Brasília — O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou que pretende envolver lideranças conservadoras da Europa na adoção de sanções internacionais contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A iniciativa, tornada pública nesta terça-feira (5), é vista pelo parlamentar como instrumento de pressão diplomática sobre o magistrado brasileiro.
Plano passa por Itália, Polónia e Parlamento Europeu
Atualmente radicado nos Estados Unidos com a família, Eduardo Bolsonaro planeja uma viagem ao continente europeu nas próximas semanas. Segundo o deputado, a agenda inclui:
• Reunião solicitada à primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, líder identificada com a direita europeia.
• Participação em um evento no Parlamento Europeu, mediante convite de um deputado polonês.
• Visita à colega de bancada Carla Zambelli (PL-SP), detida na Itália.
De acordo com o congressista brasileiro, a busca por apoio externo é justificável porque, na sua avaliação, decisões do ministro Alexandre de Moraes extrapolariam o que ele chama de “parâmetros democráticos”. O parlamentar não detalhou quais medidas espera ver adotadas pelos europeus, limitando-se a mencionar o termo “sanções” — expressão que, em foros internacionais, costuma abranger restrições de vistos, bloqueio de bens ou declarações de censura diplomática.
Visita a Carla Zambelli e questionamento sobre extradição
Parte central da viagem será a passagem pela penitenciária italiana onde Carla Zambelli cumpre pena preventiva. A deputada foi condenada a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e aguarda definição sobre eventual extradição ao Brasil. Para Eduardo Bolsonaro, a manutenção da colega em cárcere italiano não corresponderia, nas palavras dele, “à tradição de garantias individuais da Itália”.
Na tentativa de convencer Giorgia Meloni, o deputado deverá defender que a situação da parlamentar brasileira configura motivo legítimo para revisão do processo de extradição. Eduardo Bolsonaro afirmou ainda que utilizará o encontro para demonstrar “preocupação com a escalada de judicialização da política no Brasil”, embora não tenha apresentado detalhes adicionais sobre quais argumentos levará ao governo italiano.
Temor de inclusão na lista vermelha da Interpol
Ao comentar a própria segurança, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro declarou receio de ser alvo de um pedido de inclusão na chamada Red Notice da Interpol, mecanismo que permite busca e prisão de indivíduos em território estrangeiro. O deputado mencionou o caso de Carla Zambelli, que teve seu nome inserido na base de dados internacional após a condenação, como exemplo do que pode ocorrer com opositores do ministro Alexandre de Moraes.
Ainda sem data oficial para deixar os Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro admitiu que o temor de medidas judiciais influencia o planejamento da viagem. Porém, reiterou que não abrirá mão de “denunciar” o que classifica como abuso de autoridade do magistrado.
Convite de parlamentar polonês reforça articulação conservadora
O convite recebido de um deputado da Polónia, país governado por uma coalizão alinhada a pautas conservadoras, ampliou o alcance da iniciativa brasileira. O encontro, previsto para ocorrer no edifício do Parlamento Europeu, deverá reunir representantes de diferentes bancadas de direita que, segundo Eduardo Bolsonaro, veem com preocupação decisões recentes do Supremo Tribunal Federal.
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Embora a autoridade para impor sanções recaia sobre instâncias executivas de cada Estado-membro ou sobre o Conselho da União Europeia, a presença de parlamentares no debate pode criar, na avaliação do brasileiro, ambiente político favorável a eventuais medidas restritivas. Eduardo Bolsonaro reiterou que enxerga em Moraes “responsabilidade direta” por ações que, no seu entendimento, afetam liberdades civis no Brasil.
Contexto político e próximos passos
O anúncio ocorre em meio a intensa disputa institucional no país. Alexandre de Moraes conduz investigações sensíveis envolvendo parlamentares, empresários e formadores de opinião. Ao buscar apoio fora do Brasil, Eduardo Bolsonaro pretende internacionalizar o debate e, com isso, aumentar o custo político de decisões do ministro.
Até o momento, não há confirmação oficial de agendas por parte dos governos italiano ou polonês. A assessoria do deputado informou que solicitações formais serão encaminhadas nos próximos dias. Questionado sobre prazos, Eduardo Bolsonaro não especificou datas, mas destacou que planeja concluir a missão “o quanto antes”.
A estratégia, segundo o parlamentar, seguirá três eixos: articulação com lideranças governistas europeias, mobilização de parlamentares conservadores e divulgação de documentos que, segundo ele, comprovariam violações de garantias constitucionais no Brasil. Nenhum desses materiais foi apresentado publicamente até a publicação desta reportagem.
Procurado, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes não se pronunciou. A Embaixada da Itália em Brasília também não comentou o teor das solicitações brasileiras. Caso as reuniões sejam confirmadas, Eduardo Bolsonaro planeja divulgar detalhes adicionais sobre eventuais propostas de sanções, bem como informar a data exata da visita à deputada Carla Zambelli.
Para o deputado, o êxito da operação depende da convergência de interesses entre o campo conservador europeu e a oposição brasileira. Enquanto aguarda respostas diplomáticas, ele permanecerá nos Estados Unidos, onde cumpre compromissos partidários e, paralelamente, monitora possíveis desdobramentos jurídicos que possam afetar sua liberdade de locomoção.
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