Brasília, 30 de setembro de 2025 – O ressurgimento da Missa Tridentina, impulsionado principalmente pela geração Z, vem evidenciando um conflito litúrgico mais amplo na Igreja Católica. Jovens fiéis demonstram crescente preferência pela Forma Extraordinária do Rito Romano, enquanto parte do episcopado busca limitar não apenas esse rito, mas também qualquer sinal de maior reverência na liturgia pós-Concílio Vaticano II.
Influenciadores e juventude defendem a tradição
A discussão ganhou novo fôlego quando o National Catholic Reporter publicou artigo de opinião assinado pela influenciadora norte-americana Roxie Beckles, conhecida nas redes como “That Black Catholic Chick”. Ela afirmou que a popularidade da Missa Tridentina não nasce de nostalgia ou extremismo, mas de “uma busca por estabilidade e transcendência”. Segundo Beckles, os jovens rejeitam “entretenimento ou teologia aguada”; desejam uma celebração que envolva corpo, mente e alma por meio de elementos como latim, incenso, canto gregoriano e silêncio sagrado.
O engajamento em suas redes confirma essa tendência. Conteúdos sobre liturgia tradicional geram os maiores índices de participação, enquanto eventos como o Jubileu dos Missionários Digitais, realizado em Roma no fim de julho, reforçaram a percepção de que a geração Z procura a solenidade que considera ausente em muitas paróquias.
Pronunciamentos de Roma reforçam o direito à reverência
Recém-eleito, o papa Leão XIV também abordou a questão. Em 14 de maio, ele destacou diante de representantes das Igrejas Orientais a “necessidade de recuperar o sentido do mistério” e elogiou liturgias que “envolvem a pessoa humana na totalidade”. Em entrevista posterior, o pontífice recordou que o rito promulgado por São Paulo VI permite celebrações em latim, uso de canto gregoriano, orientação versus Deum e comunhão na boca. Para Leão XIV, abusos verificados na forma ordinária prejudicaram fiéis que buscam profunda experiência de oração — lacuna suprida, em muitos casos, pela Missa Tridentina.
Documentos como a instrução Memoriale Domini (1969) confirmam que a comunhão de joelhos e na boca continua normativa, cabendo às conferências episcopais apenas autorizar a prática na mão. Nada impede, portanto, que paróquias adotem elementos mais solenes no rito novo, desde que observadas as rubricas.
Restrição vai além da Missa Tridentina
Apesar dessas garantias, diferentes dioceses têm endurecido regras desde a publicação do motu proprio Traditionis custodes em 2021. Menos de 48 horas após o documento, um bispo em Porto Rico proibiu o uso da casula romana. Outros prelados passaram a coibir a comunhão ajoelhada, vetar o latim em qualquer parte da celebração ou impedir o sacerdote de celebrar versus Deum. Tais proibições ocorrem sem autorização da Santa Sé e afetam inclusive a forma ordinária do rito, indicando resistência não apenas ao Missal de 1962, mas a gestos tradicionais de reverência.
Analistas recordam que, ao restringir sinais externos de sacralidade, alguns bispos correm o risco de esvaziar o conteúdo teológico da missa, reduzindo-a a “reunião comunitária”. Estudos recentes apontam correlação entre perda de símbolos litúrgicos e queda na crença na Presença Real de Cristo na Eucaristia, fenômeno que preocupa diversos papas desde São João Paulo II.
Acesso desigual e pedido de coerência pastoral
Na prática, fiéis que desejam celebrações solenes enfrentam dificuldade. A oferta de Missas Tridentinas continua limitada, e a celebração reverente do rito de São Paulo VI ainda depende da disposição de cada pároco. A situação gera apelos por coerência pastoral: se a hierarquia pretende concentrar a vida litúrgica no missal pós-conciliar, argumentam leigos e clérigos, deveria ao menos incentivar a observância plena das rubricas, mantendo latim facultativo, canto gregoriano e orientação tradicional do presbítero.


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Diante desse quadro, o debate ultrapassa a questão de um rito específico e toca o cerne da identidade católica. Jovens católicos pedem que a liturgia espelhe “o peso e a glória” da fé; parte do clero teme que apego à tradição dificulte a unidade. Entre ambas as posições, a Santa Sé reafirma o princípio de que a missa deve ser celebrada “dignamente e sem adições arbitrárias”, conforme escreveu o papa Francisco na carta apostólica Desiderio desideravi.
O desenlace dependerá da resposta episcopal às demandas por maior reverência. Até lá, o crescimento espontâneo da Missa Tridentina permanece como indicador de que a procura por mistério e beleza continua viva na Igreja, especialmente entre os mais novos.
Outras análises sobre temas ligados à fé e ao cenário político-religioso podem ser encontradas em nosso caderno de Política, que reúne cobertura atualizada sobre decisões que impactam a sociedade.
Em resumo, a expansão da liturgia tradicional revela uma juventude sedenta de sacralidade e expõe a necessidade de coerência litúrgica dentro da Igreja. Acompanhe nossas atualizações e compartilhe este artigo para ampliar o debate sobre o futuro da celebração eucarística.
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