O tradicional Desfile de 7 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, será palco para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) direcionar críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-mandatário norte-americano Donald Trump. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) planejou o evento sob o slogan “Brasil Soberano”, apontado por auxiliares como ponto de partida da campanha pela reeleição em 2026.
Recados ao exterior e culpabilização de adversários
De acordo com o cerimonial, nove pessoas — crianças e adultos — desfilarão usando camisetas amarelas que, juntas, formarão a palavra “soberania”. Também será exibido um bandeirão com a frase “Brasil Soberano”, concebido para responder às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e atribuir responsabilidade a Bolsonaro pela medida.
Lula pretende ainda criticar o suposto “tarifaço” norte-americano em um pronunciamento de seis minutos, agendado para a véspera do feriado e transmitido em cadeia nacional de rádio e TV. O discurso defenderá o sistema Pix, qualificará adversários de “traidores da pátria” e reforçará a retórica de soberania, já usada em 2024 contra o empresário Elon Musk.
O Palácio do Planalto convidou ministros do Supremo Tribunal Federal para acompanhar o desfile ao lado de Lula. A presença do Judiciário, em meio ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe em 2022, busca sinalizar alinhamento institucional e fortalecer a narrativa governista.
Mobilização da esquerda e cautela de Lula
Partidos de esquerda organizam manifestações paralelas em pelo menos 18 capitais. A principal concentração é planejada para a Praça da República, em São Paulo, sob palavras de ordem como “Quem manda no Brasil é o povo brasileiro”. Mesmo assim, Lula não participará dos atos, receoso de baixa adesão que possa evidenciar fragilidade de apoio popular.
O presidente do PT, Edinho Silva, descreveu as mobilizações como “pontapé” para a corrida presidencial de 2026. A estratégia ocorre após pesquisas indicarem leve recuperação na aprovação de Lula. A Secom pretende intensificar agendas com forte apelo eleitoral e publicidade institucional, reforçando viagens pelo país nos próximos meses.
Resistência conservadora e defesa da anistia
Do lado oposto, aliados de Jair Bolsonaro programam manifestações na mesma data. O foco será a Avenida Paulista, onde líderes evangélicos e parlamentares pedirão a anistia de presos pelo episódio de 8 de janeiro de 2023 e protestarão contra decisões do ministro Alexandre de Moraes.
O ex-presidente, em prisão domiciliar desde agosto, não comparecerá. Ainda assim, organizadores esperam repetir a mobilização de agosto, que levou milhares às ruas. O governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o mineiro Romeu Zema (Novo) confirmaram presença, assim como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Tarcísio defende que “anistia e perdão são remédios para pacificar o país”.
Confronto de narrativas no Dia da Independência
O feriado nacional se transforma, portanto, em disputa direta pelas cores e símbolos da Pátria. A Secom tenta “ressignificar” o verde-amarelo, tradicionalmente associado a manifestações conservadoras, enquanto a oposição mantém o tom patriótico de suas mobilizações.


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Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom
Ao convidar ministros do STF, Lula busca legitimar seu discurso de soberania e respaldar o julgamento que ameaça tornar Bolsonaro inelegível. Paralelamente, sua equipe coloca Trump no centro da polêmica, atribuindo ao governo republicano a alta de tarifas. A tática pretende reunir simpatizantes internos contra um adversário externo, transferindo o debate econômico para o campo político.
Pontos-chave do evento
Quem: Presidente Lula, ministros do STF, apoiadores e opositores.
O quê: Desfile cívico do 7 de Setembro, com ato pró-governo e manifestações rivais.
Quando: Domingo, 7 de setembro.
Onde: Esplanada dos Ministérios, Brasília, e capitais nos demais atos.
Como: Pronunciamento oficial, alegorias de “soberania” e mobilização das bases.
Por quê: Impulsionar a imagem de Lula, rebater Trump, responsabilizar Bolsonaro e projetar a campanha de 2026.
Enquanto o Palácio do Planalto investe recursos públicos para promover o novo slogan e reforçar a presença do Judiciário ao lado do Executivo, a oposição confia na força popular das ruas para sustentar a defesa de Bolsonaro e pressionar por anistia. A convergência das duas agendas coloca o Dia da Independência no centro do debate eleitoral antecipado.
Para quem acompanha a política nacional, vale conferir outras atualizações em nossa editoria de Política, onde publicamos análises e desdobramentos sobre decisões do Congresso e do Judiciário.
Em síntese, o 7 de Setembro deste ano deixará em evidência o uso do evento cívico como vitrine eleitoral. Acompanhe os resultados, compartilhe com amigos e permaneça informado para entender como essa disputa afetará os próximos passos da cena política.
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