O Federal Reserve (Fed) anunciou nesta quarta-feira, 17 de setembro, o primeiro corte de juros desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca. A taxa básica, antes no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano, caiu para 4% a 4,25%. A decisão foi aprovada pela maioria do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) após dados fracos de geração de empregos nos Estados Unidos.
Corte de 0,25 ponto sinaliza início de ciclo
A medida quebra uma estabilidade que durava desde dezembro e atende, em parte, às cobranças do presidente republicano. Segundo projeções divulgadas pelo Fed, estão previstos mais dois ajustes de 0,25 ponto percentual até o fim de 2025, com apenas uma nova redução no calendário de 2026.
No comunicado oficial, o banco central apontou que a economia americana mantém crescimento moderado, mas o mercado de trabalho perdeu fôlego. Foram criadas 105 mil vagas líquidas em agosto, número inferior à média de 2024. A inflação ao consumidor segue acima da meta de 2%, porém em trajetória declinante.
Para o Fed, o enfraquecimento do emprego justificou agir agora, evitando que a desaceleração avance. Ainda assim, diretores destacaram que próximos cortes dependerão da evolução de preços e do comportamento do mercado de trabalho.
Pressão política e voto dissidente
Donald Trump vinha reivindicando juros menores desde o início do novo mandato, iniciado em janeiro. Em publicações na rede Truth Social, o presidente chegou a classificar Jerome Powell, chefe do Fed, como “idiota” e “péssimo gestor”, além de insinuar motivação política na condução monetária. O republicano também afirmou estudar autorizar o Departamento de Justiça a processar Powell por supostos gastos excessivos em reformas de imóveis do banco central.
Mesmo com as tensões, Powell evitou embates diretos. Em entrevista após a decisão, limitou-se a dizer que “o comitê permanece unido em buscar a estabilidade de preços e o pleno emprego” e reiterou o compromisso com a independência do Fed.
A reunião marcou a estreia de Stephen Miran, indicado por Trump no final de agosto. Ele foi o único voto contrário, defendendo um corte maior de 0,50 ponto percentual para estimular crédito e consumo mais rapidamente. A divergência mostrou que, apesar do tom pacificador do comunicado, a discussão interna sobre o ritmo de afrouxamento monetário segue aberta.
Ataques a diretoria e disputa judicial
Outro capítulo do embate entre Casa Branca e Fed envolve Lisa Cook, diretora demitida por Trump sob acusação de fraude hipotecária anterior à posse. Dois tribunais federais anularam a exoneração, mas o governo já indicou que recorrerá à Suprema Corte. Cook continua exercendo o mandato de 14 anos iniciado em 2023, apoiada por uma liminar.
O episódio expôs a estratégia de Trump de remodelar o banco central com nomes favoráveis a cortes mais agressivos. Aliados do presidente argumentam que juros elevados encarecem financiamentos, prejudicam pequenos empresários e travam a geração de empregos. Já críticos apontam risco de reacender a inflação se o recuo for precipitado.


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Imagem: Jim Lo Scalzo
Efeitos imediatos nos mercados
Logo após o anúncio, os principais índices de Wall Street renovaram máximas intradiárias: o Dow Jones subiu 0,8%, o S&P 500 ganhou 0,9% e o Nasdaq avançou 1,2%. No mercado de renda fixa, os rendimentos dos Treasury de dez anos caíram para 3,82%, menor nível em três meses, refletindo expectativa de crédito mais barato.
O dólar recuou frente às principais moedas, mas manteve firmeza diante de pares emergentes. Analistas de bancos privados apontam que novos cortes devem aliviar custos de capital para empresas americanas, porém reforçam que a trajetória futura dependerá de dados de inflação. A redução parcial, na avaliação de gestores, foi o mínimo necessário para sinalizar sensibilidade do Fed às condições econômicas sem abrir mão do combate aos preços.
Perspectivas até o fim de 2025
Com o ciclo de afrouxamento agora iniciado, economistas ajustam previsões de crescimento do Produto Interno Bruto para 2,1% neste ano e 1,8% no próximo. O mercado de trabalho, em trajetória de desaceleração organizada, deve criar 120 mil vagas mensais em média até dezembro.
No âmbito político, a relação entre Trump e Powell segue tensa. Caso a Suprema Corte confirme a demissão de Lisa Cook e aprove novos indicados, o FOMC poderá contar com maioria alinhada a cortes mais robustos, cenário que agradaria a Casa Branca e parte do empresariado. Por ora, porém, o Fed mantém tom de cautela, reforçando que cada passo será definido reunião a reunião.
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Em resumo, o Fed reduziu juros pela primeira vez desde o retorno de Trump, deu sinal de novos cortes e manteve discurso de independência, ainda que sob forte pressão do Executivo. Continue conosco para seguir informado sobre os próximos movimentos que podem mexer no bolso dos americanos e influenciar a economia global.
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