No segundo dia de julgamento que analisa eventual participação do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma suposta tentativa de golpe de Estado, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux apresentou um voto de 13 horas no qual contestou as teses da maioria. O conteúdo técnico, porém, foi rapidamente ofuscado por comentários de figuras da esquerda que questionaram se o magistrado usa peruca ou não.
Voto extenso passa a segundo plano
Fux dedicou toda a quarta-feira (10) à leitura de seu posicionamento. O ministro revisitou provas, relatórios e depoimentos para sustentar a inexistência de elementos que configurem crime de tentativa de golpe. Parlamentares e juristas alinhados à direita elogiaram o voto pela abrangência jurídica, classificando-o como rigoroso e fundamentado.
Apesar da relevância do tema, parte dos opositores preferiu concentrar o debate na aparência do magistrado. Nas redes sociais, o ex-deputado Leonel Brizola Neto afirmou que “não se pode esperar muito de um homem que tem vergonha de ser careca”. Já o humorista do canal Porta dos Fundos divulgou um vídeo satirizando suposta prótese capilar. O jornalista Chico Pinheiro reproduziu frase de ator que relaciona caráter ao uso de peruca, enquanto a cantora Teresa Cristina insinuou falta de “decência” por Fux não exibir calvície.
Os comentários dominaram a pauta digital e eclipsaram as ponderações jurídicas sobre o processo contra Bolsonaro. Para aliados do ex-presidente, a estratégia evidencia tentativa de desqualificar argumentos técnicos por meio de ataques pessoais.
Polêmica sobre o cabelo do ministro
A curiosidade sobre os cabelos de Fux não é nova. Em 2012 o magistrado negou recorrer a peruca e informou ter realizado implante capilar, conforme entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo. O procedimento médico é lícito e comum, mas permanece alvo de especulação sempre que o magistrado participa de debates acalorados.
Especialistas ouvidos pela imprensa observam que detalhes estéticos não afetam a legalidade dos votos. Mesmo assim, a narrativa ganha espaço devido à repercussão garantida em redes sociais e aplicativos de mensagens, ambiente em que ironias visuais costumam atrair mais engajamento que análises técnicas.
Repercussão no meio jurídico
Advogados e professores de Direito ressaltam que a insistência em qualificar ou desqualificar ministros por características físicas empobrece o debate democrático. Para eles, o foco deveria permanecer nos fundamentos legais expostos durante o julgamento. Segundo esses profissionais, Fux apresentou extensa revisão de jurisprudência, contestou enquadramentos penais e mencionou precedentes internacionais que, em sua visão, impedem a criminalização de atos políticos sem prova material de violência efetiva.
Mesmo magistrados que discordam do voto reconhecem sua densidade. Nos bastidores, ministros próximos ao relator Alexandre de Moraes evitam comentar a controvérsia capilar e preferem destacar convergências internas sobre a responsabilidade de Bolsonaro.
Contexto do processo contra Bolsonaro
O julgamento em curso investiga se o ex-presidente liderou ou incentivou tentativa de subverter a ordem constitucional após o resultado eleitoral de 2022. A Procuradoria-Geral da República sustenta que discursos, reuniões e supostos planos militares caracterizam atentado à democracia. A defesa de Bolsonaro nega a acusação, argumentando falta de provas diretas e classificando o caso como perseguição política.


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Imagem: Gustavo Moreno
Com o placar parcial favorável à condenação, o voto de Fux representou o primeiro posicionamento firme pela absolvição. O ministro destacou ausência de atos concretos que demonstrem articulação para ruptura institucional, além de criticar o que chamou de “criminalização de narrativas”.
Debate público e impacto político
A reação nas redes sinaliza ambiente polarizado. Enquanto apoiadores do governo consideram legítima a crítica ao “visual artificial” do magistrado, setores conservadores vêem na ironia tentativa de reduzir a zero os argumentos que poderiam beneficiar Bolsonaro. Analistas políticos apontam que o episódio reforça o clima de hostilidade entre campo progressista e opositores, dificultando a compreensão do mérito jurídico.
Independentemente do resultado final, o caso já revela tendência de transformar julgamentos complexos em disputas de imagem. Para observadores alinhados à direita, a insistência em detalhes capilares ilustra fragilidade de quem evita enfrentar questões centrais sobre provas, tipificação penal e garantias constitucionais.
Como o STF ainda precisa ouvir outros ministros, o desfecho permanece aberto. Até lá, permanece também a dúvida sobre se o debate público voltará ao eixo jurídico ou continuará orbitando em torno de cabelo e memes.
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Em resumo, o ataque à aparência de Luiz Fux desviou a atenção de seu detalhado voto contrário à condenação de Jair Bolsonaro. Mantenha-se informado, compartilhe este conteúdo e participe do debate com foco nos argumentos, não nos penteados.
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