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Theatro Municipal exibe “Porgy and Bess” e destaca excelência de elenco negro

Política

São Paulo — O Theatro Municipal apresentou, nos dois últimos fins de semana, a ópera “Porgy and Bess”, de George Gershwin, reforçando a proposta original do compositor norte-americano: um elenco majoritariamente negro em protagonismo absoluto. A montagem, conduzida pelo maestro Roberto Minczuk, trouxe à capital paulista uma produção que combina música clássica, jazz, blues e gospel, elementos centrais da cultura afro-americana do início do século XX.

Obra concebida para vozes negras

Escrita em 1935, “Porgy and Bess” foi definida por Gershwin como “ópera folk”. O compositor, fascinado pela musicalidade negra dos Estados Unidos, pesquisou spirituals, rituais pentecostais e pregões de rua na Carolina do Sul para construir a partitura. A história baseia-se no romance “Porgy”, de DuBose Heyward, ambientado na fictícia Catfish Row, distrito pobre de Charleston.

O enredo segue o mendigo Porgy, deficiente físico, e sua relação conturbada com Bess, mulher que tenta romper o vínculo com o violento Crown e fugir da influência do traficante Sportin’ Life. Clássicos como “Summertime”, “I Got Plenty o’ Nuttin’” e “My Man’s Gone Now” integram a partitura, famosa pelo uso de coro em momentos comunitários de súplica ou exaltação.

Montagem paulistana: escolhas de direção e elenco

Em São Paulo, a direção cênica ficou sob responsabilidade da atriz e roteirista Grace Passô. A encenação optou por um cenário enxuto: um grande bloco de tijolo baiano representando moradias e estabelecimentos, recurso que exigiu mobilidade constante de cantores e bailarinos para reposicionamento em cena.

No elenco principal, destacaram-se o baixo-barítono Luiz-Ottavio Faria (Porgy) e a soprano norte-americana Latonia Moore (Bess). A mezzo-soprano Juliana Taino emocionou o público na ária “My Man’s Gone Now”. Todos foram acompanhados pelos conjuntos estáveis do teatro — Coro Lírico Municipal e Coral Paulistano — reforçados por convidados.

Para manter o caráter popular da obra, a produção microfonou os solistas. Houve variação de volume entre algumas vozes, mas o acompanhamento orquestral manteve precisão rítmica e equilíbrio dinâmico sob a regência de Minczuk.

Ambientação brasileira gera controvérsia

A opção de transpor a narrativa de Charleston para um contexto próximo ao de favelas brasileiras dividiu opiniões do público. Enquanto parte da plateia elogiou a leitura estética, outra relatou dificuldade em relacionar costumes afro-americanos do início do século passado com referências contemporâneas do país. A direção incorporou coreografias inspiradas em danças afro-brasileiras durante passagens religiosas, substituindo os spirituals originais por ritmos locais em alguns trechos.

No intervalo e após o espetáculo, uma discotecagem eletrônica no hall do Municipal destoou da prática habitual do teatro, sobretudo em produções eruditas. A iniciativa teve intenção de tornar o ambiente mais descontraído, mas alguns frequentadores consideraram a mudança incompatível com a concentração exigida pela obra.

Resgate histórico e oportunidade profissional

Desde a estreia em Boston, em 1935, “Porgy and Bess” abriu portas para cantores negros na ópera. A montagem de 1952, com William Warfield, Leontyne Price e Cab Calloway, consolidou a circulação internacional do título. A versão paulistana mantém essa tradição, reunindo artistas que, em muitos casos, encontram espaço reduzido no repertório lírico convencional.

O Theatro Municipal reforça, assim, o princípio de mérito artístico defendido por Gershwin: a música deve ser interpretada por quem domina seu estilo e linguagem. Ao investir em elenco e equipe técnica formados majoritariamente por profissionais negros, a instituição oferece vitrine relevante e amplia a experiência dos intérpretes em palco de grande porte.

Repercussão e agenda

As récitas ocorreram entre 21 de setembro e 1.º de outubro. Ingressos esgotaram-se rapidamente, demonstrando interesse do público pelo título. Até o fechamento desta edição, não há confirmação de novas datas, mas a direção do teatro avalia reposicionar a produção em 2026, dentro das comemorações dos 95 anos de “Rhapsody in Blue”.

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Em síntese, a passagem de “Porgy and Bess” pelo Theatro Municipal reafirma a relevância de Gershwin e demonstra, com qualidade de execução, que excelência técnica e representatividade podem caminhar juntas. Continue acompanhando nossos canais e compartilhe este conteúdo para fortalecer a difusão da arte lírica no Brasil.

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