São Paulo – A presença do dinheiro físico nas transações cotidianas encolheu de forma acentuada no Brasil. Levantamento realizado pelo Google mostra que, em 2024, apenas 6% dos consumidores dizem recorrer com frequência a cédulas e moedas, proporção muito inferior aos 43% registrados em 2019. A evolução está diretamente relacionada à popularização do Pix, criado pelo Banco Central em 2020, e ao avanço de iniciativas de digitalização financeira aceleradas pela pandemia de Covid-19.
Pix se firma como principal meio de pagamento
A pesquisa “O Brasileiro e sua Relação com o Dinheiro”, divulgada pelo Banco Central, confirma o novo panorama. Segundo o estudo, 76,4% da população utiliza Pix, enquanto 46% o citam como o instrumento empregado com maior frequência. O serviço de transferência instantânea aparece, assim, na primeira posição tanto em alcance quanto em preferência.
O levantamento também revela a queda do uso geral de dinheiro em espécie. Em 2021, 83,6% dos entrevistados declaravam pagar compras com cédulas; em 2024, o porcentual recuou para 68,9%. Quando a pergunta é sobre o método mais habitual, o dinheiro ocupa a segunda posição, com 22% das respostas, atrás do Pix e à frente dos cartões de crédito e débito.
Fatores que impulsionaram a migração digital
Alguns eventos contribuíram para o deslocamento das transações presenciais rumo aos meios eletrônicos. O lançamento do Pix, em novembro de 2020, eliminou tarifas para pessoas físicas e permitiu transferências 24 horas por dia, todos os dias da semana. No mesmo período, a pandemia estimulou a abertura de contas em bancos digitais, reforçada pelo pagamento do auxílio emergencial, depositado preferencialmente em plataformas online.
Em 2021, teve início o Open Finance, sistema pelo qual consumidores autorizam o compartilhamento de dados entre instituições financeiras. A integração criou condições para ofertas personalizadas de crédito e para o uso combinado de diferentes ferramentas de pagamento. De acordo com o Google, esses movimentos consolidaram uma transformação que se reflete na forte retração do dinheiro vivo como meio frequente de quitação de despesas.
Uso de cédulas permanece em nichos específicos
Apesar da queda histórica, o dinheiro não desapareceu do cotidiano. A pesquisa aponta que a procura por cédulas resiste principalmente em compras de pequeno valor, até R$ 20, e entre pessoas de renda mais baixa. Há, ainda, variação regional: o hábito é relativamente maior nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, e menor no Norte e no Sul.
A preferência por notas em transações de menor montante está associada à praticidade de troco rápido, à ausência de tarifas em estabelecimentos informais e à limitação de acesso a smartphones ou conexão estável à internet em parte da população. Mesmo assim, a tendência de redução se mantém, uma vez que o Banco Central registra crescimento contínuo das chaves Pix em todos os estratos socioeconômicos.
Cartão de crédito continua relevante
Enquanto o Pix ganha presença em transferências e pagamentos à vista, o cartão de crédito conserva espaço notável no orçamento dos brasileiros. Segundo o Google, essa modalidade é a mais utilizada em 42% das compras realizadas em estabelecimentos físicos e virtuais. O principal motivo é a possibilidade de parcelamento, além de limites que ampliam o poder de compra e programas de recompensas oferecidos pelas instituições emissoras.
O cartão de débito, por sua vez, perdeu terreno diante do Pix, cuja liquidação imediata e ausência de custo funcionam como atrativos para comerciantes e consumidores. Ainda assim, permanece como alternativa de aceitação ampla nos pontos de venda.
Coexistência de modalidades marca cenário atual
Os dados combinados das pesquisas do Banco Central e do Google indicam que o ambiente de pagamentos no Brasil caminha para a diversificação, com a convivência de soluções físicas e digitais. De um lado, o Pix assume a liderança em operações de maior valor e transferências entre pessoas; de outro, o cartão de crédito retém importância graças ao crédito rotativo e aos benefícios de fidelidade. O dinheiro físico, embora menos frequente, segue útil em compras rápidas, em regiões específicas e para consumidores com restrições tecnológicas ou bancárias.
Esse quadro reflete a rápida adaptação do mercado brasileiro a tecnologias financeiras e a políticas públicas que facilitam a inclusão digital. Para os próximos anos, a manutenção da pluralidade de meios de pagamento aparece como elemento central na estratégia de bancos, fintechs e reguladores, à medida que a população passa a equilibrar conveniência, custo e benefícios associados a cada formato.


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