Brasília, 4 de agosto de 2023 — Um levantamento nacional do Instituto IBESPE, realizado de 1º a 3 de agosto, indica que a maior parte dos brasileiros interpreta a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos nacionais como uma retaliação política, refutando a versão econômica apresentada pelo Palácio do Planalto. Para 60% dos entrevistados, a decisão norte-americana tem motivação política; apenas 29,7% enxergam razões estritamente comerciais.
Percepção de retaliação política domina opinião pública
O cenário apontado pelo IBESPE mostra que a narrativa oficial não convenceu a população. De acordo com o coordenador da pesquisa, cientista político Marcelo Di Giuseppe, o resultado “revela uma consciência política que vai além da superfície das narrativas” e confirma que a maioria dos brasileiros compreende o contexto geopolítico da medida adotada por Washington.
Entre os respondentes que se informam principalmente por redes sociais, 68,7% classificam a tarifa como retaliação. O índice também permanece elevado, 62,3%, entre quem recorre sobretudo à televisão. A diferença mínima demonstra que os grandes grupos de comunicação não conseguiram sustentar a tese de motivação econômica nem mesmo entre o público que tradicionalmente acompanha a mídia convencional.
Lula lidera lista de responsabilização
Questionados sobre quem seria o principal responsável pela crise tarifária, 25,3% dos brasileiros apontaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O índice supera os 19,9% atribuídos ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e os 11,5% associados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Outros atores citados foram o governo brasileiro em geral (7,7%) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes (2,8%).
Alvo de críticas por ter denunciado o STF em organismos internacionais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro foi responsabilizado por somente 2,8% dos entrevistados. Para Di Giuseppe, o dado confirma que “a tentativa de rotulá-lo como traidor não encontrou respaldo popular”.
O levantamento também identificou diferenças significativas conforme a escolha eleitoral de 2022. Entre eleitores de Jair Bolsonaro, 39% culpam Lula pela situação com Washington. Já entre quem votou no petista no segundo turno, 24,4% atribuem a ele a responsabilidade — proporção que, mesmo menor, aponta frustração dentro do próprio eleitorado governista.


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Uniformidade na avaliação entre perfis de mídia
A pesquisa revela uma convergência incomum entre diferentes perfis de consumo de informação. O entendimento de que a tarifa tem caráter político é majoritário tanto entre usuários assíduos de redes sociais quanto entre telespectadores tradicionais. Analistas do instituto consideram que esse resultado expõe o enfraquecimento do monopólio interpretativo antes exercido por veículos convencionais.
Para Di Giuseppe, “meios alternativos de informação estão conseguindo romper a hegemonia narrativa”, fator que contribui para a percepção crítica sobre ações do governo federal. Ao mesmo tempo, o resultado sugere que o Planalto não conseguiu formular uma comunicação efetiva capaz de sustentar sua versão dos fatos.
Metodologia do levantamento
O IBESPE entrevistou presencialmente 1.500 pessoas em todas as regiões do país, com margem de erro de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%. O questionário abordou a visão sobre a tarifa norte-americana, a atribuição de responsabilidades e o principal meio de obtenção de notícias dos participantes. Os dados mostram que, independentemente da fonte de informação, prevalece o entendimento de que a decisão de Washington não se limita a aspectos comerciais.
Em síntese, a pesquisa evidencia a perda de credibilidade da narrativa econômica sustentada pelo governo Lula e confirma que a maioria dos brasileiros interpreta a tarifa de 50% como resposta política dos Estados Unidos. Além disso, coloca o presidente brasileiro no centro da responsabilização pública, superando até mesmo Donald Trump, e demonstra que nem a base eleitoral petista está imune às críticas sobre a condução da política externa.

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