Uma paródia intitulada “Só não vai Jair” tornou-se um dos conteúdos mais compartilhados nas redes sociais desde sábado, 19 de julho de 2025. A música faz referência direta às restrições aplicadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de acessar redes sociais.
Origem da canção e adaptações
O autor da composição original é o músico Chinaiana, que lançou a paródia em tom de sátira logo após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, proferida em 18 de julho. No dia seguinte, o podcast “Medo e Delírio em Brasília” apresentou uma nova versão, interpretada pelo narrador Cristiano Botafogo, adicionando trechos de áudio, memes e imagens de Bolsonaro utilizando a tornozeleira.
Com refrão repetitivo e ritmo dançante, a letra descreve situações típicas de fim de semana: sair com amigos, passar no bar e beber cerveja. A cada estrofe, o tema retorna à impossibilidade de participação do ex-mandatário nas atividades: “Chegou o fim de semana, todo mundo vai sair. Só não vai Jair”. O contraste entre a rotina social livre dos demais personagens e as limitações impostas a Bolsonaro é o elemento central da sátira.
Entenda as restrições impostas pelo STF
Na sexta-feira, 18 de julho, Alexandre de Moraes atendeu a pedido da Polícia Federal no inquérito que apura suposta tentativa de golpe de Estado. Entre as medidas cautelares, o ministro determinou:
• instalação de tornozeleira eletrônica;
• recolhimento domiciliar das 19h às 7h;
• proibição de comunicação com outros investigados;
• suspensão do uso de redes sociais.
Segundo a decisão judicial, as restrições visam evitar “risco concreto de obstrução de investigações” e impedir mobilização de apoiadores para contestar o processo em curso.
Repercussão e métricas de engajamento
Na manhã de quarta-feira, 23 de julho, vídeos com a paródia somavam mais de 5 milhões de visualizações no X (antigo Twitter), TikTok e Instagram. O trecho mais replicado apresenta a cena de amigos combinando um encontro e, em seguida, a frase: “Tem só um que eu não ligo, pois nunca pode sair”. A combinação de humor e contexto político impulsionou comentários, remixes e challenges em que usuários dançam enquanto simulam a tornozeleira eletrônica.
Imagem: poder360.com.br
Influenciadores de diferentes espectros políticos compartilharam a música. Perfis alinhados à oposição destacaram o caráter humorístico, enquanto grupos simpatizantes do ex-presidente classificaram o conteúdo como “perseguição”. Ainda assim, o volume de interações manteve a expressão “#SóNãoVaiJair” nos assuntos mais comentados por dois dias consecutivos.
Impacto para a imagem pública de Bolsonaro
Especialistas em comunicação digital apontam que, embora paródias não alterem diretamente processos judiciais, a reprodução massiva desses conteúdos contribui para moldar a percepção pública sobre figuras políticas. A associação entre tornozeleira e impossibilidade de circular livremente é reforçada em cada reprodução do refrão, consolidando a ideia de restrição.
Até o momento, a defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou sobre a música nem sobre possíveis medidas contra os criadores. O ex-presidente cumpre as determinações judiciais em sua residência em Brasília e, conforme a decisão do STF, permanece sem acesso oficial às redes sociais.
Enquanto isso, novas versões de “Só não vai Jair” continuam a surgir. Alguns usuários já adaptam o tema para estilos como funk, sertanejo e pagode, mantendo o foco na tornozeleira. A tendência de reinterpretação sugere que a paródia deve permanecer em circulação, pelo menos, enquanto vigorarem as restrições impostas pelo Supremo.
