Brasília, 4 set. 2025 – Um áudio publicado nas redes sociais pelo ex-coordenador de enfrentamento à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, trouxe novos questionamentos sobre a condução de pedidos de informações eleitorais durante a campanha de 2022. A gravação mostra suposta mensagem de voz atribuída ao juiz auxiliar Airton Vieira, braço-direito do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF).
Mensagem revela temor de exposição
No registro, datado de 11 de novembro de 2022, Vieira afirma que não pretendia seguir o rito formal ao requisitar relatórios ao TSE. Segundo a transcrição, o magistrado diz que, caso o procedimento fosse documentado, “ficaria uma coisa muito descarada”, já que demonstraria a ordem partindo diretamente do gabinete do STF para servidores lotados no tribunal eleitoral. O conteúdo sugere uma atuação paralela, sem registro nos autos, para obter dados sobre pessoas classificadas como críticas ao Supremo.
Tagliaferro, responsável técnico pelos relatórios usados para embasar mandados de busca e apreensão naquele período, alega que o áudio comprova a existência de uma rede informal entre auxiliares dos dois tribunais. De acordo com ele, a troca de informações fora dos canais oficiais possibilitou “flexibilizar” regras regimentais em benefício de investigações tocadas pelo ministro Moraes.
Relatórios influenciaram operações policiais
Os documentos produzidos pela equipe de Tagliaferro – área criada no TSE para monitorar “desinformação” – serviram como fundamento para ações autorizadas pelo STF contra influenciadores, parlamentares e empresários. À época, os inquéritos miravam supostas milícias digitais e ameaças às instituições. Com a divulgação do áudio, parlamentares da oposição reforçaram o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar eventual conluio e quebra de garantias processuais.
Tagliaferro já havia apresentado denúncia semelhante à Comissão de Segurança Pública do Senado. Agora, com a gravação publicizada, líderes oposicionistas prometem acionar organismos internacionais de defesa de direitos humanos e relatar o caso como exemplo de abuso de autoridade.
Posicionamento do Supremo
Procurado, o STF não se manifestou até o fechamento desta edição. Em nota divulgada dois dias antes da revelação do áudio, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes declarou que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e documentados nos autos”. O comunicado acrescenta que as requisições enviadas ao TSE seguiram “normas regimentais” e se enquadraram no poder de polícia do tribunal para coibir “tentativa de golpe de Estado e atentados contra instituições democráticas”.
Apesar da afirmação de regularidade, a conversa atribuída a Vieira coloca em xeque a transparência dos despachos e reforça dúvidas sobre a existência de ordens veladas que escapariam ao controle do devido processo legal.
Reação no Congresso
Deputados e senadores ligados a partidos de centro-direita e direita viram na gravação um elemento que fortalece a narrativa de interferência indevida do Judiciário no pleito de 2022. Eles sustentam que o áudio confirma receio interno de exposição de irregularidades, contradizendo a versão oficial do STF.


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Imagem: Saulo Cruz
A liderança da oposição na Câmara protocolou requerimento para convocar Airton Vieira a depor. Além disso, parlamentares articulam novo pacote de projetos destinados a limitar a atuação de magistrados em matéria eleitoral, endurecendo regras para solicitações de dados e estabelecendo prazos claros para registro em processos.
Próximos passos
O áudio reforça a pressão por mais transparência e pode estimular o avanço de iniciativas legislativas para obrigar o Judiciário a publicar, em tempo real, toda requisição a órgãos eleitorais. Organizações civis favoráveis a maior controle das Cortes avaliam entrar com representações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar eventual violação de dever funcional.
Enquanto isso, aliados de Moraes insistem que a divulgação seletiva do material busca deslegitimar investigações que, segundo eles, impediram atos antidemocráticos. O debate se intensifica, e novos desdobramentos dependem de resposta formal do STF e da disposição do Congresso em avançar com a CPI.
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Este relato apresenta os pontos centrais do áudio divulgado por Eduardo Tagliaferro e as reações que o material provocou. Continue navegando, compartilhe a matéria e fique informado sobre os próximos capítulos.
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