Os principais jornais e portais brasileiros mantiveram silêncio sobre dois acontecimentos que, pela relevância institucional, costumam ocupar manchetes de destaque. Trata-se das novas mensagens atribuídas a assessores do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, divulgadas por uma equipe de jornalistas independentes, e do depoimento do ex-funcionário do Departamento de Estado norte-americano Mike Benz à Câmara dos Deputados. Ambos os episódios apontam possíveis violações de direitos e interferência externa no processo eleitoral de 2022.
Série de reportagens expõe atuação de Moraes após 8 de janeiro
O jornalista norte-americano Michael Shellenberger, em conjunto com os brasileiros David Ágape e Eli Vieira, publicou uma série de matérias baseadas em conversas de WhatsApp entre auxiliares diretos de Alexandre de Moraes. As mensagens teriam sido trocadas logo depois das prisões efetuadas em 8 e 9 de janeiro de 2023, em Brasília.
De acordo com os registros, os assessores operavam um grupo secreto que produzia “certidões de inteligência” sem respaldo legal. Esse material era usado para sustentar a manutenção dos detidos, violando, segundo os repórteres, o prazo de 24 horas para audiência de custódia previsto em lei.
As mensagens indicam que a análise de perfis nas redes sociais dos presos buscava qualquer manifestação considerada adversa ao governo federal, inclusive simples menções ao cumprimento da Constituição ou fotos com a camisa da seleção brasileira. Com base nessas verificações, os acusados permaneceriam encarcerados enquanto as buscas prosseguiam.
A reportagem sustenta ainda que o procedimento afrontaria a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e teria caráter político, ao enquadrar manifestantes como participantes de uma tentativa de golpe de Estado. Esses elementos, segundo os autores, reforçariam a narrativa usada em processos atualmente em tramitação no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.
Mensagens destacadas revelam, por exemplo, que o juiz instrutor Airton Vieira encerrou um diálogo interno referindo-se às audiências de custódia com emojis de deboche, atitude replicada por outros participantes do grupo. Para os repórteres, o conteúdo evidencia falta de imparcialidade e indicaria intenção deliberada de prolongar a detenção dos investigados.
Apesar do potencial impacto, veículos de grande circulação não trouxeram as descobertas em suas capas nem dedicaram espaço proporcional em seus portais. A omissão contrasta com o padrão de cobertura aplicado a temas semelhantes envolvendo outras autoridades públicas.
Depoimento na Câmara detalha ação estrangeira no pleito de 2022
Na última quarta-feira (06/08/2025), a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara ouviu o ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos Mike Benz. Em seu testemunho, Benz descreveu o que chamou de “operação coordenada” para influenciar as eleições brasileiras de 2022.
Segundo o depoente, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) teria triplicado seu orçamento destinado ao Brasil no período eleitoral. Os recursos, de acordo com Benz, foram canalizados para organizações não governamentais, sindicatos e agências de checagem de fatos, com o objetivo declarado de “combater a desinformação”, mas, na prática, voltados a desfavorecer a reeleição de Jair Bolsonaro.
Benz relatou que a estratégia incluía monitoramento de redes sociais, impulsionamento de narrativas favoráveis à candidatura de Lula e restrição de alcance para conteúdos classificados como “desordem informacional”. Ele ressaltou que a iniciativa não se tratou de “ação pontual”, mas de um esforço contínuo de censura digital motivado por interesses políticos.
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) avaliou o episódio como “golpe conduzido pelo PT com apoio do governo Biden” e acusou o STF de cooperar com medidas de contenção de discursos oposicionistas. O parlamentar defendeu investigação ampla sobre financiamento estrangeiro e responsabilização de autoridades brasileiras eventualmente envolvidas.


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Apesar do teor das declarações e das possíveis repercussões diplomáticas, a cobertura nos grandes meios também foi limitada. Notas curtas, quando publicadas, omitiram detalhes sobre o aumento de recursos da USAID e não mencionaram a expressão “interferência eleitoral” utilizada por Benz.
Repercussão restrita e questionamentos sobre critérios editoriais
Os dois eventos — a divulgação das conversas atribuídas a assessores de Moraes e o depoimento de Mike Benz — ocorreram em intervalo de poucos dias. Ambos contêm elementos de interesse público: suspeita de abuso de autoridade, violação de dados pessoais, participação de agência estrangeira em processo eleitoral e possível impacto na soberania nacional.
Entidades de juristas e organizações civis cobraram apuração independente, mas o assunto permaneceu confinado a veículos alternativos e redes sociais. Comunicadores especializados em mídia apontam tratamento noticioso dispar, comparado a coberturas anteriores envolvendo denúncias contra figuras ligadas ao governo anterior.
Para leitores e analistas do setor, o silêncio dos grandes grupos reforça a percepção de seletividade editorial. O episódio reacende o debate sobre pluralidade na imprensa e a necessidade de transparência na seleção de pautas que impactam diretamente o Estado de Direito.
As informações divulgadas até o momento não foram contestadas formalmente pelos mencionados. O STF e o Departamento de Estado dos EUA não emitiram notas sobre o conteúdo das reportagens ou o depoimento de Benz.
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Este artigo reuniu os principais fatos sobre as novas denúncias contra Alexandre de Moraes e as alegações de interferência dos EUA na eleição de 2022. Continue acompanhando nossa cobertura e compartilhe a informação para ampliar o debate público.
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