O relacionamento entre Brasília e Washington entrou em fase crítica após o envio de uma carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Palácio do Planalto. O documento, acompanhado por nota oficial da Embaixada norte-americana, estabelece prazo até o fim de julho para que o governo brasileiro apresente respostas sobre política externa, segurança e respeito a compromissos internacionais.
Prazo norte-americano sinaliza possível retaliação
De acordo com interlocutores no Itamaraty, a mensagem de Trump foi direta: se não houver mudança de postura, medidas comerciais e diplomáticas poderão ser acionadas. Entre as ações aventadas, fontes mencionam tarifa de importação de até 50 % sobre produtos brasileiros e restrição de cooperação tecnológica, pontos sensíveis para setores como agronegócio, mineração e defesa.
A pressão ocorre após uma série de episódios que, na avaliação de Washington, colocaram o Brasil em rota de colisão com interesses ocidentais. Ainda em 2023, durante o governo Biden, o Departamento de Estado solicitou que duas embarcações de guerra iranianas não fossem recebidas em portos brasileiros. O pedido foi ignorado e os navios atracaram no Rio de Janeiro. Desde então, a Casa Branca vem monitorando a diplomacia de Brasília.
Agora, sob administração republicana, o tom subiu. Assessores do presidente norte-americano relacionam a política externa brasileira ao que classificam como “alinhamento automático” com Irã, Rússia e China. A carta enviada a Lula destaca, entre outros pontos, críticas públicas ao Estado de Israel, apoio verbal ao grupo Hamas e declarações do governo brasileiro favoráveis a Moscou na guerra contra a Ucrânia.
Episódios internos ampliam atrito bilateral
No plano doméstico, medidas de controle sobre redes sociais e investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal geraram alertas em órgãos de defesa de direitos civis dos Estados Unidos. Em 25 de junho, durante sessão plenária, o ministro Alexandre de Moraes comentou que só acreditaria em retaliação norte-americana se “um porta-aviões chegasse ao Lago Paranoá”. A observação, tida como ironia, foi interpretada por diplomatas como sinal de subestimação das consequências.
O Planalto também enfrentou críticas após declarações do presidente Lula chamando Trump de “fascista” durante a campanha norte-americana de 2024. A posição foi repetida este ano pelo novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores. Na leitura de Washington, a retórica agrava a deterioração do diálogo político.
Outro ponto de fricção refere-se à segurança pública. Relatórios do Departamento de Estado apontam avanço de facções brasileiras no tráfico internacional de drogas e armas. O tema ganhou visibilidade após o presidente argentino, Javier Milei, cobrar ação de Brasília contra organizações criminosas que atuam na fronteira. A carta norte-americana menciona a necessidade de “restabelecer o controle do território” e classifica o combate ao crime transnacional como pré-requisito para a cooperação futura.
Consequências econômicas em jogo
A possível aplicação de tarifas ampliadas preocupa exportadores. Os Estados Unidos são o segundo maior destino de produtos brasileiros, atrás apenas da China. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, as vendas para o mercado norte-americano somaram US$ 37 bilhões em 2024. Uma sobretaxa de 50 % afetaria especialmente aço, alumínio, carnes e produtos agroindustriais.
Além de barreiras comerciais, especialistas alertam para eventuais restrições tecnológicas. A navegação civil e militar brasileira depende do sistema de posicionamento global (GPS), controlado pelos EUA. Embora não haja confirmação oficial sobre essa hipótese, a mera possibilidade de limitação no sinal preocupa as Forças Armadas e o setor logístico.


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Imagem: Reuters
Dentro do governo, a área econômica pressiona por resposta rápida. Integrantes da equipe ministerial avaliam enviar missão a Washington antes do prazo estabelecido por Trump. Entretanto, setores ideológicos próximos ao Palácio do Planalto defendem manter a agenda de aproximação com os países do Brics, que se reuniram no Rio de Janeiro no início de julho com ênfase em “ordem multipolar” e críticas à influência norte-americana.
Itamaraty busca saída diplomática
Fontes no Ministério das Relações Exteriores confirmam que um documento de contraproposta está em elaboração. A ideia é reafirmar compromissos tradicionais do Brasil com democracia, livre comércio e combate ao crime, sem recuar no discurso de autonomia da política externa. Técnicos, contudo, reconhecem que o desafio é conciliar essa narrativa com gestos concretos exigidos por Washington.
Nos bastidores, diplomatas trabalham para retomar canais de diálogo direto com o Departamento de Estado e moderar declarações públicas. Há também expectativa sobre possível encontro bilateral entre Lula e Trump na cúpula do G20, em novembro, caso a crise não escale até lá.
Com o prazo final se aproximando, o governo brasileiro terá de escolher entre ajustar o curso ou arcar com sanções que podem afetar investimentos, exportações e parcerias estratégicas.
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Em resumo, a carta de Donald Trump impõe um cronograma curto e pressiona o Planalto a rever pontos-chave da diplomacia e da segurança interna. Resta saber se Brasília adotará medidas que preservem o acesso ao mercado norte-americano ou se a tensão resultará em barreiras comerciais e isolamento estratégico. Continue acompanhando e compartilhe este conteúdo para manter o debate informado.
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