O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou publicamente o Partido dos Trabalhadores neste domingo, 24, durante o 17º Encontro Nacional da legenda, em Brasília. Diante de cerca de mil delegados, Lula lamentou o resultado das urnas de 2022 e exigiu que a sigla eleja uma bancada federal mais robusta nas eleições de 2026. Atualmente, o PT ocupa 70 das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados.
Repreensão interna e dependência do Congresso
No discurso, Lula afirmou que, se o partido fosse “bom como pensa que é”, teria ultrapassado a marca de 100 parlamentares. Segundo ele, o número reduzido de deputados limita a capacidade do governo de aprovar propostas sem recorrer ao apoio de outras siglas.
“Se depender só de nós, a gente não aprova nada. Se depender de quem apoia a gente, também não aprova nada. A arte da política é convencer”, declarou o presidente, reconhecendo que a atual base aliada é insuficiente para garantir votações favoráveis.
Como exemplo, Lula citou a reforma tributária, aprovada após “muita conversa e cedendo muitas coisas”. Ele ressaltou a necessidade de negociar diretamente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mesmo sem proximidade pessoal. “Eu preciso mais dele do que ele de mim”, admitiu.
O petista também criticou a multiplicação de facções internas. De acordo com Lula, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) apresenta divisões regionais que prejudicam a unidade: “O PT não pode ter a divisão que está tendo agora. A CNB tem três correntes em um estado. Isso tem que acabar.”
Condenados do Mensalão e clima para 2026
O encontro marcou o regresso de figuras condenadas no escândalo do Mensalão. O ex-ministro José Dirceu foi ovacionado com gritos de “guerreiro do povo brasileiro” e estuda voltar à Câmara dos Deputados em 2026. O ex-tesoureiro Delúbio Soares, outro condenado, também recebeu o aval de Lula para disputar mandato.
“Acho extremamente importante a volta do José Dirceu à direção nacional”, afirmou o presidente, defendendo que o partido “repare erros” do passado.
O tom eleitoral permeou toda a solenidade. O senador Humberto Costa (PE) avaliou que Lula enfrentará “a eleição mais difícil da vida”, atribuindo o desafio à mobilização da direita. Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, atacou a família Bolsonaro, acusando o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de atuar por sanções externas contra autoridades brasileiras. Gleisi classificou a iniciativa como “traição” e voltou a falar em “golpe”, termos recorrentes no discurso petista.
IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada
Edinho Silva assume comando nacional
Ao final dos debates, o ex-ministro Edinho Silva foi confirmado como novo presidente nacional da legenda. Próximo a Lula desde campanhas anteriores, Edinho chefiou a Secretaria de Comunicação Social no segundo mandato de Dilma Rousseff e cuidou das finanças partidárias. A vitória mantém a hegemonia da CNB no Diretório Nacional e reforça a estratégia de alinhar a estrutura partidária ao Palácio do Planalto.
Entre as prioridades da nova direção estão o fortalecimento da militância digital e a ampliação do diálogo com movimentos sociais. A cúpula petista planeja investir em campanhas temáticas nas redes para tentar furar a bolha e conquistar eleitores fora da base tradicional.
Meta: maioria no Senado e bancadas estaduais
Lula quer que o PT saia de 25 para 41 senadores em 2026, atingindo maioria simples na Casa. Para isso, o partido contará com alianças regionais e pretende monitorar de perto a distribuição das emendas parlamentares, recurso que fortalece deputados individualmente.
Segundo o presidente, cada deputado controla aproximadamente R$ 50 milhões em emendas, valor que fomenta acordos locais e amplia a influência pessoal dos parlamentares em relação às direções partidárias. “Um deputado é mais forte que um partido”, reconheceu, reforçando a necessidade de ampliar a representação petista para reduzir dependência do Centrão.
Delegados discutem regimento e posicionamento
Nos três dias de encontro, delegados analisaram mudanças no regimento interno e definiram diretrizes para os próximos quatro anos. Apesar de disputas internas, a maioria manteve apoio à linha política atual. Dirigentes também focaram na chamada “soberania nacional” após o aumento de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O episódio foi usado pela legenda para mobilizar militância e defender maior intervenção estatal no comércio exterior.
O evento encerrou-se sem alterações profundas na orientação do partido, mas com a cobrança explícita de Lula por mais cadeiras no Congresso. Com a meta de superar a marca de 100 deputados e garantir maioria no Senado, o PT inicia a preparação para 2026 ciente de que dependerá, novamente, de articulações com o Centrão se não ampliar sua bancada.
Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS
Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no Geral de Notícias, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!
