Brasília, 30 de agosto de 2025 – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes enfrenta novo obstáculo internacional. Depois de ver a Espanha rejeitar a extradição do jornalista Oswaldo Eustáquio em fevereiro, Moraes solicitou à Itália que entregue seu ex-assessor Eduardo Tagliaferro, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto vazamento de informações sigilosas. Juristas avaliam que o pedido tem alto risco de ser negado, já que cortes europeias e a Corte Interamericana de Direitos Humanos afirmam que whistleblowers – denunciantes de interesse público – merecem proteção contra perseguição política.
Acusações da PGR e o argumento de perseguição
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou Tagliaferro neste mês por violação de sigilo funcional, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, obstrução de investigação e coação no curso do processo. Se condenado, o ex-assessor pode pegar até 22 anos de prisão. Para o Ministério Público, ao revelar conversas internas do gabinete de Moraes e da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tagliaferro teria divulgado “narrativa fraudulenta” para favorecer uma organização criminosa ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em contraposição, entidades de combate à corrupção, como a Transparência Internacional, sustentam que Tagliaferro agiu como whistleblower. O ex-servidor alegou ter apresentado provas de que o TSE silenciou mais de três mil perfis em redes sociais durante o período eleitoral. Ele afirma sofrer perseguição política desde que as conversas internas, apelidadas de “Vaza Toga”, foram publicadas por veículos de imprensa em 2024.
Precedentes internacionais que podem embasar a recusa
Especialistas recordam decisões recentes de tribunais internacionais que reforçam a proteção a denunciantes. Em 2023, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Equador por retaliar o ex-militar Julio Rogelio Viteri Ungaretti, que denunciou corrupção nas Forças Armadas. A sentença declarou que, ainda que a denúncia venha a se mostrar imprecisa, não se deve punir quem agiu de boa-fé.
No Tribunal Europeu de Direitos Humanos – instância à qual a Itália está vinculada – dois casos ganharam destaque. Em 2008, a corte garantiu reintegração a servidor da Procuradoria-Geral da Moldávia demitido após divulgar cartas que tentavam influenciar processos penais. Em 2023, Luxemburgo foi condenado por punir o francês Raphaël Halet, ex-funcionário da PricewaterhouseCoopers, responsável pelo vazamento de documentos fiscais de grandes empresas.
Para o procurador e professor de Direito Internacional Vladimir Aras, esses precedentes deixam claro que a extradição deve ser barrada quando as revelações tenham valor público e haja indícios de perseguição. “A livre expressão do pensamento e a proteção do interesse coletivo prevalecem”, escreveu o jurista na rede X.
Tratado Brasil–Itália prevê veto em caso de motivação política
O acordo de extradição assinado por Brasil e Itália veda a entrega de solicitados quando houver “razões ponderáveis” para supor que a pessoa será punida por “opiniões políticas” ou submetida a tribunal de exceção. O mesmo dispositivo foi invocado pela Espanha ao negar, em maio, o envio de Oswaldo Eustáquio. À época, a Audiência Nacional registrou “motivação política evidente” no pedido do STF.
Além disso, Moraes entrou recentemente na lista de sanções do governo dos Estados Unidos por violações de liberdade de expressão. A inclusão, segundo analistas, pode influenciar a visão de autoridades europeias, reforçando o argumento de perseguição contra opositores.


IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada




Imagem: Andre Borges
Defesa cobra acesso aos autos
O advogado Eduardo Kuntz, que representa Tagliaferro, declarou não ter recebido toda a documentação da denúncia. “Ainda não temos ciência do que efetivamente existe contra ele”, afirmou. Kuntz pretende invocar todos os precedentes internacionais para evitar a extradição e classificou o caso como “perseguição política evidente”.
Cenário político e próximos passos
Caso a Itália recuse o pedido, Moraes somará segundo revés consecutivo em cortes europeias. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, já formalizou o requerimento, mas não há prazo definido para decisão da Justiça italiana. Enquanto isso, Tagliaferro permanece no país europeu, onde busca reconhecimento oficial de status de refugiado.
Se a corte italiana concordar com a tese de whistleblower, o precedente poderá afetar investigações no Brasil que envolvem denúncias internas contra órgãos de Estado. Já se a extradição for concedida, Tagliaferro retornará ao país para responder às acusações no STF.
Para acompanhar outras movimentações no cenário político, visite a seção de Política e fique por dentro dos desdobramentos.
Em síntese, o resultado na Itália terá impacto direto na credibilidade internacional do Supremo e na eficácia das iniciativas de Moraes contra quem divulga informações internas. Continue acompanhando nosso site e receba atualizações em tempo real.
Para informações oficiais e atualizadas sobre política brasileira, consulte também:

Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS


Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no Geral de Notícias, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!