São Paulo — A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral acentuou a especulação de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) venha a disputar o Palácio do Planalto em 2026. A possibilidade de mudança de rota do chefe do Executivo paulista desencadeia, desde já, negociações sobre quem poderá assumir a linha de frente na corrida ao governo do Estado. Três nomes despontam como principais alternativas no bloco governista: o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB); o vice-governador, Felício Ramuth (PSD); e o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL).
Cenário eleitoral paulista sem Tarcísio
Lideranças partidárias avaliam que as próximas pesquisas, já encomendadas para o segundo semestre, trarão cenários sem a presença de Tarcísio a fim de mensurar a força individual de cada postulante. Embora o governador reafirme publicamente que não “sequer se prepara” para uma corrida presidencial, interlocutores admitem que eventual vacância no campo conservador nacional o coloca automaticamente como opção viável, especialmente após a inelegibilidade de Bolsonaro.
Com base nessa hipótese, o tabuleiro paulista começa a se reorganizar. Tarcísio, eleito em 2022 com apoio do ex-presidente, é visto como peça-chave para transferir votos. Sua decisão, portanto, é determinante para definir apoios e coalizões entre MDB, PSD e PL, siglas que hoje integram a base do governo.
Perfis e movimentos dos pré-candidatos
Ricardo Nunes (MDB) — Prefeito de São Paulo, Nunes ganhou projeção entre prefeitos do interior após participar do último Congresso Estadual de Municípios. Aliados apontam que sua gestão na capital e a interlocução com cidades médias podem torná-lo competitivo. Apesar disso, o emedebista afirma, em público, não considerar a disputa estadual porque precisaria renunciar ao mandato. Dentro da prefeitura, porém, secretários próximos relatam articulações para fortalecer quadros de confiança e garantir continuidade administrativa sob o vice-prefeito, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), caso a renúncia seja inevitável.
Felício Ramuth (PSD) — Vice-governador, Ramuth conta com o respaldo do PSD, partido que elegeu 206 prefeitos no Estado em 2020. Considerado aliado de primeira hora de Tarcísio, assumiu o governo interinamente em ocasiões pontuais, incluindo a condução das operações de desocupação da Favela do Moinho, ao lado da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Seu desempenho administrativo e o suporte de Gilberto Kassab, presidente estadual do PSD, reforçam a tese de que poderia herdar o legado de Tarcísio sem ruptura política.
André do Prado (PL) — Presidente da Assembleia Legislativa, do Prado tornou-se figura central na articulação de projetos do Executivo, como a aprovação da privatização da Sabesp em 2024. Parlamentares o classificam como “deputado do governo”, responsável por garantir votações estratégicas. Apesar de gozar de prestígio interno, o deputado é pouco conhecido fora da Alesp, e aliados admitem a necessidade de ampliar presença em regiões onde o PL busca consolidar bases.
Estratégias de apoio e composição partidária
A sucessão paulista envolve, além dos três pré-candidatos, a engenharia de alianças entre Republicanos, PL, PSD e MDB. O entorno de Tarcísio defende um nome que garanta continuidade ao programa de concessões e privatizações iniciado em 2023. Nesse sentido, Ramuth e do Prado aparecem como opções naturais por integrarem diretamente a gestão, enquanto Nunes soma capital político na maior prefeitura do país.
Fontes próximas ao Palácio dos Bandeirantes mencionam que a preferência de Tarcísio poderá pesar apenas no segundo turno das discussões, preservando sua retórica de “foco na administração” até 2025. Já entre partidos, o PSD avalia que a experiência municipal de Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos, facilita diálogo com prefeitos, enquanto o PL contabiliza a imagem de do Prado como fiel escudeiro do ex-presidente Bolsonaro dentro da Assembleia.
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Imagem: Internet
Peso das pesquisas e prazos eleitorais
Até o início de 2025, levantamentos qualitativos e quantitativos devem balizar decisões. Aliados de Nunes defendem que a divulgação de números positivos viabilizaria um convite formal para que deixe a prefeitura até abril de 2026, prazo legal para desincompatibilização. O mesmo vale para Ramuth, que, por ser vice, precisaria se afastar seis meses antes da votação, caso assuma o Executivo estadual com a saída de Tarcísio.
No caso de do Prado, o parlamentar não precisa renunciar ao mandato para concorrer. Isso o coloca em vantagem logística, segundo analistas consultados. Entretanto, a fragilidade de exposição fora da Região Metropolitana leva a cúpula do PL a planejar uma agenda de eventos em polos regionais ainda neste ano.
Com o calendário eleitoral já em curso nos bastidores, a definição de Tarcísio sobre a Presidência permanece como o ponto de inflexão. Enquanto isso, as movimentações de Nunes, Ramuth e do Prado consolidam o embate interno na base conservadora paulista, que pretende manter o controle do governo em 2027.
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Em resumo, a eventual saída de Tarcísio de Freitas para a corrida presidencial abre espaço para três sucessores alinhados ao seu governo. A evolução das pesquisas e as articulações partidárias nos próximos meses indicarão quem, de fato, assume a dianteira. Fique atento às próximas pautas e compartilhe esta matéria para manter seu círculo informado.
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