Empresas de tecnologia que administram as principais plataformas de interação online vivem hoje sob pressão de tribunais e órgãos reguladores. O contraste chama atenção porque o atual modelo de moderação – responsável por bloquear, excluir e até banir perfis – foi criado pelas próprias companhias, numa tentativa de controlar o discurso depois da guinada conservadora registrada a partir de 2018.
Da liberdade no Orkut ao cerco crescente no Facebook
Nos anos 2000, serviços como Orkut e o recém-chegado Facebook operavam com regras mínimas. Conteúdos variavam de poemas a debates políticos, sem filtros automáticos nem equipes dedicadas à verificação de postagens. O cenário mudou quando grupos identificados como de direita passaram a dominar o ambiente virtual, impulsionando memes, hashtags e transmissões ao vivo que ganharam audiência robusta.
Esse avanço conservador despertou reação interna nas plataformas. A partir daí, políticas de “termos de comunidade” se tornaram mais extensas, receberam linguagem técnica e passaram a embasar remoções. Usuários relatam que, ao serem notificados, tinham de preencher formulários complexos para contestar decisões. Em diversos casos, conteúdos foram restaurados sem explicação, reforçando a percepção de arbitrariedade.
Trump fora do ar: o exemplo que expôs o alcance das big techs
Em janeiro de 2021, o Twitter – antes da compra por Elon Musk – suspendeu permanentemente o perfil do ex-presidente norte-americano Donald Trump. O episódio evidenciou o poder de veto das empresas sobre figuras públicas, mesmo em contextos políticos sensíveis. A medida se somou a bloqueios aplicados a influenciadores e canais do YouTube, muitos deles alinhados a pautas conservadoras.
Relatos semelhantes se multiplicaram no Brasil. Postagens foram retiradas do Facebook sem detalhamento, e canais cresceram rapidamente até sofrerem desmonetização prolongada no YouTube. Durante o período, tentativas de diálogo com a plataforma não obtiveram resposta, segundo os produtores afetados.
Elon Musk, Twitter Files e promessa de mudanças
Quando Musk assumiu o comando do antigo Twitter, rebatizado como X, anunciou prioridade à liberdade de expressão. A divulgação dos chamados “Twitter Files” revelou trocas de e-mails entre executivos da rede e agências de segurança dos Estados Unidos, indicando colaboração para restringir determinados perfis. A documentação reforçou críticas de falta de transparência e motivou ajustes no sistema de moderação.
Mesmo assim, usuários continuam relatando perdas de seguidores, supostamente ligadas a rotinas que removem contas consideradas inautênticas. As empresas afirmam adotar filtros automatizados para conter robôs, mas não fornecem critérios claros sobre a desconexão de perfis reais.
Regulação externa encontra plataformas fragilizadas
No Brasil, decisões recentes do Supremo Tribunal Federal ampliaram a responsabilização das redes. As companhias alegam risco à liberdade de expressão, embora tenham inaugurado o aparato que hoje contestam. A divergência revela embate aparente entre o poder público e as empresas, mas especialistas apontam convergência de interesses quando se trata de manter controle sobre o fluxo de informação.


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Imagem: Shutterstock
Por serem ambientes privados, redes sociais detêm prerrogativa de ditar o que exibem. O problema surge quando critérios mudam sem aviso ou passam a valer de forma desigual. Transparência mínima e coerência nas regras aparecem como demandas básicas para restaurar confiança dos usuários.
Desafios atuais e expectativas de usuários
As plataformas caminham em linha tênue: precisam moderar conteúdos ilícitos para evitar sanções legais, mas enfrentam críticas ao influenciar o debate público. A solução apontada por especialistas passa por:
- Definir políticas objetivas, com linguagem acessível e atualização previsível;
- Garantir canal de recurso simples, com prazo para resposta e possibilidade de revisão humana;
- Publicar relatórios periódicos detalhando número de bloqueios, temas e motivações;
- Separar claramente opinião protegida de apologia ao crime, evitando interpretações extensivas.
Implementar essas medidas exige vontade corporativa e diálogo com a sociedade. Enquanto isso não ocorre, permanece a sensação de que quem inaugurou a censura se tornou vítima do próprio modelo.
Para acompanhar outras decisões que impactam o debate nas redes e a política nacional, visite a seção de Política.
Em resumo, o ciclo iniciado pelas big techs para limitar discursos agora se volta contra elas, submetendo-as a regras externas que cobram exatamente a transparência que faltou no passado. Siga-nos e receba atualizações sobre tecnologia, legislação e liberdade de expressão.
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