O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “bobagem” a declaração de Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, que mencionou a possibilidade de os Estados Unidos recorrerem ao seu “poder econômico e militar” contra o Brasil. A fala de Lula foi concedida em entrevista à TV Band, gravada antes do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal, concluído nesta quinta-feira (11).
A origem do atrito comercial
Na terça-feira (9), Leavitt afirmou que o presidente Donald Trump aplicou tarifas e sanções ao Brasil para “proteger a liberdade de expressão” e que Washington não hesitaria em usar instrumentos econômicos e, se preciso, militares para garantir esse objetivo. A declaração veio na esteira da sobretaxa de 50% imposta a produtos brasileiros que entram no mercado norte-americano.
Além da tarifa, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) abriu investigação contra o Brasil, atendendo a queixas de entidades empresariais norte-americanas. Esses grupos acusam o governo brasileiro de práticas que, segundo eles, restringem o ambiente de competição e violam compromissos internacionais.
O Palácio do Planalto, por meio de nota divulgada nesta quinta, contestou a iniciativa, alegando que “preocupações setoriais” deveriam ser tratadas por meio de diálogo bilateral, e não por medidas unilaterais que prejudiquem “interesses econômicos compartilhados”.
Resposta de Lula e postura do governo
Questionado sobre as palavras da porta-voz, Lula disse que não se sente obrigado a responder a um membro secundário da Casa Branca. “Não cabe ao presidente da República responder a porta-voz”, afirmou. Apesar de minimizar o tom da ameaça, o petista fez questão de sublinhar que “os Estados Unidos vão saber que não estão tratando com uma república de banana”.
Desde o anúncio da sobretaxa, o governo federal tem adotado discurso centrado na defesa da soberania, mas ainda não conseguiu uma conversa direta entre Lula e Trump. O mandatário norte-americano chegou a sinalizar que o colega brasileiro poderia ligar “quando quiser”, após recusar contato inicial. Enquanto isso, o diálogo ocorre principalmente por meio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Para mitigar impactos sobre exportadores brasileiros, o Executivo liberou, em agosto, uma linha de crédito de R$ 30 bilhões. O recurso, instituído por medida provisória, visa socorrer setores diretamente afetados pela tarifa de 50%.
Alianças e telefonemas internacionais
Em reação ao endurecimento comercial dos EUA, Lula intensificou contatos com outras potências. Nos últimos dois meses, conversou com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o líder chinês, Xi Jinping. Também manteve diálogo com o presidente francês Emmanuel Macron e recebeu delegações estrangeiras em Brasília. A estratégia declarada pelo Planalto é diversificar mercados, reduzindo a dependência do consumidor norte-americano.


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Imagem: Internet
Repercussão nos Estados Unidos
Enquanto o Planalto rebate a nova política tarifária, vozes do Partido Republicano insistem em associar as medidas a questões internas do Brasil. O senador Marco Rubio declarou que Bolsonaro foi “condenado injustamente” no STF e prometeu que os EUA reagirão “adequadamente”. O próprio Trump, ao ser perguntado em Washington, disse estar “surpreso” com a condenação imposta ao ex-presidente brasileiro.
Próximos passos e cenário político
A tensão comercial eleva a incerteza para empresas instaladas no Brasil que dependem do mercado americano. Do lado brasileiro, interlocutores esperam que a pressão do setor privado nos EUA leve o governo Trump a flexibilizar a sobretaxa, evitando que parceiros busquem fornecedores alternativos.
Já em Brasília, o Planalto mantém o discurso de que prefere o diálogo, mas não descarta contramedidas caso a Casa Branca avance com novas barreiras. Técnicos dos ministérios da Fazenda, das Relações Exteriores e da Indústria trabalham em relatórios para quantificar prejuízos e preparar eventual contestação na Organização Mundial do Comércio.
Para acompanhar as movimentações no Congresso que podem influenciar essas negociações, veja também a cobertura em Política.
Em resumo, Lula desconsidera a ameaça verbal de uma porta-voz, mas o embate tarifário com Washington permanece. Acompanhe nossas atualizações e saiba como essa disputa pode afetar a economia brasileira.
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