O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou nesta segunda-feira, 8 de setembro, uma videoconferência extraordinária com os chefes de Estado do Brics para endurecer o tom contra a política tarifária do ex-presidente norte-americano Donald Trump. De Brasília, Lula abriu o encontro de cerca de 90 minutos, afirmando que “a chantagem tarifária” ameaça a soberania de economias emergentes e põe em risco os pilares do comércio internacional.
Críticas diretas às medidas de Washington
Diante de líderes de China, Rússia, Índia, África do Sul, Irã, Egito, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e Etiópia, o petista declarou que “princípios basilares do livre-comércio foram enterrados” após a ampliação de tarifas decretadas por Trump desde julho. Sem mencionar o ex-presidente dos Estados Unidos pelo nome, Lula acusou a Casa Branca de usar barreiras comerciais como instrumento de pressão política e econômica contra países que buscam ampliar mercados.
O brasileiro citou a possibilidade de Washington adotar tarifas secundárias contra nações que mantenham relações comerciais com a Rússia, membro fundador do bloco. Segundo ele, tal medida limitaria a “liberdade de fortalecer o comércio com países amigos” e abriria precedente perigoso no sistema multilateral. “Em poucas semanas, medidas unilaterais transformaram em letra morta as cláusulas de Nação Mais Favorecida e de Tratamento Nacional”, afirmou.
A ofensiva verbal ocorre enquanto Lula exerce a presidência rotativa do Brics. Desde a cúpula presencial realizada no Rio de Janeiro, em julho, ele vem reiterando oposição às práticas de Trump e tenta posicionar o bloco como alternativa ao “unilateralismo”.
Defesa de protagonismo do Brics
Lula apresentou estatísticas para sustentar o peso geopolítico do grupo: 40% do Produto Interno Bruto global, 26% do comércio internacional e quase metade da população mundial. Segundo ele, esses números conferem “legitimidade” para que o Brics lidere uma “refundação do sistema multilateral de comércio”. O presidente argumentou que somente um arcabouço global reformado atenderia às necessidades de desenvolvimento de países emergentes.
Enquanto denunciava as barreiras tarifárias, o chefe do Executivo brasileiro também citou conflitos internacionais. Criticou a guerra na Ucrânia, pediu solução negociada que considere “preocupações de segurança de todas as partes” e voltou a condenar ações de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Lula informou que o Brasil ingressou como parte na ação da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça.
O discurso incluiu menções ao terrorismo. O presidente repudiou “o sequestro e assassinato de inocentes pelo Hamas” e atentados na Caxemira, reforçando que “o vazio de crises não solucionadas” alimenta novos ciclos de violência.
Agenda internacional carregada
O encontro virtual serviu como preparação para a 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, marcada para 23 de setembro em Nova York. Lula também enumerou compromissos à frente da Cúpula de Líderes do G20, prevista para novembro, e da COP 30, agendada para 2026, ressaltando que o Brics terá papel central nessas discussões.
Ao final da videoconferência, não houve anúncio de medidas concretas do bloco contra as tarifas americanas. A expectativa é de que um posicionamento mais detalhado apareça no comunicado que o Itamaraty pretende levar à ONU. Ainda assim, o presidente brasileiro deixou claro que continuará usando o Brics como plataforma de contestação às políticas definidas por Trump.


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Imagem: Antônio Lacerda
Reação e próximos passos
Até o momento, o governo dos Estados Unidos não comentou as declarações. Analistas em Washington ressaltam que as tarifas visam proteger a indústria nacional em setores estratégicos. Já a diplomacia brasileira entende que as medidas configuram “interferência em assuntos internos” de outros países.
Enquanto isso, integrantes do Ministério das Relações Exteriores em Brasília trabalham em documento que detalhe eventuais contramedidas comerciais e busque apoio de outras economias emergentes. A expectativa é de que a proposta seja apresentada durante a Assembleia Geral da ONU.
Dentro do Brasil, a ofensiva de Lula encontra resistência de setores produtivos que temem retaliações norte-americanas. Exportadores de proteína animal e de minério monitoram possíveis impactos, já que os Estados Unidos permanecem entre os principais destinos desses produtos.
O tema deverá ganhar novos capítulos nas próximas semanas, quando Trump participará de eventos partidários nos Estados Unidos e poderá responder publicamente às críticas. No Brics, a presidência rotativa ficará sob comando brasileiro até o fim do ano, garantindo a Lula espaço para insistir na pauta contra tarifas.
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Em resumo, Lula utilizou a liderança temporária do Brics para ampliar o confronto verbal contra a estratégia tarifária de Donald Trump e buscar apoio à defesa do multilateralismo. Siga o Geral de Notícias e receba os próximos desdobramentos diretamente no seu dispositivo.
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