emprego. Sem melhora palpável até 2026, o efeito retórico tende a murchar.
Indicadores econômicos continuam chave para 2026
O mercado de trabalho mostra algum fôlego. A taxa de desemprego recuou a 5,6% no trimestre encerrado em julho, menor patamar da série do IBGE. Porém, o Banco Central projeta inflação de 4,8% em 2025, bem acima da meta de 3%. Para contê-la, o Comitê de Política Monetária mantém a Selic em 15% ao ano e indica que o aperto monetário seguirá “por período prolongado”. Juros elevados restringem crédito e inibem investimentos, travando o crescimento, estimado agora em 2% para 2025 e 1,5% em 2026.
Na visão de Sakurai, o país permanece em “armadilha fiscal”: gasto público elevado, endividamento crescente e pouca margem para investimentos produtivos. Quando o governo compete com o setor privado por recursos, a conta chega em forma de juros altos e inflação persistente. Esse círculo vicioso limita a capacidade de entregar expansão econômica robusta antes do próximo pleito.
Pacotes de gastos desafiam o Congresso
Mesmo sob aperto monetário, o Planalto lançou medidas de estímulo. Entre elas estão o programa Luz do Povo, que promete energia gratuita a famílias de baixa renda ao custo anual de R$ 3,6 bilhões, e o Gás do Povo, estimado em R$ 5,1 bilhões. Há ainda proposta de transporte coletivo gratuito, cuja versão mais ampla pode superar R$ 50 bilhões por ano. Todas dependem de aprovação legislativa e de fonte de compensação para não ferir o novo arcabouço fiscal.
Além dos subsídios, a reforma do Imposto de Renda avança no Congresso. O Senado aprovou faixa de isenção até R$ 5 mil, descontos graduais até R$ 7.350 e tributação de dividendos. A Câmara, porém, priorizará texto do governo, que cria alíquota mínima progressiva para rendas acima de R$ 600 mil anuais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou abertura a ajustes, desde que acompanhados de novas receitas.
Enquanto o Banco Central aperta o freio, o Executivo acelera gastos. Especialistas alertam que o choque de direções pode manter a inflação resistente, exigindo juros altos por mais tempo. Ainda assim, pesquisas mostram que a aprovação de Lula entre beneficiários do Bolsa Família subiu de 50% para 64% entre julho e setembro. O ganho de curto prazo, porém, precisa se manter até o segundo semestre de 2026 para consolidar votos.


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Imagem: Ricardo Stuckert
Cenário externo segue imprevisível
A economia global também adiciona incerteza. O tarifaço de Trump pode sofrer revisões ou ampliar-se, dependendo do clima eleitoral norte-americano. Setores exportadores brasileiros tentam negociar isenções em Washington e buscar mercados alternativos. Caso novas barreiras comerciais surjam, o impacto sobre inflação e balança comercial brasileira pode ser imediato.
Por outro lado, pressões de empresas dos EUA contra tarifas elevadas abrem espaço para diálogo. A depender do resultado dessas negociações, o governo Lula poderá apresentar algum alívio externo como trunfo em 2026. Ainda assim, o consenso entre economistas é que a sensação interna de poder de compra terá peso maior que eventuais vitórias diplomáticas.
Em síntese, a disputa presidencial se desenha com dois vetores: populismo fiscal de curto prazo e rigidez monetária para conter preços. Se a inflação recuar e o emprego permanecer firme, o Palácio do Planalto ganha combustível. Caso contrário, a retórica de soberania pode não bastar para garantir a reeleição.
Para acompanhar a evolução dessas pautas e outras movimentações no Congresso, confira a sessão de Política do Geral de Notícias, atualizada diariamente.
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