O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta sexta-feira (5) que ainda não telefonou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar da tarifa de 50% imposta contra produtos brasileiros. Segundo Lula, o diálogo não ocorreu porque, nas palavras dele, Trump “não quer conversar”.
Tarifa de 50% expõe atrito comercial e político
No final de março, a Casa Branca fixou sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras, abrindo exceções pontuais, mas vinculou qualquer negociação à suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. O Palácio do Planalto e o STF rejeitaram a condição norte-americana, mantendo o processo contra Bolsonaro.
Diante do impasse, Lula afirmou possuir intermediários para lidar com Washington: o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o chanceler Mauro Vieira. “Pergunte se alguém tem interlocutor com os EUA? Não tem”, declarou, atribuindo aos americanos um “comportamento político” em relação ao Brasil.
A fala contrasta com o impacto prático da medida. Uma tarifa de 50% encarece itens brasileiros em setores como agronegócio, metalurgia e produtos de consumo, reduzindo competitividade e afetando a balança comercial. Empresários pressionam o governo por rapidez diplomática, enquanto autoridades norte-americanas reforçam que o julgamento de Bolsonaro é “questão interna do Brasil”, porém condição para destravar o diálogo.
Lula critica Trump, mas diz estar disposto a negociar
Apesar da crítica direta ao republicano, Lula afirmou que “o Lula paz e amor está de volta” e que, quando Trump quiser negociar, encontrará “um metalúrgico preparado”. O presidente reiterou que aprendeu a negociar com “magnatas” e culpa a Casa Branca por eventual repasse de custos ao consumidor norte-americano. “O povo americano vai pagar mais caro pelos produtos que compram da gente”, alertou.
Trump, por sua vez, avançou além das tarifas. O governo norte-americano incluiu o ministro do STF Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky, regime que restringe transações com entidades ligadas a pessoas acusadas de violação de direitos ou corrupção. A sanção atinge contas, ativos e parcerias de empresas sediadas nos EUA, ampliando o desconforto diplomático.
Condição de Washington liga julgamento de Bolsonaro à pauta comercial
Em documento oficial, a administração Trump sustenta que não negociará antes de o Supremo decidir sobre a acusação de golpe de Estado envolvendo Bolsonaro. Integrantes do Planalto classificaram o vínculo como “inaceitável”, argumento repetido por Lula na entrevista ao SBT: “Cada um cuida do seu galinheiro, do nosso cuidamos nós”.
A posição gera críticas de setores produtivos que enxergam lentidão do governo federal. Exportadores de proteína, minério e manufaturas avaliam que a escalada tarifária empurra compradores norte-americanos para fornecedores asiáticos. Associações patronais pedem ação direta do presidente para conter prejuízos e evitar que a sobretaxa se torne permanente.
Ausência de diálogo desperta cobrança
Desde o anúncio das tarifas, diplomatas brasileiros buscaram encontros técnicos em Washington, mas, segundo relatos obtidos junto a fontes do Itamaraty, as portas permanecem fechadas enquanto o episódio Bolsonaro não for resolvido. Congressistas republicanos favoráveis ao ex-presidente brasileiro defendem endurecimento contra Lula, sob argumento de que a investigação no STF tem motivação política.


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Imagem: Internet
A estratégia de Lula contrasta com práticas de administrações passadas que priorizaram conversas diretas em crises comerciais. Ao delegar a tarefa a ministros e evitar ligação ao Salão Oval, o Palácio do Planalto transmite sinal de que não aceitará pressão vinculando política interna a pauta econômica. Contudo, a falta de gesto pessoal do chefe de Estado pode prolongar a incerteza em setores que dependem do mercado norte-americano.
Impactos internos e próximos passos
Se mantida, a sobretaxa de 50% pode afetar a arrecadação, reduzir investimentos produtivos e pressionar empregos ligados à exportação. Economistas calculam que, somadas, as restrições podem significar queda de até US$ 4 bilhões nas vendas externas brasileiras em 12 meses. Em resposta, o governo analisa contramedidas na Organização Mundial do Comércio, mas ainda não formalizou queixa.
Enquanto o Planalto decide o caminho, a tensão política entre Lula e Trump adiciona componente ideológico à disputa. Aliados do presidente brasileiro insistem que o governo norte-americano usa o comércio como instrumento de pressão sobre o Judiciário do Brasil. Já parlamentares de oposição acusam Lula de negligenciar parceiros estratégicos e colocar afinidades partidárias acima dos interesses nacionais.
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Em resumo, o impasse permanece: Trump vincula a redução das tarifas ao destino de Jair Bolsonaro no STF, enquanto Lula evita o contato direto e delega a negociação. A decisão sobre quem cederá primeiro definirá o futuro do comércio bilateral. Siga nossa cobertura e receba atualizações em tempo real.
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