O déficit de mão de obra qualificada tornou-se o principal freio a investimentos no Brasil, mesmo com o menor índice de desemprego da série histórica.
Cenário de emprego inédito e gargalo de qualificação
Dados oficiais apontam taxa de desemprego de 5,8% e 39 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, ambos recordes. Ainda assim, 30,6% das empresas de infraestrutura classificam a falta de profissionais capacitados como o maior obstáculo para colocar capital em novos projetos, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre).
A escassez não se limita ao mercado doméstico. Estudo global da BDO revela que 28% dos executivos listam a carência de talentos entre os três principais riscos para seus negócios, mais que o dobro do ano anterior.
O descompasso afeta investimentos já estruturados. A Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) calcula que R$ 800 bilhões em projetos poderiam avançar caso houvesse mão de obra suficiente em especialidades técnicas.
Fatores estruturais ampliam a disputa por trabalhadores
A criação de 1,22 milhão de vagas formais apenas no primeiro semestre de 2025 reforça a percepção de pleno emprego. Economistas atribuem o movimento à combinação de atividade aquecida e consumo elevado das famílias. Porém, a rotatividade permanece alta: diferenças salariais de R$ 400 a R$ 500 motivam migrações constantes entre empresas.
O envelhecimento populacional adiciona pressão. Com menos jovens ingressando no mercado, a competição por profissionais experientes eleva custos e reduz o chamado “bônus demográfico” que impulsionou a economia em décadas anteriores.
Setores estratégicos enfrentam maior déficit de talentos
Tecnologia – A disseminação da inteligência artificial expande a busca por especialistas em engenharia de software, cibersegurança e IA. A consultoria Korn Ferry aponta lacuna expressiva nessas áreas, enquanto 34% dos executivos de tecnologia, mídia e telecomunicações avaliam a escassez de talentos como um dos três maiores desafios para 2025.
Indústria automotiva – A eletrificação de veículos exige competências ligadas a software embarcado e manutenção de sistemas híbridos. Consultorias de recursos humanos relatam salários comprimidos em funções altamente técnicas, cenário que afasta candidatos e posterga contratações.
Óleo e gás – A transição energética leva empresas a procurar simultaneamente profissionais experientes em operações convencionais e especialistas em fontes renováveis. A demanda dupla mantém vagas abertas por meses.
Infraestrutura – Obras viárias, portuárias e de saneamento projetadas para os próximos anos dependem de técnicos em topografia, soldagem e gerenciamento de projetos. Com a retomada do investimento público e privado, a ausência desses perfis se tornou o principal gargalo operacional.


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Imagem: Bruno Peres
Indústria náutica – Responsável por 70% da produção nacional, Santa Catarina registra necessidade crescente de laminadores, eletricistas e montadores. Falta, porém, rede de capacitação específica, segundo executivos do setor.
Bares e restaurantes – Pesquisa da Abrasel indica que 90% dos empresários têm dificuldades para contratar. A taxa de rotatividade de 74,3% – mais que o dobro da média dos serviços – impõe custos de treinamento e compromete a qualidade do atendimento.
Construção – A BDO revela que 39% dos executivos do setor imobiliário veem o risco de talentos como preocupação central. A procura por pedreiros, eletricistas e mestres de obras qualificados supera a oferta, inflacionando salários e retardando cronogramas.
Impacto nos investimentos e perspectivas
Especialistas alertam que, mantido o déficit de qualificação, a desaceleração econômica prevista para 2026 pode agravar o quadro. Com juros elevados, empresas tendem a revisar planos, mas parte do capital permanecerá reservado até que haja segurança quanto à disponibilidade de profissionais.
Plataformas de recrutamento relatam que a atratividade das vagas também pesa. Segundo grandes hubs de RH, o alinhamento entre expectativa salarial, benefícios e possibilidade de crescimento continua decisivo para o preenchimento de posições técnicas.
Sem avanço em formação profissional, cursos técnicos e atualização de salários, o país arrisca perder uma janela de expansão. Investimentos programados para logística, energia e inovação tecnológica dependem de equipes capazes de operar sistemas complexos e entregar produtividade compatível com padrões internacionais.
Para entender como decisões governamentais podem influenciar o ambiente de negócios e a formação de profissionais, consulte a seção de Política do nosso portal.
Em síntese, o Brasil exibe pleno emprego, mas carece das competências que sustentam projetos de alto valor. Empresas seguem com recursos disponíveis, aguardando sinais concretos de que o mercado de trabalho conseguirá oferecer a qualificação necessária. Fique atento às próximas atualizações e compartilhe este conteúdo nas suas redes para ampliar o debate sobre soluções.

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