O governo federal oficializou a chegada da TV 3.0 ao Brasil. O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de agosto, estabelece o novo padrão de transmissão digital — também chamado de DTV+ — e define que o serviço comece a operar no primeiro semestre de 2026 nas grandes capitais. A iniciativa abre uma transição de 15 anos, período em que a tecnologia atual continuará em funcionamento.
O que muda para o telespectador
Com base no padrão internacional ATSC 3.0, a TV 3.0 unifica sinal aberto, internet e recursos de acessibilidade. As emissoras passam a funcionar como aplicativos interativos, permitindo compras, enquetes em tempo real e publicidade personalizada. O formato entrega imagem em 4K, expansível a 8K, som imersivo de padrão cinematográfico e gama de cores que salta de 16 milhões para 1 bilhão.
A interatividade inclui escolha de ângulos de câmera em eventos esportivos, votação em reality shows e acesso instantâneo a estatísticas. Para pessoas com deficiência, serão disponibilizadas legendas ajustáveis, audiodescrição e tradução em Libras gerada automaticamente, inclusive com intérprete em tempo real.
Necessidade de novos equipamentos
O Brasil possui cerca de 90 milhões de televisores, dos quais 60 % são Smart TVs. Nenhum deles é compatível com o novo padrão. A solução será a compra de um conversor — projetado para custar entre R$ 300 e R$ 350 no lançamento — ou de aparelhos já preparados para a tecnologia. Estudos internos no Ministério das Comunicações avaliam subsídios para famílias de baixa renda, mas ainda sem detalhes de orçamento ou cronograma.
Para o setor de radiodifusão, a migração completa está estimada em R$ 11 bilhões ao longo dos 15 anos de transição. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) defende linhas de crédito do BNDES para emissoras e facilidades de compra para o público de menor renda. Fabricantes chinesas, como a Hisense, já manifestaram interesse em produzir conversores e televisores compatíveis para o mercado brasileiro.
Impacto financeiro e disputa por publicidade
Desde a implantação da TV digital, em 2007, parte expressiva da receita publicitária migrou para gigantes de tecnologia como Google e Meta. Com a TV 3.0, emissoras voltam a disputar esse orçamento ao oferecer anúncios segmentados, baseados em dados de audiência em tempo real. Segundo Marcelo Bechara, diretor de relações institucionais do Grupo Globo, a granularidade das informações permitirá campanhas locais e personalizadas, atraindo pequenos anunciantes que hoje dependem unicamente das redes sociais.
Além da publicidade, o decreto institui a Plataforma Comum de Comunicação Pública e Governo Digital, que integrará serviços como o portal gov.br à grade televisiva. Assim, o espectador poderá acessar documentos oficiais, marcar atendimento público ou acompanhar programas governamentais pela própria TV.
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Imagem: José Cruz
Custos públicos e cronograma
O Ministério das Comunicações já anunciou R$ 7,5 milhões para a fase inicial do projeto, mas não especificou a aplicação dos recursos. A promessa oficial é manter a TV aberta gratuita, mesmo com a integração à internet. Entretanto, a nova infraestrutura exigirá investimentos adicionais em emissoras, fabricantes e redes de transmissão.
A implantação começa nas principais capitais, com previsão de funcionamento até a Copa do Mundo de 2026. Cidades de médio porte serão contempladas gradualmente, enquanto regiões menos populosas ficam para etapas posteriores. Ao fim do período de coexistência de 15 anos, o modelo atual será desligado.
Se por um lado a TV 3.0 amplia qualidade de imagem, som e serviços, por outro impõe custos ao consumidor e ao erário. Converter aparelhos, atualizar antenas e financiar emissoras exigirá planejamento financeiro rigoroso nos próximos anos.
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Em resumo, a TV 3.0 promete transformar o sinal aberto em plataforma interativa com padrão de cinema, mas depende de novos conversores e de investimentos bilionários. Continue acompanhando nossas publicações e compartilhe este conteúdo para manter amigos e familiares informados.
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