Brasília, 23 de setembro de 2025 – A restrição imposta pelos Estados Unidos ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante a Assembleia-Geral da ONU, ganhou destaque como sinal de que a diplomacia brasileira atravessa fase de afastamento dos principais parceiros ocidentais. O episódio ocorre enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende, em Nova Iorque, a política externa conduzida pelo Palácio do Planalto.
Episódio Padilha e a lista de restrições dos EUA
No dia 22, Padilha teve sua circulação limitada a um raio previamente determinado pelas autoridades de imigração norte-americanas. O procedimento, previsto na legislação local para visitantes considerados “não desejáveis”, é aplicado a representantes de países como Rússia, Irã, Venezuela, Síria, Cuba, China e Coreia do Norte. Com isso, o Brasil passou a integrar informalmente o grupo de nações cujos dirigentes enfrentam controles adicionais de mobilidade em solo americano.
O constrangimento ocorreu uma semana após a entrada em vigor do projeto de lei “No Censorship On Our Shores”, sancionado em Washington para impedir visto a agentes públicos que, segundo o Congresso norte-americano, adotem medidas restritivas à liberdade de expressão. Parlamentares republicanos mencionaram investigações sobre bloqueios a perfis e conteúdos de opositores no Brasil ao justificar o enquadramento de autoridades ligadas ao governo petista.
Consequências econômicas e geopolíticas
A fricção com a Casa Branca não se limita ao campo diplomático. Em 2024, o governo Trump anunciou tarifa adicional de 50% sobre uma lista de produtos agrícolas e siderúrgicos brasileiros, alegando tratamento desigual a empresas norte-americanas e preocupações com censura digital no País. O Itamaraty classificou a medida como “inamistosa”, mas não apresentou contramedidas concretas. Especialistas em relações internacionais alertam que novas sanções podem atingir programas de cooperação militar, áreas em que as Forças Armadas brasileiras mantêm acesso a tecnologia de defesa dos EUA.
Em paralelo, o governo reforçou parcerias com Moscou, Teerã e Caracas. Em fevereiro, Brasília endossou nota do Brics que evitou condenar a ofensiva russa na Ucrânia. No Oriente Médio, o Palácio do Planalto criticou ações defensivas de Israel e apoiou resoluções alinhadas ao Irã em fóruns multilaterais. Já na América do Sul, o Brasil manteve diálogo preferencial com o regime de Nicolás Maduro, priorizando acordos de energia e segurança fronteiriça.
Cientistas políticos observam que o alinhamento a governos contestados pela comunidade internacional dificulta a captação de investimentos ocidentais, encarece linhas de crédito e reduz a atuação brasileira em organismos como OCDE e Banco Mundial.
Dependência crescente da China
Enquanto se distancia dos EUA e da União Europeia, Brasília aprofundou a relação com Pequim. A China passou a responder por mais de 34% das exportações brasileiras em 2024 e lidera investimentos em infraestrutura, telecomunicações e energia. Apesar do alívio temporário na balança comercial, analistas de mercado apontam risco de dependência excessiva de um único parceiro, vulnerabilizando a economia nacional a eventuais mudanças de política industrial chinesa.
Em relatório divulgado em agosto, a Confederação Nacional da Indústria destacou que choques de demanda ou restrições alfandegárias adotadas por Pequim teriam impacto “desproporcional” sobre setores como soja, minério de ferro e petróleo, responsáveis por mais de 50% das receitas externas brasileiras.


Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS


Imagem: Ricardo Stuckert
Isolamento e perda de influência
Com conflitos abertos junto a democracias consolidadas e maior proximidade de regimes autoritários, o Brasil viu cair de 22º para 28º lugar no ranking de soft power global medido pelo instituto Brand Finance. O índice avalia reputação, estabilidade institucional e capacidade de atração de investimentos. De acordo com o estudo, a deterioração da imagem afeta negociações de acordos comerciais, dificulta votações em organismos multilaterais e reduz o protagonismo brasileiro em temas como meio ambiente e segurança alimentar.
Diplomatas ouvidos reservadamente apontam ausência de metas claras e prevalência de motivações ideológicas na condução da política externa. Eles lembram que, até 2018, o País participava de alianças amplas, como o G20 comercial, e mantinha diálogo ativo com Washington e Bruxelas. A partir de 2023, porém, a estratégia foi redesenhada para privilegiar projetos Sul-Sul e reforçar ligações com potências revisionistas.
Para aprofundar o contexto político, leia mais em nossa editoria de Política.
Em síntese, a restrição imposta ao ministro Padilha evidenciou o custo imediato de decisões que afastam o Brasil de parceiros tradicionais e colocam o País ao lado de regimes sob sanções internacionais. A manutenção dessa rota reforça o isolamento, limita oportunidades econômicas e compromete a credibilidade construída ao longo de décadas. Acompanhe nossas atualizações e fique por dentro dos desdobramentos.
Para informações oficiais e atualizadas sobre política brasileira, consulte também:

IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada



