Brasília, 18 set. 2025 — A alíquota de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro, em vigor desde 6 de agosto, reduziu drasticamente os embarques do grão ao principal mercado importador do mundo. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram queda de 46,5% nas vendas de agosto em relação ao mesmo mês de 2024, enquanto o consumidor norte-americano já paga quase 21% a mais pela bebida em apenas doze meses.
Exportações recuam e preços disparam
No primeiro mês completo sob o novo patamar tarifário, o Brasil enviou aos EUA 301 mil sacas de 60 quilos, volume composto por contratos fechados antes de 6 de agosto ou atrasados por problemas logísticos. Um ano antes, haviam sido 563 mil sacas. Na comparação com julho deste ano, o recuo é de 26,2%.
A consequência imediata para o mercado norte-americano aparece nas estatísticas do Bureau of Labor Statistics (BLS). Somente em agosto, o café subiu 3,6% no índice de preços ao consumidor — nove vezes a inflação oficial do período, de 0,4%. Em doze meses, a alta chega a 20,9%, maior variação em 28 anos.
Com a redução da oferta brasileira, torrefadores dos Estados Unidos passaram a recorrer a origens concorrentes. A Colômbia, principal fornecedora de café arábica depois do Brasil, enfrenta tarifa de 10%. Já o Vietnã, grande produtor de robusta, é taxado em 20%. Mesmo com percentuais menores, esses novos custos também pressionam as planilhas das importadoras.
Mercado futuro reage à menor oferta do Brasil
No dia em que a tarifa entrou em vigor, o arábica era negociado a US$ 286 por cem libras-peso na Bolsa de Nova York, enquanto o robusta marcava US$ 3.340 por tonelada em Londres. Um mês depois, as cotações atingiram US$ 386 e US$ 4.815, avanços de 34,9% e 44,2%, respectivamente.
O cenário combina menor safra brasileira 2025/26, perdas regionais provocadas por geadas no Cerrado Mineiro e maior procura no Hemisfério Norte às vésperas do inverno. A Conab lembra que os estoques globais de café estão no nível mais baixo em 25 anos, o que limita a capacidade de substituição do produto brasileiro.
O cálculo do Cecafé ilustra o efeito da tarifa sobre o custo final: com o arábica a US$ 386 na Bolsa, a taxação de 50% eleva o preço para US$ 579 a cada cem libras-peso — superior ao recorde histórico de 2024, de US$ 448. Na prática, o valor torna o grão brasileiro pouco competitivo no mercado norte-americano.
Concorrência europeia e perspectiva de realocação
A Alemanha ultrapassou os Estados Unidos como maior comprador individual de café brasileiro em agosto, importando 414 mil sacas. O incremento de 56,2% sobre julho sugere antecipação de compras antes de novas altas de preço. Mesmo assim, o recuo alemão frente a agosto de 2024 foi de 24%, bem menor que a queda vista no mercado norte-americano.


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Imagem: Célio Yano
Para analistas da estatal, a realocação integral do café brasileiro para outros destinos ainda não aparece nas estatísticas. Países europeus costumam intensificar aquisições no segundo semestre, acompanhando a colheita nacional e a chegada do frio. A expectativa, porém, é de manutenção da pressão sobre os preços globais enquanto durar o impasse tarifário.
Risco de perda de participação no consumidor final
Empresas dos EUA já sinalizam redução gradual da proporção de grão brasileiro em seus blends para driblar custos. A substituição lenta impede que o paladar do consumidor perceba a mudança de imediato, mas pode provocar perda estrutural de mercado para o Brasil, alerta o Cecafé.
Caso o hábito se consolide, recuperar espaço exigiria anos de negociações comerciais e campanhas de marketing. O Cecafé e outras entidades do agro acompanham as tratativas diplomáticas, mas até o momento não há sinal de revisão da política tarifária norte-americana.
Em resumo, a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos reduziu quase pela metade as exportações brasileiras em apenas um mês, encareceu o café para o consumidor americano e desencadeou valorização mundial do grão. Para acompanhar outras decisões que impactam o comércio exterior, visite a seção de Política do nosso portal.
Com o mercado aguardando definições, produtores, importadores e consumidores permanecem atentos a possíveis acordos que possam restabelecer a competitividade do café brasileiro. Mantenha-se informado e compartilhe esta reportagem com quem acompanha o setor cafeeiro.
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