A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira, 22, o último integrante considerado de liderança da organização criminosa que trocava etiquetas de bagagens de passageiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para despachar malas carregadas com cocaína rumo à Alemanha e a outros países da Europa entre 2022 e 2023.
A captura ocorreu durante o cumprimento de mandados judiciais da quarta fase da Operação Colateral. Segundo a corporação, todos os demais membros identificados pela investigação – desde os executores de menor hierarquia até praticamente todos os responsáveis pela coordenação do esquema – já estavam presos. As buscas dos últimos seis meses concentraram-se na localização do suspeito detido hoje, apontado como peça-chave na logística internacional de envio de drogas.
O grupo atuava em áreas de acesso restrito do aeroporto, onde funcionários cooptados ou corrompidos removiam as etiquetas de bagagens legítimas e as afixavam em malas previamente preparadas com grandes quantidades de cocaína. Com as etiquetas trocadas, as bagagens ilícitas eram embarcadas como se pertencessem a passageiros que seguiam para voos internacionais, enquanto as malas originais permaneciam no terminal ou eram direcionadas a outros destinos.
A ação da quadrilha ganhou ampla repercussão em março de 2023, quando duas passageiras de Goiânia, Kátyna e Jeanne, foram presas ao desembarcar em Frankfurt, na Alemanha. Elas ficaram detidas por mais de 40 dias depois que 40 quilos de cocaína foram encontrados em uma das malas registradas em seus nomes. A liberação ocorreu após a apresentação de imagens capturadas no aeroporto paulista que evidenciaram a troca das etiquetas durante a escala no Brasil.
Os registros de câmeras de segurança mostram dois funcionários identificando as malas originais das viajantes – uma rosa e outra preta –, levando-as para uma área monitorada e, de forma discreta, retirando as etiquetas. No mesmo local, as etiquetas foram colocadas em duas malas diferentes, que continham a droga. A operação foi realizada em um setor com acesso restrito a pessoal autorizado, condição que, segundo os investigadores, facilitava a ação sem levantar suspeitas imediatas.
Outro vídeo analisado pela Polícia Federal revela a chegada de duas mulheres com as malas carregadas de droga por volta das 20h30. Elas comparecem a um balcão de companhia aérea após sinal de uma funcionária, entregam a bagagem e deixam o terminal sem utilizar passagens. Em seguida, as malas são transferidas para o veículo de transporte interno onde se encontram as bagagens de Kátyna e Jeanne, e a troca é concluída antes do carregamento na aeronave.
Detidas desde 5 de março de 2023, as passageiras brasileiras foram liberadas pelas autoridades alemãs em 11 de abril, após a análise das evidências fornecidas pela PF. Elas retornaram ao Brasil em 14 de abril. O caso expôs falhas no controle de segurança de bagagens e reforçou a necessidade de monitoramento adicional em áreas de manuseio de cargas e etiquetas no principal aeroporto do país.
Em julho de 2023, a Polícia Federal desencadeou a primeira grande ofensiva contra o grupo, resultando em 18 mandados de prisão cumpridos. Novas diligências foram realizadas em novembro do mesmo ano, quando outros três homens apontados como operadores do esquema foram capturados. Com a prisão de hoje, a corporação considera desarticulado o núcleo originalmente mapeado pela investigação, embora diligências complementares sigam em andamento para verificar possíveis ramificações.
Conforme relatado pela PF, o investigado preso nesta terça-feira exercia funções que iam da coordenação de colaboradores no pátio de bagagens até o repasse de informações sobre horários de voos, escalas e posicionamento de câmeras. A estrutura criada revelava divisão clara de tarefas, envolvendo recrutadores de funcionários, responsáveis pela confecção de etiquetas falsas e transportadores que providenciavam a retirada da droga nos aeroportos de destino na Europa.
Desde o início da Operação Colateral, os agentes identificaram fluxos financeiros compatíveis com a movimentação de grandes quantidades de entorpecentes. Além das prisões, foram executadas medidas de bloqueio de contas, sequestro de bens e análise de comunicações interceptadas. A investigação aponta que o grupo aproveitava brechas nos procedimentos de segurança e contava com facilitação interna para circular em ambientes reservados às companhias aéreas.
A Polícia Federal destacou que as diligências prosseguem para esclarecer eventuais lacunas e garantir que outros participantes, inclusive eventuais financiadores ainda não identificados, sejam responsabilizados. O órgão afirma manter cooperação com autoridades estrangeiras, em especial da Alemanha, para o compartilhamento de provas e o rastreamento de remessas que possam ter saído do Brasil antes do avanço das medidas repressivas.
Com a conclusão desta fase, a Operação Colateral entra em etapa de consolidação das provas colhidas, o que inclui a elaboração de laudos periciais, o aprofundamento da análise de imagens de segurança e a tomada de depoimentos complementares. O objetivo é encaminhar ao Ministério Público Federal um relatório final que permita a formalização de denúncias pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e corrupção.


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