O papa Leão XIV concedeu a primeira entrevista extensa de seu pontificado à jornalista Elise Ann Allen, do portal americano Crux. Dividida em seis partes, a conversa realizada em julho foi publicada no fim de setembro de 2025 e detalha a visão do pontífice sobre temas que hoje polarizam a Igreja Católica, como família, moral sexual, sinodalidade, participação de mulheres na hierarquia e celebração da Missa Tridentina.
Papado centrado na fé e avesso à polarização
Logo no início da entrevista, Leão XIV explicou que enxerga o próprio ofício como a missão de “confirmar os irmãos na fé”. Segundo ele, essa tarefa se sobrepõe a qualquer pretensão de resolver questões políticas ou sociais. O papa reconheceu que a polarização, típica da sociedade contemporânea, também alcançou a Igreja, mas declarou que seu propósito não é “continuar a polarizar, nem promover polarização”. Em tom de compromisso, afirmou que deseja manter pontes tanto com católicos que pleiteiam reformas quanto com fiéis que consideram ter havido avanços excessivos nos últimos anos.
Sobre o conteúdo do Evangelho, Leão XIV salientou que “anunciar a Boa Nova” permanece o núcleo da ação apostólica. Ele admite não possuir, neste momento, um “plano fechado” para cada tensão interna, mas reafirma que a doutrina deve ser o eixo de todo diálogo.
Família, moral sexual e acolhida sem alterações doutrinárias
No trecho mais esperado da entrevista, o pontífice tratou diretamente da comunidade LGBT. Ele recordou a frase de Francisco — “todos, todos, todos” são convidados a integrar a Igreja —, porém esclareceu que o convite se baseia na dignidade de filhos de Deus, e não em identidades específicas. Não há, segundo o papa, espaço para mudanças na moral sexual católica. Leão XIV descreveu como “fundamental” a manutenção do entendimento do matrimônio: união entre homem e mulher, aberta à vida e elevada a sacramento. Para ele, famílias ditas “tradicionais” precisam de apoio particular no cenário cultural atual.
Ao comentar iniciativas de conferências episcopais que criaram ritos de bênção para uniões do mesmo sexo, o papa disse que tais práticas se opõem às diretrizes da declaração Fiducia supplicans. Esse documento, publicado no fim de 2023, autorizou bênçãos a indivíduos sem configurar reconhecimento litúrgico da relação. Leão XIV reiterou que “os indivíduos serão acolhidos e recebidos”, mas que a ritualização de pares homoafetivos não corresponde ao ensinamento católico.
Ordenação feminina e presença de mulheres na cúria
Questionado sobre o papel das mulheres, o pontífice confirmou que manterá a reforma administrativa de Francisco, que permite participação feminina em posições de gestão na Cúria Romana. Todavia, descartou mudanças na disciplina sacramental. Ele afirmou “não ter intenção, neste momento, de alterar a doutrina” quanto ao diaconato feminino e lembrou que São João Paulo II já definiu de forma definitiva a impossibilidade de ordenação sacerdotal de mulheres. Para Leão XIV, a pressão por acesso feminino às ordens sagradas revela uma faceta de clericalismo e requer estudo teológico prévio sobre o sentido próprio do diaconato.
Sinodalidade: escuta sem ruptura doutrinária
Participante das duas sessões do Sínodo sobre a Sinodalidade, em 2023 e 2024, Leão XIV descreveu o conceito como “atitude, abertura e desejo de compreender”. Ele insistiu que cada fiel — leigo, sacerdote ou bispo — possui espaço de contribuição, mas negou que sinodalidade equivalha a revisar o depósito da fé. Conforme seu relato, a metodologia sinodal visa evitar que qualquer voz seja abafada, não transferir decisões de doutrina à maioria.
Missa Tridentina volta à mesa de diálogo
No final da entrevista, o papa reconheceu as divisões em torno da liturgia tradicional em latim. Relatou que pretende ouvir pessoalmente grupos ligados à Missa Tridentina e declarou não saber “como o tema terminará”. Embora não tenha prometido revogar o motu proprio Traditionis custodes, promulgado em 2021, Leão XIV observou que certos abusos na celebração do rito de Paulo VI afastam fiéis que buscam maior solenidade. Ao admitir essa deficiência, sinalizou abertura para encontros futuros, possivelmente durante a peregrinação Summorum Pontificum marcada para outubro.


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Imagem: Vatican Media handout
Encontros com alas opostas e foco em pontes
Antes da entrevista vir a público, Leão XIV recebeu figuras de correntes divergentes, entre elas o cardeal Raymond Burke, o cardeal Robert Sarah e o padre James Martin. O Vaticano não comentou o conteúdo dessas audiências. O gesto indica a disposição do pontífice em dialogar com vozes consideradas antagônicas dentro da Igreja.
Em síntese, a primeira grande entrevista do papa apresenta um líder disposto a escutar, mas firme em pontos centrais: a defesa da família formada por homem e mulher, a imutabilidade da moral sexual, a impossibilidade de ordenação feminina e o reconhecimento da Missa Tridentina como legítima expressão de fé quando celebrada corretamente.
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Resumo: Leão XIV busca unir católicos, reforça princípios tradicionais e abre canal para conversas litúrgicas. Acompanhe nossos próximos artigos e receba alertas para não perder nenhum desdobramento.
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