A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados acompanhou, nesta quarta-feira (11), um embate direto entre a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti. Em audiência que integra o processo de cassação do mandato da parlamentar, ambos apresentaram versões opostas sobre a suposta invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), realizada entre 2022 e 2023.
Deputada fala por videoconferência e critica acusações
Participando por videoconferência a partir do Complexo Penitenciário de Rebibbia, em Roma, onde aguarda decisão sobre extradição, Zambelli afirmou que Delgatti “mente” e distorce fatos para incriminá-la. Ela disse que o hacker omitiria detalhes cruciais, como o tempo em que teria permanecido em sua residência e a inexistência de qualquer mandato de prisão assinado pelo ministro Alexandre de Moraes contra ele.
Segundo a deputada, a denúncia de que ela responderia a 16 casos criminais — um deles relacionado a prisão e outros 15 ligados a supostos alvarás de soltura — foi utilizada para inflar sua pena para 10 anos e 8 meses, além de determinar a perda do mandato. Condenada em primeira instância, a parlamentar viajou à Itália alegando impossibilidade de prisão imediata, mas foi detida em 29 de julho de 2025 e submetida ao processo de extradição.
Durante a audiência, Zambelli se emocionou em alguns momentos, mas manteve a linha de defesa. Em perguntas endereçadas ao hacker, classificou-o de “mitomaníaco” e reforçou que não há qualquer prova material — como prints, gravações ou mensagens — que comprove pedido de invasão a sistemas do Judiciário. “Ele está errado em relação a muitas coisas”, resumiu.
Hacker detalha invasões e processo de cassação avança
Preso na Penitenciária de Tremembé (SP) após condenação a 8 anos e 3 meses, Walter Delgatti manteve as acusações. Ele afirmou que Zambelli lhe pediu para demonstrar vulnerabilidades no CNJ, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF), a fim de “desacreditar o discurso de segurança” adotado pelas instituições.
Delgatti declarou ter criado um robô capaz de inserir alvarás de soltura falsos e, em certo momento, incluiu no sistema do CNJ um suposto mandado de prisão emitido por Alexandre de Moraes contra ele próprio. De acordo com o depoimento, a iniciativa teria partido da deputada como “síntese” de uma decisão inexistente. O hacker relatou que Zambelli lhe garantiu proteção caso as invasões fossem descobertas: “Se você for pego ou processado, pode dizer que fui eu quem mandou”.
Apesar dos relatos, Delgatti admitiu que não há registros de conversas com a parlamentar, justificando que evitava o uso de aplicativos por ainda estar sob investigação na Operação Spoofing. O depoimento servirá de base para o relatório da CCJ, que poderá ser submetido ao plenário. São necessários 257 votos para a cassação definitiva do mandato.
Situação política e repercussão no PL
Internamente, o Partido Liberal (PL) reconhece o desgaste. O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, avaliou publicamente que a permanência de Zambelli na Câmara “é difícil” desde a abertura do processo no Supremo Tribunal Federal. Ele também afirmou que a deputada “devia ter ficado nos Estados Unidos”, indicando que a opção pela Itália não trouxe garantia de liberdade.
A parlamentar foi reeleita em 2022 com mais de 946 mil votos, uma das maiores votações de São Paulo. Caso o plenário confirme a cassação, os votos serão redistribuídos de acordo com a legislação eleitoral, e o PL perderá uma de suas cadeiras.


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Imagem: reprodução
Próximos passos no Brasil e na Itália
No Brasil, a CCJ ainda ouvirá Zambelli novamente antes de finalizar o parecer. O relator poderá recomendar arquivamento ou cassação, cabendo ao plenário a palavra final. Enquanto isso, a Justiça italiana decidirá sobre a extradição, após análise de documentos encaminhados pelo Supremo Tribunal Federal que descrevem a condenação e os supostos crimes cibernéticos.
Para a defesa da deputada, há expectativa de revisão da sentença por causa, segundo eles, de “agravantes mal fundamentados” e “contradições no depoimento do principal delator”. Já o Ministério Público argumenta que as invasões colocaram em risco a credibilidade do sistema de Justiça e exigem punição exemplar.
O caso seguirá em destaque no Congresso e na imprensa, pois envolve segurança digital, autonomia institucional e possível alteração na composição da Câmara.
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Em resumo, Carla Zambelli e Walter Delgatti apresentaram versões opostas sobre a invasão ao CNJ. A deputada insiste na tese de que o hacker mente e que sua condenação foi ampliada sem provas materiais, enquanto Delgatti reafirma ter agido sob ordens expressas dela. O desfecho dependerá da CCJ, do plenário e da decisão da Justiça italiana sobre a extradição. Continue ligado e acompanhe as próximas atualizações.
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