O Spotify retirou do ar uma faixa produzida por inteligência artificial que havia sido disponibilizada no perfil oficial do cantor e compositor Blaze Foley, falecido há mais de 30 anos. A canção, intitulada Together, apareceu como lançamento recente sem qualquer autorização da família ou dos detentores dos direitos do artista.
Faixa surgiu por meio da plataforma SoundOn
Together foi distribuída através do SoundOn, serviço pertencente ao TikTok que permite o envio direto de músicas tanto para a rede social quanto para serviços de streaming, incluindo o Spotify. A gravação apresentava elementos típicos da country music — piano, guitarra elétrica e voz masculina —, mas não correspondia ao estilo, ao timbre nem à essência de Foley, segundo Craig McDonald, responsável pelo selo que administra o catálogo do músico.
A arte de capa que acompanhava a música também era fruto de geração automática: a imagem mostrava um homem genérico diante de um microfone, sem semelhança com o cantor. McDonald afirmou que “qualquer fã perceberia que a faixa não pertence a Blaze Foley” e classificou a produção como “versão genérica feita por robô”.
Reação dos representantes do artista
A presença inesperada da faixa foi notada por McDonald e sua esposa no último fim de semana. Surpreso, o representante declarou que ainda não havia contatado o Spotify no momento em que concedeu entrevista a um veículo especializado em tecnologia. A distribuidora parceira, Secretly Distribution, também foi informada, mas não se pronunciou até então.
Para McDonald, a publicação prejudica a imagem do artista e revela falhas nos mecanismos de verificação da plataforma. “O Spotify poderia evitar esse tipo de situação. Com uma atualização de segurança ou verificação mais rígida, eles conseguiriam impedir que essa fraude chegasse ao público”, declarou.
Posicionamento do Spotify
Após a repercussão negativa, o Spotify removeu Together e justificou a decisão com base em suas diretrizes contra material enganoso. A empresa possui políticas que proíbem publicações que possam induzir os ouvintes a erro quanto à autoria ou à legitimidade do conteúdo.
Embora o serviço de streaming tenha agido rapidamente para retirar a faixa, o episódio levanta questionamentos sobre a eficiência dos processos de controle de uploads, sobretudo em um cenário de produção massiva de músicas geradas por inteligência artificial. Representantes de artistas têm cobrado filtros mais robustos capazes de identificar obras não autorizadas antes de chegarem às páginas oficiais.
Debate sobre IA e direitos autorais
A utilização de ferramentas de inteligência artificial na criação de músicas acendeu discussões no setor fonográfico. Gravadoras, herdeiros e organizações de direitos autorais defendem regras claras para evitar fraudes e proteger o legado de artistas, vivos ou falecidos. Casos como o de Blaze Foley mostram como a tecnologia pode ser aplicada de forma controversa, principalmente quando associada a nomes consagrados sem autorização prévia.
Até o momento, não houve anúncio de medidas adicionais por parte do Spotify para aprimorar a verificação de lançamentos vinculados a perfis de músicos. O serviço, contudo, reafirma que conteúdos que violem suas políticas continuarão a ser removidos sempre que identificados ou denunciados.
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